Solange Medina fala de como a arte pode ensinar a compartilhar conhecimentos no mundo acadêmico
A educadora proferiu palestra durante o 1º Encontro de Formação sobre Inovações Metodológicas Ativas no Ensino Superior
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Lenilda Luna - jornalista
Ter um amplo conhecimento sobre determinada área de estudo nem sempre é garantia de saber compartilhá-lo. Alunos e professores sabem bem como essa relação de ensino aprendizagem pode ser difícil nas universidades, onde alguns professores podem acumular um currículo extenso, mas não conseguem ministrar uma aula atrativa, que desperte a atenção de quem busca aprender.
Para debater questões como essa, a Ufal, por meio das Pró-reitorias de Graduação (Prograd) e de Gestão de Pessoas e do Trabalho (Progep), realizou, nesta quinta-feira, 21, o 1º Encontro de Formação sobre Inovações Metodológicas Ativas no Ensino Superior. Diretores das unidades acadêmicas, coordenadores de curso e docentes acompanharam, pela manhã, a palestra proferida por Solange Medina Ketzer, da PUC/RS.
A palestrante buscou interagir com o público, demonstrando na prática que é preciso levar os espectadores a fazer as suas próprias conexões, relacionando o que está sendo dito com a bagagem de conhecimento que cada um traz. "O cérebro possui uma estrutura metafórica, ou seja, de desvio. Ninguém aprende da mesma maneira", relatou a pesquisadora. Desta forma, ela ressaltou um dos objetivos do encontro, buscar uma construção ativa do conhecimento.
Solange Medina destacou a importância da arte, para nos ajudar a vencer os desafios profissionais do século XXI. "A arte é metafórica, por isso ela nos ajuda a ativar as redes neurais. É preciso descobrir essa linguagem também na academia, porque uma aula monótona não mobiliza os alunos a fazerem suas próprias conexões", disse a doutora em Educação, com experiência na área de Letras, e ênfase em Literatura Brasileira.
A professora disse que não é fácil, para quem teve uma formação tradicional, entender essa pressão atual por inovação. "O profissional do passado era preparado justamente para o contrário: executar tarefas repetitivas, de forma segura, com constância dos resultados. Agora somos instados a lidar com novas competência, ambientes virtuais, adaptar-se a uma era da informação, onde as tecnologias mudam completamente em cinco anos", ponderou a pesquisadora.
Além disso, Solange refletiu sobre como os professores hoje lidam com a possibilidade de serem desafiados por seus alunos. "Foi-se o tempo em que o professor estava numa redoma de cristal e ninguém tinha acesso ao material produzido por ele", lembrou a educadora. Diante dessa realidade, Solange ressaltou a importância de ser capaz de desenvolver as relações interpessoais. "Inteligente, hoje, é quem sabe se relacionar bem consigo mesmo e com os outros", ponderou ela.
E no que a arte pode ajudar nesse desafio? Segundo Solange Medina, a arte nos ensina a pensar diferente, libertar-se dos padrões, desautomatizar-se, romper e ampliar horizontes, fazer uso da fantasia, projetar sonhos. Ela apresentou vários quadrinhos do Quino, com a personagem Mafalda, para mostrar como a arte nos ajuda a dizer mais, com menos palavras. "O professor do século XXI precisa ser um bom contador de histórias, e prender a atenção dos seus alunos com narrativas atrativas e bem direcionadas", concluiu a educadora.