Ufal discute os efeitos do estresse oxidativo
Pesquisador paulista veio a Maceió participar do evento e explicou as implicações do fenômeno na saúde dos indivíduos
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Myllena Diniz – estudante de Jornalismo
Na última quinta-feira (18), estudantes e professores universitários vivenciaram “Um Dia de Estresse na Ufal”, no auditório do Núcleo de Pesquisa Multidisciplinar, o Severinão. Ao contrário do que o nome sugere, o projeto promoveu troca de conhecimento, interdisciplinaridade e palestras com pesquisadores renomados. O evento abordou assuntos sobre estresse oxidativo e seus efeitos no organismo humano.
As atividades foram promovidas pelos programas de pós-graduação em Química e Biotecnologia, Nutrição e Ciências Sociais, em parceria com a Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio) e do INCT-Bioanalítica. De acordo com a professora Marília Goulart, organizadora do evento, a proposta engloba diferentes assuntos. “Nosso objetivo é levantar várias discussões sobre estresse oxidativo e seus efeitos nos seres humanos. Esse fenômeno está ligado a doenças como câncer, diabetes e artrite”, explicou.
Durante o evento, foram discutidas as temáticas "Estresse oxidativo e Doença de Fígado Gorduroso não Alcoólica", "Estresse Oxidativo e Síndrome Metabólica", "Capacidade Antioxidante: desenvolvimento de métodos e análise em diferentes materiais" e "Uso de microfluídica em análise de ERONs".
Com a palestra “Avanços recentes na bioquímica de radicais livres”, Etelvino Bechara foi a grande atração do evento. Bechara é professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade de São Paulo (USP), pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) e membro da Academia Brasileira de Ciências. O docente desenvolve trabalhos relacionados à bioquímica do oxigênio e explicou os impactos do estresse oxidativo na saúde dos indivíduos.
“O oxigênio serve para manutenção da vida dos indivíduos, mas também provoca efeitos danosos. Ele nos mantém vivos, mas nos envelhece. Esse balanço é o que chamamos de estresse oxidativo. De modo geral, trata-se do desgaste oxidativo do corpo. Isso traz alguns efeitos para os organismos e doenças psiquiátricas, como esquizofrenia e distúrbio bipolar”, enfatizou Bechara.
Além disso, o pesquisador destacou que o gás pode ter implicações em doenças como diabetes, manifestar-se na hemoglobina ou estar relacionado à toxicidade de algumas drogas. Bechara também apresentou pesquisas básicas e sugeriu aplicações dos estudos.
“Já tivemos trabalho encomendado por uma indústria de acabamento de carro, preocupada com a corrosão de carros por meio da impregnação de libélulas. Nossos estudos também contribuíram com trabalhos de terapia fotodinâmica para tratamento de câncer e de outros problemas de pele, como espinha, verruga e micose”, ressaltou o pesquisador.
Bechara também revelou casos de intoxicação que acometem crianças. “Estudos mostram que há chumbo [neurotoxina] em muitas pinturas de parede. A presença desse material oferece risco a crianças de 0 a 5 anos de idade, que podem sofrer intoxicação. A contaminação pode afetar o desenvolvimento cerebral e levar à violência, à agressividade e à delinquência na fase adulta”, explicou.
Durante sua apresentação, Etelvino Bechara fez um balanço histórico sobre estudos relacionados a radicais livres – nomenclatura destinada às espécies químicas que contêm elétrons isolados –, de Lavoisier a Fridovich. Na quarta-feira (17), o pesquisador esteve no Campus Arapiraca, onde ministrou a palestra “Uma nova licenciatura em Ciências”.