Pesquisadores resgatam árvore de 7 metros de altura

Palmeira de ouricuri de grande porte foi replantada no Arboretum da Ufal


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A palmeira tem altura, aproximada, de um poste
A palmeira tem altura, aproximada, de um poste

Myllena Diniz – estudante de Jornalismo

O crescimento considerável da construção civil em Maceió está associado à substituição de espaços verdes por edifícios de grande porte. Em muitos casos, árvores são arrancadas e queimadas para darem lugar ao concreto. Na última semana de novembro, um fato curioso aconteceu na capital alagoana e demonstrou que é possível garantir a sobrevivência de árvores que estão no “meio do caminho” das obras.

O cenário não foi muito diferente do que a população alagoana já está acostumada a ver: caçambas, retroescavadeiras e uma equipe de trabalho em frente a uma obra no bairro da Ponta Verde, na parte baixa de Maceió. Mas o motivo da ação era incomum: o resgate de uma palmeira de ouricuri de 7 metros de altura. O procedimento deveria garantir a sobrevivência da árvore, para que ela fosse replantada no Arboretum da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), no Campus A. C. Simões.

Segundo a professora Flávia Moura, coordenadora do Arboretum, a iniciativa tem relevância em diversos segmentos. “No início do ano a professora Iracilda Lima nos falou sobre uma construção onde havia um belo exemplar da palmeira. Então, entramos em contato com a construtora e firmamos um acordo de que, caso fosse necessária a supressão da árvore, ela seria removida daquele local e replantada no campus. A palmeira é muito procurada por pequenos mamíferos, aves e répteis”, explicou.

A ação humana tem modificado o cenário ecológico da região, por meio de atividades extrativistas, queimadas ou supressões frequentes, como no caso das construções. Flávia Moura ressaltou um dos papéis da recuperação da árvore no meio ambiente. “A palmeira é o principal alimento da arara azul, por exemplo, e pode ajudar na recuperação da espécie”, pontuou.

Resgate

Para fazer o transporte da árvore de uma tonelada, estrutura adequada e profissionais especializados foram essenciais. Todo o processo foi acompanhado de perto por alunos das Ciências Biológicas, que tiveram a oportunidade de participar de cada etapa do resgate da palmeira de ouricuri, desde a remoção do local de origem até o replantio e os cuidados posteriores noArboretum.

“Mostramos que é possível fazer esse trabalho e que, com a boa vontade das construtoras, muitas árvores podem ser resgatadas. Os alunos tiveram conhecimento sobre o processo de preservação de raiz, licença da prefeitura, remoção, replantio e todos os outros cuidados”, enfatizou Flávia Moura.

Riscos

Apesar dos esforços e do engajamento de todos os envolvidos na ação, há riscos de a árvore não sobreviver. “As espécies de palmeira têm sistema radicular que permite bom manuseio, porque não têm raiz principal. Elas possuem raízes secundárias e, por isso, são fáceis de serem removidas e replantadas. Ainda assim, nós precisamos preservar o sistema radicular. Então, conservamos 1,5m do sistema, mas ele é muito grande e houve uma lesão. Além disso, estamos no verão, fato que dificulta o processo”, ressaltou Flávia.

De acordo com a docente, a melhor época para o replantio da árvore seria o inverno. Como a ação aconteceu em período oposto, outras medidas foram tomadas pelos pesquisadores. “Temos um desafio pela frente! Então, já reduzimos as folhas da palmeira, para facilitar a sua recuperação. Com mais folhas, a árvore teria maior transpiração e necessitaria de mais água. Outro passo importante é regar todos os dias, de modo adequado, a palmeira”, destacou.

Arboretum

Instalado numa área de cinco hectares, o Arboretum está situado no Campus A. C. Simões, em Maceió. O local produz, anualmente, cerca de 40 mil mudas e dispõe de três viveiros, cujas sementes para obtenção das mudas são coletadas por pequenos agricultores de municípios alagoanos. No espaço, são realizadas pesquisas e atividades de extensão consolidadas no Estado de Alagoas.