Especialistas de várias regiões do Brasil analisam conceito de Cidades Inteligentes

Painel realizado na tarde de quarta-feira (24) foi um dos mais concorridos do Congresso de Computação


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Aldri Luiz dos Santos, do Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná
Aldri Luiz dos Santos, do Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná

Lenilda Luna - jornalista

O tema central da 33ª edição do Congresso da Sociedade Brasileira de Computação é "Cidades Inteligentes: desafios para a computação". Esse foi o assunto de um dos painéis mais concorridos do evento. Na quarta-feira (24) à tarde, o teatro Gustavo Leite estava lotado de pessoas interessadas em saber mais sobre como a computação tem sido aplicada na prática para tornar as cidades mais adequadas às necessidades dos cidadãos, como melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem em grandes centros urbanos, onde os problemas são mesmo desafiadores.

Como colocou a comissão organizadora do Congresso, as novas tecnologias devem impactar na rotina das cidades de forma a torná-las mais humanas e não mais automáticas. "A SBC definiu Os Grandes Desafios Científicos da Computação para a próxima década, com o objetivo de prover diretrizes de pesquisa a longo prazo na solução de problemas de significativa relevância para o Brasil e para o mundo". Nesse propósito, especialistas com experiências diferenciadas sobre Cidades Inteligentes fizeram suas reflexões durante o Seminário sobre Computação na Universidade.

Participaram deste painel: Aldri Luiz dos Santos, do Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná; Eduardo Freire Nakamura, da Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica; Célio Vinicius Neves de Albuquerque, do Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense; e Juliana Salles, da Microsoft Research. O debate foi moderado por  Antônio Alfredo Loureiro. Os palestrantes abordaram, dentro de cada realidade, levando em consideração as questões específicas, como é possível planejar soluções tecnológicas para que as cidades possam ser sustentáveis economicamente, preservando riquezas, como os recursos naturais e a qualidade de vida dos cidadãos.

Aldri Santos propôs reflexões sobre o próprio conceito de Cidades Inteligentes, colocando exemplos mundiais e questionando: para tornar uma cidade inteligente, basta informatizá-la? E no Brasil, qual seria a nossa prioridade? Mobilidade urbana, já que as questões de trânsito e de acessibilidade são uma reclamação geral? Ou seria uma gestão mais eficiente da Saúde Pública? Ou quem sabe a questão de segurança? Será que espalhar câmeras de monitoramento pelas ruas contribui para diminuir os índices de violência? Ou colocar notebooks nas salas de aula vai melhorar a educação? O palestrante fez referência inclusive as manifestações recentes dos jovens em todo o país. "Não temos um padrão Fifa nos serviços públicos, por isso, precisamos contribuir para buscar soluções viáveis para nossas cidades", destacou o pesquisador.

Aldri também ressaltou que a aplicação de projetos inovadores só podem acontecer se forem estabelecidas parcerias. "A aplicação das TICs tem que acontecer de forma integrada, para alcançar uma gestão pública mais eficiente. Além disso, a elaboração das propostas tem de levar em consideração desafios que precisam ser superados, como a nossa dependência de hardwares e dispositivos importados da Ásia. Mas estes problemas são também oportunidades: o desenvolvimento de hardwares e de tecnologia nacional é um campo aberto para os novos pesquisadores explorarem. Além disso, só a necessidade de elaborar projetos já proporcionou uma importante interação entre diversos grupos de pesquisa no Brasil", indicou o palestrante.

Logo após a palestra de Aldri, o pesquisador Eduardo Nakamura começou a exposição dele com relatos bem-humorados sobre como as pessoas se impressionam, por desconhecimento da realidade das regiões Norte e Nordeste, com as demandas para Tecnologias da Informação no Amazonas, onde ele realiza as pesquisas. "Já brincaram comigo, duvidando da ocorrência de congestionamentos no trânsito de Manaus. Mas esse problema não é privilégio da região sudeste. Em Manaus, eu já levei mais de uma hora de carro para fazer o percurso de casa até o trabalho. Mesmo nas cidades mais afastadas do eixo sul-sudeste, hoje temos que enfrentar o desafio de tornar as cidades mais inteligentes", disse Nakamura. 

Para ele, os grandes desafios para a Computação se relacionam ao aspecto humano. "Precisamos humanizar as cidades, e, para isso, é preciso enfrentar os problemas em saúde, segurança e mobilidade urbana", concluiu o pesquisador.