Ufal promove curso sobre tecnologia e acessibilidade

Foram apresentadas formas simples e de baixo custo para melhor atender às pessoas com deficiência física da Universidade


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Oficina buscou soluções para melhor uso de material pedagógico (como réguas, livros, cadernos) por pessoas com limitação motora
Oficina buscou soluções para melhor uso de material pedagógico (como réguas, livros, cadernos) por pessoas com limitação motora

Pedro Barros - estudante de Jornalismo

A rotina dos estudantes que têm deficiência física não é tão simples. Pensando nelas, o Núcleo de Acessibilidade da Universidade Federal de Alagoas realiza esta semana até o dia 31, o curso Prático de Tecnologia Assistiva para pessoas com deficiência física. A formação, voltada principalmente para o corpo técnico e docente, tem como objetivo divulgar os conhecimentos sobre acessibilidade nas áreas de arquitetura, informática e educação. 

"As tecnologias assistivas buscam favorecer a participação dos indivíduos nas atividades sociais, como na escola ou no mercado de trabalho. São adaptações desde recursos mais simples, como uma bengala ou uma muleta, até recursos mais complexos, como uma ponteira, uma colmeia [adaptação para o teclado] ou um software de computador", explicou o formador David dos Santos Calheiros, formado pela Ufal e mestrando no Programa de Pós-graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos, único especializado no tema no Brasil.

Segundo Calheiros, os recursos de tecnologia assistiva são classificados quanto a seu objetivo funcional. "Por exemplo, se é uma atividade para uso da vida diária, é feito um talher ou uma escova de dentes adaptada. Se é para um esporte, se faz uma cadeira de rodas adaptada a determinada atividade. Se a pessoa com deficiência física dirige, buscamos adaptar seu carro", explicou. Neste curso, o foco está nas adaptações para o ensino superior. "Vamos capacitar o corpo docente e o técnico-administrativo para que, nas aulas ou no atendimento, possam prestar um melhor serviço", completou.

A primeira aula foi teórica e os participantes puderam conhecer o histórico da tecnologia assistiva e souberam como obter financiamento para adquirir recursos e quais suas classificações. Segundo o formador, os próximos encontros são com atividades práticas sobre construção de recursos pedagógicos, recursos de acesso ao computador e projetos arquitetônicos de acessibilidade.

Nas aulas de construção de recursos pedagógicos, os participantes planejam e constroem adaptações de baixo custo. Foram apresentados recursos para escrita e pintura, adaptações de caderno, livro, tesoura, entre outros. "Existem várias outras tecnologias assistivas de alta complexidade, mas elas ainda não são uma realidade na nossa cultura local. Um acionador, que vai fazer a função de um mouse, de acionar, custa 800 reais. Vamos produzir um que custa em média 3 ou 4 reais", explicou o especialista.

"Nas aulas sobre projetos arquitetônicos de acessibilidade vamos fazer análises de alguns ambientes universitários e ver quais pontos estão incorretos, inacessíveis para pessoas com deficiência, conforme a proposta das normas técnicas brasileiras", explicou. A aula de recursos de acesso ao computador tratará das ferramentas de acessibilidade já disponibilizadas pelo sistema operacional mais utilizado, o Windows, mas que geralmente não são conhecidas.

As atividades acontecem até dia 31, segundas, quartas e sextas, das 14h às 17h, no Bloco de Educação Física, no Campus A.C. Simões, em Maceió. "Este é um dos primeiros módulos, mas não vai se limitar a isso. Vamos organizar um de Braile e um de Libras", informou Calheiros.

A capacitação faz parte do projeto de extensão Intervindo para construir a inclusão da pessoa com deficiência da Universidade Federal de Alagoas, do Núcleo de Acessibilidade da Ufal, que segue as orientações do Programa de Acessibilidade na Educação Superior (Programa Incluir), do Ministério da Educação (MEC). "Em várias universidades estão sendo montados núcleos de acessibilidade no intuito de promover e disseminar esse conhecimento da tecnologia assistiva, para que possa haver mais pesquisas e consequentemente um maior barateamento dessas tecnologias", explicou Calheiros.

Graduada em Serviço Social pela Ufal, a ex-aluna e cadeirante Paula Ravanela ficou sabendo do curso por meio do núcleo. "Meu TCC foi destacando como o Serviço Social trabalha com a Lei de Acessibilidade, um assunto que está muito em pauta, mas que na prática é pouco feito", contou. Ravanela diz que teve algumas dificuldades quando estudante, mas acredita que o Núcleo de Acessibilidade trará melhorias para o ambiente acadêmico. "São pequenas coisas, como esse curso, que esclarecem que acessibilidade não é só uma rampa, uma sala, um banheiro ou um bloco adaptado. Acessibilidade é mais do que isso. São recursos simples, como numa prova, um intérprete de Libras, o Braile. Creio que, a partir dessas ações, muita coisa vai melhorar".

Núcleo de Acessibilidade

Coordenado pela professora Neiza de Lourdes Frederico Fumes, o Núcleo de Acessibilidade fez um levantamento em outubro de 2013 e constatou que há 36 estudantes com deficiência no Campus A. C. Simões. Esse grupo foi contatado para saber quais são suas necessidades específicas para que possam participara das atividades disponibilizadas na Sala de Recurso Multifuncional, instalada no Centro de Educação (Cedu).

Aqueles que tenham interesse de conhecer ou solicitar algum suporte do Núcleo de Acessibilidade podem entrar em contato pelo e-mail: nucleodeacessibilidadeufal@gmail.com.