Congresso de Computação aponta oportunidades e entraves para a inovação no País

Atividade reuniu representante do governo federal e docentes empreendedores para discutir TI


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Secretário Virgílio Augusto Fernandes

Jhonathan Pino – jornalista

No terceiro dia do 33º Congresso da Sociedade Brasileira de Computação, o tema em debate foram as Políticas do Ministério da Ciência e Tecnologia para inovação em Ciência da Computação. Na quinta-feira (25), professores e empreendedores de diversas universidades do Brasil puderam questionar as ações tomadas pelo governo federal na área. O 33º CSBC acontece no Centro de Convenções de Maceió, até esta sexta-feira (26).

Os debatedores do painel foram Altigran Soares da Silva, da Universidade Federal do Amazonas; Lisandro Zabenedetti Granville, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Sérgio Cavalcante, diretor de Articulação com Empresas da Sociedade Brasileira de Computação; além de Virgílio Augusto Fernandes, secretário de Política e Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

O secretário abriu o painel falando que o Brasil encontra-se em sétimo lugar no mundo, no ranking de maior consumo e investimento em tecnologias da informação no mundo. Conforme Virgílio, essa situação deve-se a medidas tomadas nas duas últimas décadas, inicialmente com a Lei da Informática, criada em 1991, que teve o objetivo de estimular a produção de equipamentos eletrônicos no país, além das estratégias de investimento na inovação do país nesse início de século.

Em termos estratégicos, o governo brasileiro tem áreas de prioridade e a computação e as tecnologias da informação fazem parte delas. Isso se deve à capacidade que esse setor tem de levar informações à sociedade e promover o seu desenvolvimento”, ressaltou o secretário.

De acordo com Virgílio, o Brasil está inserido em um contexto em que há altos investimentos em tecnologias, capital humano, na busca por soluções tecnológicas e na grande aceitação de sua população por essas ferramentas. “O Brasil está entre os cinco países com maior faturamento entre os setores de tecnologia da informação. Em 2012, foram R$ 123 bilhões na área de Tecnologia da Informação e R$ 110 bilhões em comunicações”, detalhou.

As estratégias tomadas pelo governo abrangem as áreas de hardwares, semicondutores e displays; softwares e ciberinfraestrutura. Virgílio relatou que essas ações estão atraindo empresas do mundo inteiro para o país e promovendo o surgimento de tecnologias “tupiniquins” competitivas na área.

Há um favorecimento fiscal para o desenvolvimento de hardwares no país. Desde a criação da Lei Informática, 20 anos atrás, há facilitação para a fabricação desses equipamentos em território brasileiro. Entre essas facilidades está a redução do IPI [Imposto sobre produtos industrializados], além do estímulo a compra de componentes de empresas situadas dentro do país”, lembrou Virgílio.

As medidas citadas pelo secretário são somadas às normas que obrigam as empresas da área a reverterem parte de suas receitas em investimentos. Quanto aos softwares, o governo brasileiro está direcionando suas ações para a criação de programas nas áreas onde o Brasil já é referência, como extração de minerais, petróleo e sistemas bancários.

Esses incentivos são da ordem de R$ 500 milhões, até 2015, e estão concentrados nas áreas de ecossistemas digitais, start ups, formação de capital humano para TI [Tecnologia da Inovação], atração global R&D e international hubs”, ressaltou Virgílio.

Universidade e empreendedorismo

Os outros palestrantes apontaram as dificuldades de conciliar a vida acadêmica com o desenvolvimento de tecnologias no setor privado. Segundo Lisandro Zabenedetti, Altigran Soares e Sérgio Cavalcante, a burocracia no estabelecimento de contratos entre as universidades e as empresas e os empecilhos no processo de compra de equipamentos essenciais para essas parcerias são alguns dos entraves para o desenvolvimento da área.

Sérgio Cavalcante adicionou que há uma fobia da universidade para com o mercado, constatado pela falta de conexão entre as instituições de ensino e os problemas reais, além dos problemas de aplicação da Lei de Inovação entre os pares. “Há dificuldade de mensuração na participação da universidade quanto à propriedade intelectual dos produtos desenvolvidos em conjunto com as empresas”, destacou. 

Zabenedetti ressaltou a necessidade de financiamentos contínuos, acompanhamento das pesquisas, para a possível correção de rumos na produção das tecnologias, além do alinhamento global entre os programas. “Inovação não é só gerar conhecimento, é fazer com que esse conhecimento tenha alguma aplicação prática”, disse.