Pesquisa busca identificar melhor método de gerenciamento de produção de leite em Alagoas

A pecuária leiteira é a segunda atividade rural com maior geração de empregos e renda no Estado


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Alexis, de camisa listrada, ao lado de um produtor de leite
Alexis, de camisa listrada, ao lado de um produtor de leite

Lenilda Luna - jornalista

Segundo o mestre em Zootecnia pela Universidade Federal de Alagoas, Alexis Wanderley de Oliveira, a recente conquista de status de zona de risco médio de ocorrência de Febre Aftosa, no Estado, repercute positivamente nesta atividade produtiva, uma vez que, com a possibilidade de vender o produto para Pernambuco, onde existe maior mercado, tanto de leite quanto de animais, a tendência é aumentar os investimentos na pecuária leiteira. O pesquisador concluiu a dissertação de mestrado em Zootecnia, no Centro de Ciências Agrárias na Ufal, ano passado. Com a orientação do professor Daniel de Noronha, ele avaliou doze empresas produtoras de leite, com produção média diária entre 98 e 301 litros, para identificar como melhorar a rentabilidade e produtividade do setor.

Em sua pesquisa, o zootecnista destaca a importância econômica do setor produtivo. "Em Alagoas, a pecuária leiteira é a segunda atividade rural com maior geração de empregos e renda, perdendo apenas para a indústria canavieira", relata Alexis Wanderley. Ele ressalta ainda a importância social para os municípios produtores, já que o setor contribui para a permanência do homem no campo. "O setor leiteiro de Alagoas emprega direta e indiretamente cerca de 200 mil pessoas", ressaltou o pesquisador.

A proposta do mestre em Zootecnia foi avaliar indicadores, como capital investido e taxa de retorno, para que os produtores pudessem ter algumas ideias de como melhorar a produção. Essas orientações são necessárias porque, segundo o pesquisador, muitos destes produtores entram no ramo para continuar uma atividade familiar, mas sem conhecimento específico de gerenciamento do negócio. "Os indicadores avaliados na pesquisa podem ser aplicados para identificar os melhores processos de produção, bem como o perfil gerencial dos empresários, permitindo a utilização mais eficaz desta ferramenta", explicou.

A pecuária leiteira é uma atividade encontrada em pequenas e médias propriedades rurais de Alagoas, com uma grande participação da mão de obra familiar, e por isso mesmo, nem sempre os produtores estão munidos de todas as informações necessárias para tornar o negócio competitivo. "Pesquisas sobre métodos que auxiliem o gerenciamento das empresas são essenciais para melhorar a qualidade das decisões operacionais, táticas e estratégicas e aumentar a rentabilidade dos empreendimentos", detalhou Alexis na pesquisa.

A produção animal é bastante complexa, são muitos os fatores que influenciam na produtividade, como as questões biológicas, o clima, os aspectos culturais e sociais. Em Alagoas, por exemplo, depois da abertura de barreiras sanitárias, com a conquista de status de risco médio para aftosa, os produtores se animaram bastante, mas agora enfrentam outro problema, a estiagem prolongada que afeta a alimentação do gado leiteiro e diminui drasticamente a produção.

Segundo a pesquisa, é importante que o produtor tenha dados sobre todos os aspectos produtivos, para tomar as decisões corretas em cada situação. "É importante a caracterização técnica do sistema de produção, identificando as estruturas e os componentes próprios, iniciando um processo que possa melhorar e promover a pecuária, estudando as unidades de produção", ponderou o pesquisador.

As doze empresas avaliadas por Alexis Wanderley durante a pesquisa são consideradas de baixa produção, empresas familiares localizadas nos municípios de Canapi, Coruripe, Craíbas, Inhapi, Major Isidoro, Monteirópolis, Olho D'água das Flores, Palmeira dos índios, Penedo, Quebrângulo e Santana do Ipanema. São cidades com condições climáticas diversas, onde a produção leiteira enfrenta desafios diferentes, no clima árido do sertão, ou se beneficia com a proximidade do Rio São Francisco. "Em média, em Alagoas, é necessário 1.373 reais em capital empatado para produzir um litro de leite por dia. Isso demonstra a necessidade de aumentar a escala de produção para diluir o custo fixo, considerando que o capital investido por litro reduz com o aumento da produtividade", indicou a pesquisa.

Depois de concluir o mestrado, Alexis Wanderley continua as pesquisas e também está prestando consultoria aos pequenos e médios produtores de leite. "Gostei tanto da área que hoje continuo nela e sou apaixonado pela atividade leiteira. Atualmente trabalho para empresa Pecuária Intensiva que presta o serviço de assistência técnica para os produtores do Programa Alagoas + Leite", Informou o pesquisador. "Para mim, é um prazer ter realizado esta pesquisa e saber que ela irá contribuir para os produtores de leite do Estado de Alagoas", concluiu Alexis Wanderley.

Para saber mais sobre a pesquisa, leia a dissertação em anexo