Corufal comemora 40 anos com Concerto Popular
Evento será nesta quinta-feira, 26, com entrada franca e contará com participação da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Alagoas
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Diana Monteiro – jornalista
O Coro da Universidade Federal de Alagoas (Corufal) faz este ano 40 anos de existência. Para brindar tão especial aniversário, um Concerto Popular, em parceria com a Orquestra Sinfônica, marcará a comemoração, nesta quinta-feira, 26, a partir das 20h, no Teatro Deodoro. Serão homenageados os regentes Benedito Fonseca, fundador do Corufal; Osvaldo Lupi (in memorian) e a maestrina Maria Augusta Monteiro. O concerto tem entrada franca, é aberto à comunidade em geral e em seu eclético repertório contempla, também, músicas de compositores alagoanos, como Djavan e Eliezer Setton.
Da fundação em 1973 até os dias atuais, foi árduo o trabalho desempenhado por seus condutores para que o Corufal chegasse onde está e se consolidasse como arte prazerosa de se ver e de ser aplaudida de pé. Desde 1998, o Coro da Ufal está sob a responsabilidade de Gustavo Campos de Lima, que fala um pouco de sua experiência durante os 15 anos de regência.
“Recebi do então reitor Rogério Pinheiro o convite para ser regente do coro e para mim, ao tempo que foi uma satisfação, senti também uma responsabilidade muito grande: dar continuidade com a mesma competência dos meus antecessores. Faço um destaque à parceria da Orquestra Sinfônica. Durante esse período, o Corufal realizou 11 concertos natalinos, marcou presença ativa em vários festivais nacionais, regionais e locais. O trabalho é contínuo e prazeroso”, disse Gustavo. Ele anunciou que o próximo Concerto Popular do Corufal está marcado para o dia 19 de dezembro, também no Teatro Deodoro.
O Concerto Popular integra o Projeto Quinta Sinfônica, é uma realização da Pró-reitoria de Extensão (Proex), em parceria com a Secretaria do Estado da Cultura e o Teatro Deodoro, com o apoio da Prefeitura de Maceió. Nesta edição de homenagem ao Corufal, 200 alunos do EJA de escolas municipais vão assistir ao espetáculo.
Árduo trabalho
O fundador e primeiro regente foi Benedito Fonseca que ficou à frente do Coro da Universidade Federal de Alagoas durante 9 anos. Ele relembra, emocionado, um pouco da história do surgimento da tão importante iniciativa da instituição e do empenho de todos para a consolidação de um trabalho contínuo e de muita dedicação.
“Na verdade em 1969 já havia alguns cursos na Ufal com seus respectivos coros. Em 1970, por sugestão do maestro Luiz Neves, foram agregados por mim, em um só. Nos dois anos que se seguiram participamos de eventos nacionais e internacionais realizados em Porto Alegre, vendo crescer e se consolidar o Corufal como arte que é. Em 1973 surgiu oficialmente o Corufal, cujo nome foi sugerido pelo professor Fernando Lôbo, então aluno do curso de Filosofia e também coralista”, disse Benedito Fonseca, que também foi diretor do Espaço Cultural.
O professor Fernando Lôbo reforça e diz que em 1970 expandiu-se em Maceió o Movimento Coral com participação dos cursos de medicina, filosofia, direito, serviço social e história para que fosse feito na Universidade Federal de Alagoas um só coral. “Um momento marcante foi durante o Festival Panamericano de Coros no Rio Grande do Sul, com a intepretação, pelo Corufal, das músicas “Asa Branca”e “Imbalança“ , cujo arranjo foi feito pelo regente Benedito Fonseca, conciliando a música popular brasileira com a de raiz”, frisou Fernando.
Saudade e paixão maior
“Tenho saudade da música. Eu vivia da música, dentro de mim sempre tive um sentimento musical. A música sempre foi minha paixão maior”, assim expressou a maestrina Maria Augusta Monteiro, que sucedeu Benedito Fonseca na regência do Corufal, onde ficou no comando até 1992. Maria Augusta foi a fundadora do conhecido e atuante Coretfal.
Durante o período que esteve à frente do Corufal a preocupação da maestrina era desenvolver a educação musical junto à comunidade alagoana. Um projeto, aprovado pela Fundação Nacional de Arte (Funarte), realizou o grande sonho de Maria Augusta. A tão amada arte foi interiorizada para os municípios de Boca da Mata, Arapiraca, Penedo e Palmeira dos Índios.
“Era um trabalho gostoso de fazer: ensinar a estudar e a ler música, integrando o interior aos projetos da capital”, disse Maria Augusta, que também foi idealizadora do conhecido Encorama (Encontro de Corais de Maceió), onde realizou nove edições. Por motivo de saúde ela se afastou das atividades e se aposentou. Foi sucedida pelo saudoso regente Oswaldo Lupi, de naturalidade argentina.
Parceria musical
A Orquestra Sinfônica da Ufal tem sido a grande parceira do Corufal na divulgação da dupla arte. Fundada em 1981 pelo professor Julião Marques, também primeiro regente e então diretor do Departamento de Pessoal da instituição, além dele apenas integravam a orquestra mais três pessoas: o médico Romeu de Macedo França, o advogado Benedito Lins e o juiz de direito Danilo Gama.
Um acidente vascular cerebral (avc), fez Benedito Lins parar de tocar instrumento violoncelo e deixar a orquestra em 1983. “Éramos poucos e acompanhei o crescimento da orquestra que é hoje uma orquestra sinfônica e sei do quanto foi árduo o trabalho”, diz emocionado.
Julião ficou durante oito anos como regente e relembra das dificuldades, mas também da importância da criação da orquestra. “Das 31 universidades existentes, só duas não tinham movimento sinfônico, que eram a Ufal e a Universidade Federal do Acre e fui convidado pelo então reitor João Azevedo para criar a nossa, e dele recebi todo o apoio”, declara. Acrescenta que músicos de estados vizinhos como Pernambuco, Ceará, Paraíba foram importados e vieram por amor à música. “A implantação do curso de Música da Ufal deu-se em função de formar músicos a serem absorvidos pela própria instituição”, enfatizou Julião, que é doutor em música instrumental pela Universidade Autônoma de Barcelona.
O atual regente Nilton Souza destaca o investimento que a Ufal vem fazendo para o bom funcionamento da orquestra, a exemplo do espaço físico e da compra de instrumentos. A qualificação profissional na área é prioridade e ele cita algumas ações: em 2014 a instituição oferecerá cursos técnicos em percussão, violino e viola e muito em breve concurso para componentes da orquestra, que é a única do Estado, sinfônica, diz Nilton, no comando desde 2002.