Música e tecnologias na educação infantil são temas discutidos na Semana de Pedagogia
Essas ‘ferramentas’ estão sendo debatidas em oficinas e mesas-redondas previstas na programação do evento
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Lenilda Luna - jornalista
Os participantes da Semana de Pedagogia, que acontece na Universidade Federal de Alagoas, estão tendo a oportunidade de aprofundar vários temas durante o evento. A educação infantil é um dos destaques. Na oficina "Música e Movimento na Educação Infantil”, o pedagogo e doutorando em Educação, Cleriston Izidro dos Anjos, junto com os estudantes John Wayne Ferreira Fortunato, de Ciências Sociais, Vanessa de Menezes Pinto, de Letras, e Laudicéa Vianei Cavalcante Caetano, de Pedagogia, apresentaram experiências de como a música e outras formas de arte podem contribuir com o desenvolvimento psicossocial das crianças.
"As aulas de música na escola não objetivam formar músicos, embora esse talento possa ser despertado na escola. Mas o objetivo é ampliar as experiências sensoriais e oportunizar aos alunos o acesso, mesmo que seja por vídeos ou fotos, às produções artísticas que compõem o acervo cultural no Brasil e no mundo", disse Cleriston ao público da oficina.
Os coordenadores da oficina estavam maquiados e fantasiados, uma forma de demonstrar como um personagem pode ajudar a criança a interagir melhor com o educador, ajudando-a a superar a timidez. Para eles, as crianças confundem realidade e fantasia e dialogam com os personagens como se eles fossem reais e se aproximam dele.
Os coordenadores da oficina ressaltaram que vestir uma fantasia não é uma simples brincadeira; é uma forma de fazer com que esses primeiros anos de vida escolar sejam mais ricos e espontâneos. "A música e a dança são linguagens, ou seja, formas de expressão da criança e por esse motivo, são elementos fundamentais para o desenvolvimento integral das mesmas. A criança, desde o seu nascimento, está mergulhada em contextos sociais que apresentam diversos elementos compostos por sons, formas, cores, texturas, aromas, dentre outros. Neste sentido, a música e a dança também são atividades que estão presentes no cotidiano das crianças mesmo antes de seu ingresso na escola", revelaram Cleriston Izidro e Gicelma de Oliveira em o texto elaborado que foi utilizado na oficina.
Os educadores ressaltaram ainda que a música não deve ser utilizada apenas nas datas comemorativas, para animar o intervalo ou para relaxamento nos momentos de descanso. "Isso é importante, mas a música deve ir além; deve ser pensada como arte e experiência estética e, para isso, exige elaboração e formação profissional", destacou Cleriston.
Durante a oficina também foi discutida a lei 1.1769/2008 que torna obrigatório o ensino da música na educação básica. "Por isso, o ensino de música na escola não pode ser baseado em improvisações e em atividades sem intencionalidade. Os educadores devem ser preparados para desenvolver 'uma escuta sensível' para o mundo e para dentro de si mesmos", concluíram os educadores.
Educação Infantil e Tecnologia da Informação e da Comunicação
A relação das crianças pequenas com as tecnologias da informação e da comunicação foi um dos temas debatidos na Semana de Pedagogia, organizada pelo Centro de Educação (Cedu) da Ufal. A mesa-redonda com essa temática, proposta e coordenada pelo Cleriston Izidro dos Anjos, doutorando em Educação, contou com a participação das professoras Anamélea de Campos Pinto, Deise Juliana Francisco e Elza Maria da Silva. O auditório do Cedu ficou lotado para o debate, já que o assunto desafia professores nas salas de aula. O professor Cleriston Izidro dos Anjos explica que, somente a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a educação infantil passou a fazer parte da educação básica. “Essas discussões são relativamente recentes para área e, por isso, necessitamos de estudos que investiguem a relação que as crianças pequenas estabelecem com os dispositivos tecnológicos. Diante disso, uma das perguntas mais frequentes que ouvimos de professores ou estudantes em cursos de formação é: as tecnologias digitais podem ser usadas com crianças de 2, 3 ou 4 anos de idade, por exemplo?", questionou o professor.
Para Cleriston, outra questão que ainda merece muita reflexão é como o acesso às tecnologias modificou a forma de produzir e compartilhar conhecimento. “A rapidez com que as tecnologias de comunicação invadiram o cotidiano das pessoas causou certa barreira entre as gerações, que se reflete nas relações de ensino-aprendizagem. É comum ouvirmos depoimentos de adultos que mencionam determinadas experiências em que as crianças demonstram muitas habilidades ao usar esses dispositivos, enquanto que os professores nem sempre estão habituados a essas tecnologias", ressaltou o educador, que está investigando essa temática da relação das crianças com as tecnologias no doutorado em educação, sob a orientação do professor Luís Paulo Leopoldo Mercado, atual coordenador da Coordenadoria Institucional de Educação a Distância.
Cleriston Izidro é autor do livro Arte na Educação Infantil, da série Estágios, publicado pela Edufal em parceria com a Editora Vozes.