Pesquisador integra comissão sobre grandes desafios da Interação Humano-Computador
As comissões reúnem pesquisadores da Ciência da Computação para definir ações relacionadas aos grandes desafios da IHC para a década de 2012-2022
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Lenilda Luna - jornalista
Alguns conceitos já são bem familiares para pesquisadores e estudantes universitários de todas as áreas: sabemos que somos parte de uma era onde o conhecimento é a ferramenta para a sobrevivência, que a tecnologia faz parte do nosso cotidiano e se atualiza rapidamente, que a globalização nos conecta a todos e não podemos mais ignorar os problemas que afetam as pessoas em qualquer parte do mundo, porque não estamos mais alheios a nenhum acontecimento no planeta.
Sabemos também que numa sociedade onde o uso de smartphones e outros recursos de conexão em tempo real são amplamente difundidos, uma grande parcela da população mundial ainda não avançou para este século e enfrenta ainda problemas básicos, como garantir a alimentação, um abrigo seguro e outros direitos fundamentais. Desde 2006, pesquisadores da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) estão debatendo os grandes desafios para a pesquisa em Computação no país. "A iniciativa foi motivada pelo entendimento de que a Computação se tornou um pilar na pesquisa científica e um componente indispensável para a implantação e o fortalecimento dos objetivos sociais, econômicos e tecnológicos de um país", destaca o documento da SBC.
Uma das áreas de pesquisa definidas como desafio neste período foi a Interação Humano-Computador (IHC), reconhecendo que o país alcançou importantes avanços científicos e tecnológicos, mas, por conta da profundas desigualdades sociais, muitos brasileiros estão à margem dessas conquistas. Por isso, é preciso que os cientistas se debrucem sobre a questão da interação entre tecnologia e desenvolvimento humano-social, para garantir amplo acesso, no futuro, aos resultados das pesquisas científicas. Este debate estratégico, que reúne destacados pesquisadores de Computação para um trabalho de cooperação nacional, conta com a participação do professor Ig Ibert Bittencourt, do Instituto de Computação (IC) da Universidade Federal de Alagoas.
Grandes Desafios de Pesquisa em Interação Humano-Computador no Brasil
Os cinco desafios da Pesquisa em IHC são: Futuro, Cidades Inteligentes e Sustentabilidade; Acessibilidade e Inclusão Digital; Ubiquidade, Múltiplos Dispositivos e Tangibilidade; Valores Humanos; Formação em IHC e Mercado. Os grupos temáticos para debater sobre esses desafios foram formados em novembro de 2012, em Cuibá, durante o Simpósio Brasileiro sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais, com o objetivo de pensar estrategicamente para os próximos dez anos, ou seja, o que precisa ser implementado em pesquisa na área, desde disciplinas, novas linhas de pesquisa e centros tecnológicos, até 2022. O relatório técnico com os resultados das três etapas de trabalho foi apresentado recentemente, no início de maio deste ano.
O professor Ig Ibert Bittencourt integra o grupo temático sobre o segundo desafio, que pesquisa sobre "Acessibilidade e Inclusão Digital". Nesta comissão, estão também os pesquisadores Elizabeth Sucupira Furtado, Daniel Chagas, da Universidade de Fortaleza, e Agebson Façanha, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará. Esses pesquisadores atuam na proposta de soluções considerando as necessidades de pessoas com algum tipo de deficiência e também aquelas que estão marginalizadas por conta da falta de condição financeira para ter acesso aos vários dispositivos computacionais que fazem parte da rotina de milhões de brasileiros.
O debate sobre esses grandes desafios tem estimulado a produção científica e o elaboração de políticas públicas voltadas para a implementação das propostas apresentadas pelos pesquisadores. "É um debate muito produtivo e que se traduz em propostas concretas para serem executadas. Este trabalho cooperativo também possibilita a formação de capital intelectual, já que em várias universidades, pesquisadores de vários níveis estão se envolvendo nestas pesquisas relacionadas aos grandes desafios, para produzir tecnologia que possa ser transferida para a sociedade", ressalta o professor Ig Ibert Bittencourt.
Em relação ao desafio "Acessibilidade e Inclusão Digital", o professor Ig Ibert Bittencourt tem uma contribuição considerável, já que desenvolveu o pós-doutorado dele, concluído ano passado na Unicamp, com essa temática. Além disso, o professor é vice-presidente da Comissão Especial de Informática na Educação da SBC. "Aqui na Ufal, estou orientando pesquisas de Mestrado sobre soluções tecnológicas para pessoas com autismo,(juntamente com a professora Mônica Ximenes, do Ifal, e para a comunidade surda que precisa se comunicar na Linguagem Brasileira de Sinais", relata o professor.
A partir de agora, com o lançamento deste relatório técnico, os pesquisadores iniciam outra fase do trabalho. "Podemos resumir o nosso desafio da seguinte forma: como desenvolver tecnologia que possa ser generalizada para múltiplos dispositivos e ao mesmo tempo seja especializada para usuários que tenham necessidades específicas. Não adianta, por exemplo, apenas criar interfaces que funcionem muito bem no Google Glass, mas que uma pessoa numa comunidade rural não tenha acesso. comunidade rural não tenha acesso. Ou seja, precisamos investigar melhores formas de democratização do acesso e do conhecimento", conclui o professor Ig Ibert Bittencourt.
Para ler na íntegra o relatório técnico, acesse aqui.