Placa de simulador de direção produzida no Campus Arapiraca é utilizada em vários países

Denominada de USB Stargate, placa eletrônica desenvolvida pelo professor Pablo Viana possibilita maior interatividade em projetos de simulação de direção e proporciona o desenvolvimento de novos produtos de inovação tecnológica


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Professor Pablo Viana explica função da placa eletrônica

Diana Monteiro – jornalista  

Um produto resultante de projeto de pesquisa em inovação tecnológica no Campus Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas tem atravessado as fronteiras brasileiras, tornando-se conhecido em vários países da Europa, nos Estados Unidos e na Ásia, e também despertou o interesse do Japão, país conhecido pelo desenvolvimento de alta tecnologia. Os simuladores baseados na plataforma USB Stargate vêm sendo adquiridos para incrementar o desenvolvimento de produtos nessa área a partir da matéria prima alagoana, que é a placa eletrônica controladora.
  
O estudo foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) durante três anos, de 2009 a 2012. Integrou o Projeto “Um dispositivo de hardware de código aberto baseado em microcontrolador com interface USB para aplicações interativas”, coordenado pelo professor Pablo Viana,  então docente do curso de Ciência de Computação do Campus Arapiraca.  

O pesquisador destaca que, motivado para colocar em prática a experiência e conhecimento da computação dentro da realidade local, desenvolveu o estudo científico na área de inovação tecnológica. Desde o início, o projeto teve como objetivo criar um produto que facilitasse a ligação de dispositivos e sensores a um computador pessoal para facilitar a interatividade de projetos de simulação, tanto na indústria automotiva, de aviação e marítima, como também para propósitos de entretenimento ou educacionais.  

Conhecido por seu produto final como USB Stargate, o resultado do estudo foi aceito para apresentação, em março deste ano, na França, no University Booth do DATE 2013, considerado o maior evento da Europa na área de automação de projetos eletrônicos. Lá estiveram reunidos pesquisadores de universidades, usuários, projetistas e empresários.  

Na Europa, a placa eletrônica e seus derivados já foram adquiridos em diversos países, como França, Alemanha, Bélgica, Itália, Dinamarca, Portugal, como também na Rússia. Na América Latina, a Argentina. Em estados do Sul e Sudeste do Brasil, o produto foi adquirido por algumas empresas, a exemplo da Simbra Simuladores do Brasil (simuladores de direção de caminhão) e as empresas Mectron, do grupo Odebrecht, e Bravio (Brasil Avionics), ambas produtoras de equipamentos eletrônicos utilizados na aviação.

A aquisição das placas USB Stargate nos Estados Unidos ocorreu no âmbito do projeto de cooperação internacional, com a doação de duas placas do produto para a Universidade da Califórnia, em Riverside, e para a Universidade da Florida, quando da visita do professor Pablo Viana às citadas instituições americanas. Ele destaca que o diferencial desta placa controladora é porque ela permite expandir os limites de interação de um computador muito além de um teclado e de um mouse. Também possibilita equipamentos eletrônicos externos interagindo com o PC.  

“A placa é um produto de base tecnológica que proporciona o desenvolvimento de novos produtos e um deles, por exemplo,  é o piloto automático (MCP - Mode Control Panel) para voo simulado utilizado em ambientes de treinamento (aeroclubes). Propicia também,  a construção do simulador em autoescolas, que passa a ser uma exigência como parte da formação de futuros condutores”, frisou o pesquisador, doutor em Engenharia da Computação, atualmente integrando o corpo docente da Faculdade de Economia Administração e Contabilidade (Feac). Pablo Viana faz orientação de projetos na área de inovação tecnológica e de iniciação científica no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Pesquisa (Pibip).

Estudo científico e qualificação  

Desenvolvida no Laboratório de Hardware do Laboratório de Computação Científica e Visualização (LCCV), ligado ao curso de Ciência da Computação do Campus Arapiraca, a pesquisa contempla também a área de ensino. A plataforma de experiência era utilizada como aula prática das disciplinas Eletrônica e Sistemas Digitais, ministradas pelo professor Pablo Viana, e as placas eram feitas artesanalmente pelos próprios alunos com material adquirido no comércio local.

Participaram do estudo científico como bolsistas do CNPq e Petrobrás, os alunos Lucas Torquato e Dário Soares, ambos atualmente no mestrado em Engenharia da Computação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Segundo o professor Pablo Viana, o objetivo dos futuros mestres é a carreira docente, se possível na Universidade Federal de Alagoas, e mais qualificação para as pesquisas na área de inovação tecnológica. Lucas é natural de Palmeira dos Índios e Dário, do Município Feira Grande.  

Empreendedorismo
  
De acordo com Pablo Viana, a pesquisa realizada no Campus Arapiraca motivou o estudo “Ambiente experimental de viabilidade de mercado para projetos de inovação tecnológica”, em andamento sob a sua orientação, com a participação do aluno Raiann Dias, estudante de Ciências Econômicas da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac), no Campus A.C. Simões. A pesquisa caracteriza a integração da ciência da computação com as ciências sociais aplicadas.  

“Esse novo projeto, a ser concluído em novembro deste ano, vem fazendo uma avaliação mercadológica do produto USB Stargate, chamado de pré-incubação na qual a viabilidade econômica e a gestão da inovação preparam a unidade de negócios para o mercado. É uma das etapas para o empreendedorismo, pois o objetivo é dar maturidade ao negócio para posterior formalização”, destacou o pesquisador.  

Sobre a Proteção Intelectual do produto, Pablo Viana diz que o USB Stargate é um hardware de código aberto, ou seja, qualquer pessoa pode ter acesso a detalhes do projeto. “Optou-se por não patenteá-lo, embora o produto represente a propriedade intelectual produzida na Universidade Federal de Alagoas”, concluiu o pesquisador.