Bienal do Livro debate a importância da história dos afrodescendentes no currículo escolar
Foi discutida a Lei 10.639/03 e integrou a programação a apresentação do catálogo “Identidade Cultural Afrocoruripense, pela autora Valdinete Ramalho
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Diana Monteiro – jornalista
Coruripe marcou presença na Bienal nesta quarta-feira, 30, em um momento muito especial: na apresentação do catálogo “Identidade Cultural Afrocoruripense”, elaborado pela professora Valdinete Ramalho, uma das palestrantes da mesa redonda sobre a importância da Lei 10.639/03 criada no país a partir da pressão do movimento negro e de grupos sociais organizados. A lei rege a história dos afro descendentes como integrante do projeto pedagógicos das escolas. Alunos de escolas de Coruripe também prestigiaram a apresentação do catálogo e participaram do debate.
Lançado este ano, o catálogo “Identidade Cultural Afrocoruripense foi premiado pela Funarte, integrou o microprojeto Baixo São Francisco e teve como consultora científica a professora Sandra Nunes, da Universidade Federal de Alagoas.
O catálogo enfoca a história viva do município contemplando: religiosidade; artesanato; tradições e cultura afro coruripense; a cultura dos folguedos; gastronomia; oficinas de adereços afros e de danças; e confecção de Berimbau e de vestuários. “Na minha cidade faltava a história do meu povo”, disse Valdinete Ramalho, cujo tataravô foi escravo.
Lei 10.639/03
A expositora da mesa redonda Clara Suassuna, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro brasileiros (Neab) da Ufal, ao falar sobre a Lei 10.639/03 disse que a história dos afrodescendentes como integrante do projeto pedagógico nas escolas tem avançado mais na rede pública de ensino, assim como nas universidades , sendo ponto de discussão dos cursos de licenciaturas.
Clara Suassuna destacou a importância da África para a humanidade e do quanto é desvalorizada, enquanto civilização, por ainda persistir o preconceito: “a história da humanidade é contada a partir da Europa, mas os primeiros seres humanos surgiram no continente africano. Os africanos foram grandes construtores e no século XV quando houve a invasão holandesa no continente africano já existiam cidades urbanizadas”, disse Clara Suassuna.
Referindo-se ao Brasil, a coordenadora do Neab destacou o tripé: retratação, reconhecimento e valorização. “A retratação pelo maltrato que causamos à população africana. É preciso efetuar o perdão e reconhecer o racismo velado aos afrodescendentes. A valorização é um mecanismo necessário para que haja a mudança da mentalidade”, enfatizou Clara Suassuna.
Os artistas paulistas Débora e Júlio D Zambé integraram a programação cultural do debate levando o público a cantarolar refrão de músicas africanas , intercalando a apresentação com contação de história sobre a África.