Educação a Distância marca presença na Conferência da Unesco sobre Tecnologias Móveis e Educação em Paris

No evento foram compartilhadas iniciativas inovadoras de aprendizagem e pesquisas de melhoria da educação


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O evento atraiu participantes de vários países | nothing
O evento atraiu participantes de vários países

Roberto Amorim - jornalista

Na semana de 17 a 21 de fevereiro, aconteceu na sede da Unesco, em Paris, a Semana de Aprendizagem Móvel (Mobile Learning Week 2014), envolvendo a participação de mais de 500 pesquisadores na área de tecnologias móveis na educação e representantes da área educacional dos governos de várias partes do mundo para compartilhar iniciativas inovadoras de aprendizagem móvel, tendências, políticas e pesquisas de melhoria da educação.

O tema principal do evento neste ano foi a estratégia global da Unesco para o empoderamento dos professores para uso das tecnologias digitais móveis aliadas a melhoria do ensino e da aprendizagem no cumprimento das metas da Educação para Todos. O foco principal foi o acesso, integração e qualidade das tecnologias móveis na melhoria da educação.

Os professores são os pilares do sistema de ensino e sua participação é essencial para a viabilidade das tecnologias digitais no esforço educacional. Isto torna-se evidente à medida que as tecnologias móveis passam da periferia para o centro dos sistemas educacionais, nos contextos formais e informais de aprendizagem. Graças à sua facilidade de uso e preços acessíveis, aparelhos eletrônicos como celulares, tablets ou laptops têm um grande potencial para aumentar as oportunidades educacionais, mesmo em áreas nas quais os recursos tradicionais de ensino são escassos.

Segundo a Unesco, em menos de uma década a tecnologia móvel se espalhou para os cantos mais distantes do planeta. Dos cerca de sete bilhões de pessoas no mundo, seis bilhões têm acesso a um dispositivo móvel. A África, que teve uma taxa de penetração de apenas 5% na década de 1990, é agora o segundo maior e mais rápido crescimento do mercado de telefonia móvel do mundo, com uma taxa de penetração de mais de 60%.

Neste contexto, para garantir a educação primária universal, a Unesco estima que 6,8 milhões de professores precisam ser contratados em todo o mundo em 2015: 1,7 milhões são necessários preencher novos postos e 5,1 milhões são necessários para substituir professores que deixam a sala de aula.

Estas carências impedem vários esforços de desenvolvimento, impedindo os jovens de ter acesso à formação de qualidade necessária para se destacar em sociedades baseadas no conhecimento. A falta de professores capacitados e motivados é mais grave em algumas partes do mundo nas quais a formação de melhor qualidade é altamente necessária. Para agravar os desafios numéricos de oferta de professores, há preocupações sobre a qualidade dos professores. Muitas crianças que estão na escola não conseguem desenvolver competências básicas. De acordo com dados da Unesco, 250 milhões de estudantes em todo o mundo não sabem ler, escrever ou contar.

As orientações da Unesco envolvendo as políticas para a aprendizagem móvel defendem as seguintes vantagens trazidas pelas tecnologias móveis: maior alcance e igualdade de oportunidades na educação; facilidade de aprendizagem personalizada; resposta imediata e avaliação; aprendizagem em tempo real; uso produtivo do tempo usado na sala de aula; criação de novas comunidades de aprendizes; suporte para a aprendizagem em locais específicos; melhoria da aprendizagem continuada; conexão entre a educação formal e não formal; mínimo de interrupção para a aprendizagem em zonas de conflito e de desastres; suporte para alunos com deficiência.

Grupos de Trabalho

Os vários workshops, palestras e mesas dos eventos foram dedicados aos professores e as possibilidades oferecidas pelas tecnologias móveis para atender as necessidades dos mesmos e ajudá-los a melhorar a aprendizagem dos alunos. Foram tratados os seguintes aspectos: acesso a equipamentos, segurança online, conteúdos adaptados aos dispositivos móveis, necessidades de formação dos professores.

Os palestrantes discutiram as lições aprendidas a partir de experiências e pesquisas anteriores e definiram as ambições para o futuro. As sessões principais e grupos de trabalho foram organizados em torno de três questões: a educação móvel, formação profissional e políticas relacionadas a área.

Foram realizadas oficinas e demonstrações interativas sobre conteúdo, tecnologias móveis e atividades de aprendizagem e apresentados vários projetos para promover a aprendizagem móvel financiados pela Unesco no México, Nigéria, Paquistão, Senegal, envolvendo estudos para o uso de tecnologias móveis para a promoção da leitura e alfabetização.
Os vários estudos comprovam que as tecnologias móveis podem contribuir para o acesso universal e a igualdade à educação, a prática de ensino e a qualidade da aprendizagem, ao desenvolvimento profissional dos professores, bem como a gestão mais eficiente dos sistemas educacionais.

Segundo o coordenador geral da Cied, Luis Paulo Mercado, os eventos constituintes da Semana da Aprendizagem Móvel foram enriquecedores para a experiência da Cied na área das tecnologias digitais aplicadas a educação, pois mostraram como estas podem ajudar os professores a realizar um trabalho mais eficaz em diferentes contextos e como podem contribuir para a formação de novos professores e dos que já estão atuando no contexto da educação a distância e presencial. Mostraram o quanto as experiências brasileiras envolvendo aprendizagem móvel ainda são incipientes e que investimentos na pesquisa nesta área são urgentes para que se possa acompanhar o rápido desenvolvimento da área no mundo.

Outro ponto destacado por Luis Paulo Mercado foi a temática dos eventos deste ano, inserindo os professores no centro das discussões sobre tecnologia móvel e educação, explorando formas de como os professores podem utilizar os dispositivos móveis para alcançar os objetivos nacionais e internacionais de aprendizagem, além de enfatizar as possibilidades do uso destas tecnologias no trabalho com os alunos e em locais com poucos recursos.