Paulo Teixeira fala sobre os 40 anos do Hospital Universitário

A Ascom-Ufal entrevistou o médico Paulo Teixeira, diretor do Hospital Universitário, para saber mais sobre a contribuição social da instituição. Confira abaixo:


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Paulo Teixeira comemora os 40 anos do HU

Lenilda Luna - jornalista 

São 40 anos de prestação de serviços à sociedade alagoana, cumprindo a missão de formar médicos em várias especialidades, com o compromisso de exercer a medicina em prol da comunidade mais carente.

Nessas quatro décadas, o Hospital Universitário viveu momentos marcantes. Por exemplo, na década de 70, atracou no porto de Maceió o navio Hope, que trazia médicos da marinha norte-americana. A equipe médica do navio deu uma importante contribuição na qualificação dos profissionais de saúde em Alagoas. Foi um intercâmbio de conhecimentos que ficou para a história.

Hoje, o Hospital Universitário é referência em várias especialidades. Para comemorar as quatro décadas de existência, será realizada uma jornada científica nos dias  6 e 7 de novembro, no Hotel Maceió Atlantic.  

A Ascom-Ufal entrevistou o médico Paulo Teixeira, diretor do Hospital Universitário, para saber mais sobre a contribuição social da instituição. Confira abaixo:

Ascom - Nesses 40 anos, que fatos o sr. destacaria sobre essa história tão importante para a sociedade alagoana? 

Diretor - O Hospital Universitário é um grande hospital formador de novos profissionais. Mas os fatos que mais marcaram, inicialmente, foi a vinda do hospital escola da marinha americana, o navio Hope, que a partir de 1970 foi um divisor de águas. Ele trouxe uma tecnologia de ponta para a medicina alagoana e especialmente para dentro da Universidade Federal de Alagoas. Então, um dos grandes marcos para o Hospital Universitário, foi a vinda do navio Hope, para fazer uma medicina de altíssimo nível, juntamente com os médicos alagoanos e os médicos da Universidade Federal de Alagoas. Um segundo grande momento para o Hospital Universitário, por ser um hospital-escola, foi o ano em que iniciou as residências médicas, e aí, além de formar novos profissionais, passou a qualificá-los. Então, esses são os dois grandes marcos do hospital universitário. E mais recentemente, outro grande marco do Hospital Universitário é a renovação do parque tecnológico. O Reufi, que é um programa do governo federal, possibilitou ao HU renovar toda a sua estrutura tecnológica. São esses os três grandes momentos do Hospital Universitário. 

Ascom - Quem deseja conhecer mais detalhes dessa história, tem hoje o Memorial do HU... 

Diretor - Perfeito. Nós o inauguramos, há dois anos, com o objetivo de resgatar a memória deste grande hospital. Nós convidamos profissionais da universidade e colocamos a coordenação na pessoa da professora Leda Almeida. Ela fez um trabalho extraordinário, de garimpagem da história, dos equipamentos, do período do Hope por aqui, e assim montamos o memorial, que tem hoje uma função social extraordinária . Nós elaboramos um projeto, o "Memorial vai à escola", e mensalmente levamos o convite às escolas públicas que circundam o hospital universitário e ali nós fazemos palestras cidadãs, com crianças e adolescentes, e mostramos toda a importância da saúde pública feita nesse hospital para a sociedade alagoana. 

Ascom - E hoje, qual a importância desse hospital para a sociedade alagoana? 

Diretor - O hospital Universitário é fundamental para a sociedade alagoana, por ser um hospital-escola, 100% público, 100% SUS, que não visa lucro. Trabalha com altíssima complexidade. Tem nos seus quadros o que há de melhor na medicina alagoana, na enfermagem alagoana e nas outras especialidades que trabalham de forma muito próxima da medicina. Forma profissionais para o Estado todo e para o Brasil, em diversas áreas. Hoje o hospital universitário se transformou num campo de aprendizado prático para a Educação Física, para a Psicologia, para a Fisioterapia, para a Nutrição. Já era para a Medicina e para a Enfermagem. Então o Hospital universitário tem aqui mais de 9 cursos, onde, diariamente circulam pelos corredores do hospital nada menos que 800 alunos da universidade. Fora isso, o hospital tem um atendimento ao público alagoano em torno de 10 mil consultas mês, realiza em torno de 15 a 25 cirurgias por dia. Apesar de toda a problemática de pessoal, o hospital universitário tem dado resultados positivos a esse Estado, de forma muito crescente, de forma muito efetiva, todos os dias. 

Ascom - O sr. falou da assistência e também já falou da formação de profissionais. Esses profissionais formados aqui tem esse perfil importante de compromisso com a população de baixa renda? 

Diretor - Essa é a primeira missão do HU, formá-los e conscientizá-los, de que precisamos, como missão mais nobre de um cidadão, servir ao público. E eles saem daqui conscientes de que é preciso aprender muito, se qualificar, mas nunca abandonar a necessidade de servir ao outro. E por aí se consolida a importância desse grande hospital, de ter a filosofia de servir ao cidadão comum e, principalmente, ao cidadão mais carente. 

Ascom - Qual é hoje o modelo de gerência adotado no Hospital Universitário? 

Diretor - Eu já estou no segundo mandato. O mandato é por eleição, você apresenta a sua proposta de trabalho e aí é votado de forma muito democrática. É uma eleição que se disputa muito fortemente. Desde que fui eleito, nós adotamos o modelo participativo. Então, não se faz nada de maneira nenhuma neste hospital, sem convidar toda a área técnica, o coordenador e representantes de cada setor. Por isso esse hospital cresceu, com a metodologia da gestão participativa. Esse foi o tema da minha dissertação de Mestrado, gestão participativa como elemento de mudança de um hospital universitário. 

Ascom - E hoje, quais são as principais áreas de referência do Hospital Universitário? 

Diretor - O Hospital Universitário tem uma carência imensa de pessoal. Se o Governo tem atendado para nos colocar o pessoal que nós precisávamos há alguns anos, nós poderíamos estar dando uma resposta muito melhor. No entanto, com toda carência, nós hoje somos referência para neurocirurgia, para cirurgia bariátrica, para o programa de combate ao tabagismo, para o programa de combate ao câncer de colo uterino, para o programa de combate ao câncer de mama. Temos o Cacon, nosso Centro de Alta Complexidade em Oncologia. Temos o nosso banco de olhos. Hoje nós somos a maior referência de transplante de córneas do Estado todo. Reduzimos a espera na fila de transplante de dois anos para três meses. Com a contratação de mais 8 oftalmologistas, essa espera não será mais de três meses e sim de uma semana, a depender da doação. Então, talvez estejamos bem avançados em nível de Brasil nessa área. E tantas outras áreas em que nós somos referência: na residência médica de cirurgia, na residência médica de dermatologia, de oftalmologia. São referências hoje conhecidas e respeitadas no nordeste inteiro. 

Ascom - E pra finalizar, doutor, são quatro décadas de serviço ao povo alagoano, qual a programação para comemorar? 

Diretor - Para comemorar a passagem dos 40 anos do Hospital Universitário, nós programamos uma jornada científica, nos dias 6 e 7 de novembro, no Hotel Maceió Atlantic.   Estamos convidando as autoridades do município e do Estado, todos os chefes de serviço do Hospital Universitário e todos os colegas de trabalho que foram responsáveis pela construção desse grande hospital nesses 40 anos. Vamos homenageá-los também. Nessa programação, também  vamos relançar nossa revista científica, para fazer frente a um dado muito importante que criamos aqui nesse hospital, durante a nossa gestão, que foi o centro de apoio à pesquisa e ao ensino, dentro do HU. 

Ascom - Parabéns pelo trabalho de toda a equipe. O sr gostaria de complementar alguma informação? 

Diretor - Eu gostaria de agradecer à todos os colegas de trabalho, que estão aqui há muito tempo e aos recentes contratados. Minha gratidão também aos reitores. Foram eles que durante o nosso período de gestão nos apoiaram intensamente e nos promovem condição de cada dia crescer mais. Então, meu muito obrigado a todo o corpo técnico da universidade, principalmente aos pró-reitores e aos reitores Eurico Lôbo e à reitora honorária Ana Dayse Dorea, e a todos os colegas e chefes de serviço aqui do HU. A minha intensa gratidão! 

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