Evento nacional discute o trabalho do assistente social
Pesquisas apresentadas no encontro abordam a precarização do trabalho no Serviço Social
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Myllena Diniz – estudante de Jornalismo
Desde quarta-feira (31), a Universidade Federal de Alagoas sedia o 2º Colóquio Nacional sobre o Trabalho do Assistente Social, no auditório do antigo Csau, no Campus A. C. Simões. O evento articula pesquisadores com estudos sobre espaços sócio-ocupacionais e tendências do mercado de trabalho do Serviço Social, sob a perspectiva da reconfiguração das políticas sociais no Brasil. Nesta edição, serão apresentadas 23 pesquisas desenvolvidas em todo o País.
De acordo com a organização do evento, o colóquio tem como objetivo divulgar trabalhos acadêmicos e discutir aspectos controversos da realidade social e das demandas ao assistente social. O projeto é fruto de pesquisa integrada dos programas de pós-graduação em Serviço Social da Ufal, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Os estudos estão ligados ao Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (Procad) e à Rede de Pesquisas sobre o Trabalho do Serviço Social (Retas).
Na abertura do colóquio, estiveram presentes o coordenador de pós-graduação da Ufal, Irinaldo Diniz; a coordenadora da pós-graduação em Serviço Social da instituição, Valéria Correa; a coordenadora nacional de pós-graduação da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (Abeps), Reivan Marinho; e a representante local da pesquisa integrada, Rosa Prédes.
Segundo Rosa, professora da Ufal, Alagoas tem bons resultados em estudos sobre o trabalho do assistente social. “O primeiro colóquio foi realizado aqui, em 2010. Alagoas tem destaque no cenário nacional. Mas, em todo o Brasil cresce o número de pesquisas nessa área. Para este ano, tivemos 56 inscritos do País inteiro e 23 trabalhos selecionados”, destacou.
O interesse pelo assunto é nacional e preocupa, cada vez mais, profissionais do Serviço Social. Raquel Raichelis e Maria Camerita Yazbeck, professoras da PUC-SP, e Yolanda Guerra, da UFRJ, integram a pesquisa realizada em parceria com a Ufal e também participam do evento.
Raquel Raichelis ressaltou a proposta da pesquisa e apontou problemas enfrentados pelos assistentes sociais no mercado de trabalho. “Nosso intuito é fazer análise do trabalho do assistente social, tendo em vista as transformações, as tendências profissionais, as demandas. Nas últimas décadas, vivemos um processo de precarização do trabalho, além da persistência do desemprego. Então, nós discutimos questões relacionadas à jornada de trabalho e ao salário do assistente social. A gente discute a identidade do trabalhador do Serviço Social, que enfrenta as mesmas dificuldades de toda a classe trabalhadora”, explicou.
As pesquisas têm como foco as relações de trabalho existentes na área do Serviço Social. Maria Camerita Yazbeck avaliou as contradições do mercado profissional. “A política descentralizada abriu oportunidades de expansão de trabalho. Hoje, existem muitas políticas sociais. Por outro lado, uma precarização do trabalho. Apesar da vitória das 30h semanais de trabalho, há muitos vínculos instáveis ao invés de concursos públicos. Ou seja, muitos contratos temporários e muita rotatividade”, salientou.
Para Marcela Arruda, aluna do 5º período da graduação, o evento é uma oportunidade para compreender as problemáticas da profissão. “No curso, nós vemos a teoria, pois ainda não estamos atuando no mercado. Então, esse é o momento de ouvir quem já vive, na prática, a realidade do trabalhador do Serviço Social”, relatou.
As atividades do 2º Colóquio Nacional sobre o Trabalho do Assistente Social prosseguem até esta sexta-feira, 2.