Aluno da Ufal recebe nota máxima em doutorado na Universidade de Lisboa

Trabalho duro e orientação foram determinantes no êxito de alagoano, que escolheu a Física como área de estudo


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Frederico Correia cursou a graduação e fez mestrado na Ufal
Frederico Correia cursou a graduação e fez mestrado na Ufal

Jhonathan Pino - jornalista

Frederico Correia Moreira recebeu o título de Distinção e Louvor, após terminar o doutorado em Física pela Universidade de Lisboa. O reconhecimento representa nota máxima dada para os estudantes de pós-graduação no continente europeu. Frederico foi aluno da graduação e do mestrado em Física na Universidade Federal de Alagoas.

Cursou a graduação entre os anos de 2000 e 2005. Em 2006, foi aprovado no mestrado de Física da Matéria Condensada, mas após conhecer o trabalho de um professor visitante, com área de estudo em comum, na instituição lusitana, concorreu e foi selecionado para Programa Alßan da Comissão Europeia, que destina bolsas de estudo de alto nível para estudantes da América Latina. “Lá existia um grupo forte em Física não linear, em óptica, no meu caso. Eu entrei em contato com o professor ucraniano, Vladimir Konotop, que aceitou ser meu orientador”, relatou.

O aluno também alerta que além da iniciativa própria, falar inglês foi essencial para o seu êxito. “O doutorado lá é bem difícil, porque você não recebe apoio algum. O orientador é supervisor; ele não ensina, apenas avalia e indica os erros. Eu acho que é assim em toda a Europa. E mesmo que o professor falasse português, como a maior parte dos integrantes dos programas são estrangeiros, alguns deles russos, comunicávamos em inglês o tempo todo”, lembrou.

Outra medida que o auxiliou na conquista foi o acompanhamento da professora Solange Cavalcante, do Instituto de Física (IF) da Ufal. Ela o incentivou a procurar fazer doutorado fora do País, mesmo tendo que perder o aluno. “Procurar alguém que publique internacionalmente para ser seu orientador é ideal. O importante é expor quem você é e dizer o que está apto a fazer, além de trabalhar duro, porque muitos professores têm receio que os brasileiros façam corpo mole”, alertou Frederico.

Sobre o trabalho

O trabalho intitulado "Optical solitons in inhomogeneous quadratic media" estudou os solitons, ondas localizadas de luz que se propagam, ao contrário da luz comum, sem se dispersar. De acordo com Frederico, os solitons são objeto de grande interesse teórico e prático, por possibilitar a utilização da luz como meio de transformação de informação, a distâncias maiores que o usual.

Essas ondas também têm implicações sobre circuitos fotônicos, análogos de circuitos eletrônicos, que podem vir a operar em velocidades muito maiores. O doutorando foi o primeiro a estudar solitons em sistemas com simetria de paridade-tempo, possuindo linearidade quadrática.

“A tese tratou de solitons em meios localizados, tais como fibras óticas e meios periódicos, também conhecidos como cristais fotônicos. Materiais artificiais que confinam a luz. Mais ainda, a tese se concentrou em meios com ganhos e perdas óticas dispostos de maneira especial, possuindo simetria de paridade-tempo, que possuem características de sistemas conservativos e não-conservativos”, explicou o autor.

Veja um pouco mais sobre o trabalho premiado.