Ufal desenvolve estudo inédito no país sobre mobilidade sustentável de turistas durante a Copa do Mundo
O estudo se dará no Polo Turístico Costa dos Corais, em Alagoas, pela pesquisadora Acácia Malhado com etapa intermediária durante a realização da Copa das Confederações
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Diana Monteiro - jornalista
O vai e vem de turistas em qualquer nação sede de Copa do Mundo é uma realidade comum. Imagine no Brasil, conhecido como “País do futebol” ou “Pátria de chuteiras”. É grande a expectativa do torcedor brasileiro para 2014 porque, após mais de seis décadas, o país volta a sediar o evento. No entanto, a próxima Copa terá um diferencial no campo da ciência e a Universidade Federal de Alagoas será destaque no cenário nacional nas áreas de Geografia Humana e Turismo, agregando mobilidade e desenvolvimento sustentável.
Dentro do Programa de Pós-graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo da Ufal, a pesquisadora Acácia Malhado desenvolverá, durante a Copa, uma pesquisa inédita no país. Ela está no pós-doutorado e fará um estudo de caso sobre a mobilidade sustentável de turistas no Polo Costa dos Corais, em Alagoas.
Graduada em Turismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora-MG e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Acácia fez o doutorado na Alemanha enfocando a mesma temática. Na época, o trabalho de campo se deu durante a Copa do Mundo na África do Sul, em 2010.
Na Ufal, o estudo científico tem como tema “Transportando Turismo para a Sustentabilidade - Análise da percepção, atitude e comportamento dos turistas e residentes para fomentar políticas públicas sustentáveis para a mobilidade na Copa do Mundo de 2014”. Serão alvo da pesquisa os municípios de Maceió, Paripueira, Barra de Santo Antônio, Passo de Camaragibe, São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras, Japaratinga e Maragogi.
“O objetivo da pesquisa é oferecer diretrizes e soluções, principalmente para a formulação e aperfeiçoamento de políticas públicas voltadas ao gerenciamento da mobilidade e sustentabilidade de turistas brasileiros e estrangeiros que virão ao mundial”, afirmou Acácia Malhado.
O orientador do pós-doutorado de Acácia é o professor Lindemberg Medeiros de Araújo, do Instituto de Geografia e Meio Ambiente (Igdema) da Ufal. A pesquisa também envolverá alunos da graduação, que terão oportunidade de participar de uma experiência inédita para aperfeiçoamento e conhecimento sobre a condução de estudos em Geografia Humana e Turismo.
“O Polo Costa dos Corais, além da vizinhança com o Estado de Pernambuco, cuja capital Recife será uma das cidades-sede da Copa, tem também características semelhantes às de dezenas de lugares turísticos ao longo da zona costeira nordestina. Além do mais, Maceió será uma área de treinamento e de circulação de turistas (brasileiros e estrangeiros), havendo também a proximidade geográfica com as demais cidades-sede que são Fortaleza, Natal e Salvador”, disse Acácia Malhado, ao justificar a importância do trabalho para o desenvolvimento regional.
Benefícios do turismo
De acordo com a pesquisadora, o Turismo é uma das principais atividades socioeconômicas do Nordeste e, além do turismo de lazer, o turismo de eventos vem ocupando espaço na região. “O turismo, tanto de eventos como de outras modalidades, tem um grande impacto na economia local, regional e nacional. No entanto, cada vez mais, vem sendo obrigado a respeitar determinados critérios ambientais”, frisou.
O turismo de eventos gera concentrações elevadas de tráfego no espaço e no tempo, que intensificam os problemas já existentes na maioria das cidades brasileiras. Para Acácia, isso inviabiliza alcançar o desenvolvimento sustentável do turismo, impedido pelo alto uso do transporte privado (pelo turista), e pelas emissões de gases na atmosfera, resultantes dessas viagens.
Região da pesquisa
O Polo Costa dos Corais abrange 11 municípios e beneficia quase um milhão de pessoas e a maioria tem no turismo a principal atividade econômica. “A acessibilidade e a mobilidade são essenciais para o turismo. Sua sustentabilidade em longo prazo depende, em última análise, do apoio público e político continuado, com base em conhecimentos científicos adequados constando de diretrizes e soluções para implantação de políticas públicas nessa área”, disse Acácia Malhado.
A pesquisadora adianta que para atingir o objetivo esperado, é fundamental avaliar as atitudes e expectativa dos turistas e comunidades locais em relação ao turismo; assegurar que as estratégias no gerenciamento da mobilidade são compatíveis aos valores e opiniões dos turistas e comunidades locais; e educar os turistas e comunidades locais sobre a finalidade do turismo sustentável.
Copa das Confederações
Para a Copa do Mundo no Brasil, serão investidos mais de R$ 25 bilhões em aeroportos, estádios e novos sistemas de transportes nas 12 capitais das cinco regiões que receberão o evento. Esses recursos vão ser usados para adequar a infraestrutura das cidades aos milhares de turistas que visitarão as cidades-sedes do mundial: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
O trabalho da pesquisadora Acácia Malhado terá duração de um ano e contará com a coleta de dados a partir da Copa das Confederações no Brasil, que será realizada de 15 a 30 de junho deste ano. Nesse evento, Recife também será cidade-sede, assim como Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. Para o estudo preliminar, os pesquisadores desenvolverão atividades nos aeroportos de Maceió e de Recife e nos municípios do Polo Costa dos Corais, alvos da pesquisa.
“Compreender e avaliar os impactos que os megaeventos desencadeiam nas comunidades locais é importante a fim de formular políticas que contribuam para se alcançar e manter a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo da indústria do turismo”, considerou Acácia Malhado.