Nutricionistas elaboram cartilha para ajudar mães com excesso de peso a amamentar
Pesquisadores perceberam que mães com sobrepeso tendem a desconsiderar o leite materno como alimento
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Lenilda Luna - jornalista
Desde o ano passado, quando abriram o ambulatório para atender crianças e pré-adolescentes com sobrepeso, a professora Mônica Lopes e seus alunos do curso de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas perceberam que entre os cerca de 30 pacientes atendidos, 29 eram filhos de mães obesas. A relação é direta, mães com sobrepeso, que se alimentam de forma incorreta, tendem a reproduzir os erros alimentares nos filhos.
Um dos mitos mais arriscados para os bebês, que já nascem sob a influência do sobrepeso das mães, é a ideia equivocada de que o leite materno não é forte o suficiente para suprir as necessidades do recém-nascido. "Geralmente, essas mães consideram o leite 'fraco' e recorrem a fórmulas calóricas, porque acreditam que assim seus filhos estão mais bem alimentados", relatou Mônica Lopes.
A partir destas observações do dia a dia de prática do Ambulatório de Nutrição no Hospital Universitário, os alunos Beatriz Rocha, Myrla Farias, Thamires Otaviano e Anphrizio Lisboa tiveram a ideia de elaborar uma cartilha, com orientações didáticas para as mães. "O personagem principal dessa estória surgiu de uma conversa descontraída. Pensamos num super-herói de quadrinhos, com uma gota de leite no peito e cabelos brancos, revelando que é bem experiente", contaram.
Com o roteiro da estória em quadrinhos pronto, os alunos buscaram a ajuda do ilustrador Adelmo Cândido, que fez os traços do "incrível Super-leite". O objetivo principal do herói é convencer as mães, principalmente àquelas que já vêm sofrendo por causa de hábitos alimentares pouco saudáveis, a acreditarem que, nos primeiros meses de vida, o bebê não precisa de outro alimento além do leite materno. "Parece uma ideia simples, mas percebemos no ambulatório que muitas mães duvidam da força do leite", destacou a professora Mônica Lopes.
Como em toda estória em quadrinho, o super-herói tem que enfrentar um vilão, que no caso não é um bandido perigoso, mas uma senhora, dessas que todo mundo encontra na vizinhança, sempre solícita em ajudar a cuidar das crianças, mas com ideias equivocadas que precisam ser combatidas. "Dona Tonha realmente existe. Nossa personagem foi inspirada nela, uma senhora simpática que chega para uma mãe dizendo que o primeiro leite é fraco, amarelado e deve ser jogado fora", descreveram os alunos.
Agora, com a estória em quadrinho em mãos, o grupo de pesquisadores quer apoio para publicá-la. "Nossa proposta é distribuir o gibi em postos de saúde, maternidades e outras unidades que atendem gestantes. Mas imprimir e encadernar gibi por gibi sai muito caro. Precisamos do apoio de uma editora para transformar nosso super-herói num personagem conhecido", ressaltou a professora Mônica Lopes.