Museu Théo Brandão recebe exposição fotográfica de Francisco Oiticica


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Jacqueline Batista - jornalista

A dualidade entre a natureza e cultura, elementos ancestrais e contemporâneos, os desafios desse encontro/desencontro. Uma narrativa visual que desperta discussões atuais. Mais do que nunca, a temática da mobilidade urbana e da questão do lixo estão na pauta mundial das questões sociais e políticas. Em um viés antropológico, esses temas são abordados na exposição “Real Alagoas”. A mostra, composta por fotografias e instalações de Francisco Oiticica, será aberta nesta sexta-feira, 13, às 19h, no Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore (MTB).

Oiticica – que já teve seu trabalho exposto no Salão de Pernambuco (Recife), no Maison des Langues et Lettres (França), no Solar Grandjean de Montigny (PUC/Rio de Janeiro), entre outros – explica que “o fio da meada é a relação natureza e cultura, vista sob as vicissitudes, dificuldades e desafios desse encontro. O real surge como enfrentamento dos fatos, como resultado do entrechoque e da complementaridade entre natureza e cultura”, ressaltou.

Assim como a mobilidade, o lixo também é objeto de estudo da Antropologia Urbana. O estigma sobre aquilo que não serve mais, o tabu, sua significação, sua dimensão cultural, seu caráter simbólico são algumas das questões provocadas pela exposição. As instalações compõem parte significativa da mostra e abordam os medos, a perplexidade, os mitos do ser humano.

Além da exposição, estão incluídas outras atividades na programação da noite. Antes da abertura da mostra, às 17 h, haverá o debate “Antropologia e Artes Visuais”, com a participação do expositor, da professora do Cesmac, Carol Gusmão e da professora da Ufal, Fernanda Rechenberg. Depois de inaugurada a exposição, vai acontecer a apresentação da Chegança Silva Jardim e da banda de rock Dof Láfá.

Em 2009, Oiticica realizou uma mostra fotográfica no MTB, mas desta vez, seu trabalho reserva uma peculiaridade: algumas das imagens capturadas foram feitas de dentro do carro, pela câmara do celular do expositor. O fotógrafo afirma que esse recurso foi utilizado porque “tanto facilitava sua realização quanto combinava com o assunto (mobilidade urbana), o motivo (carros, muros e calçadas), o automatismo e o movimento”.

Oiticica explica que a mostra surgiu a partir de um ensaio que dá nome à exposição “Real Alagoas”. A relação com a Antropologia aconteceu com o “objetivo de sair do enfoque estético da arte, para o que a Antropologia muito colabora ao levantar discussões sobre a sua constituição, vendo a produção material como uma necessidade de ressignificação humana do mundo”, salientou. A exposição, que é a última do ano no Museu, fica em cartaz até o dia 22 de fevereiro, no horário de funcionamento do MTB. A programação é gratuita.