Curso de Letras - Libras na Ufal oferta 30 vagas
O objetivo é atender à necessidade de mais professores para o ensino da Língua Brasileira de Sinais. As inscrições seguem até 19 de junho
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Pedro Barros - estudante de Jornalismo
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é o meio pelo qual milhões de pessoas com deficiência auditiva ou de fala podem se comunicar no Brasil. Em Alagoas, porém, falta quem a ensine. Com o objetivo de atender a demanda de professores dessa língua, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) está com inscrições abertas, até o dia 19 de junho, para o primeiro curso de licenciatura em Letras - Libras do Estado.
Serão ofertadas 30 vagas, a maior parte delas destinadas a pessoas com deficiência auditiva. Para explicar melhor o processo seletivo, uma equipe da Faculdade de Letras (Fale), em parceria com a Coordenadoria Institucional de Educação a Distância (Cied), elaborou um vídeo em Libras. Veja o Edital.
Libras
Com duração mínima de 4 anos, a nova graduação visa formar profissionais capacitados para o ensino de Libras em séries finais dos ensinos fundamental e médio, em escolas e cursos de línguas e em instituições de ensino superior, bem como garantir a acessibilidade. Segundo o projeto pedagógico do curso, o profissional formado em Letras - Libras também poderá atuar como intérprete e tradutor da língua, realizar revisão de textos, desenvolver e analisar material didático, fazer assessoria cultural e crítica linguística e literária.
A formação busca explorar a capacidade de descrição e compreensão de Libras como primeira língua ou como segunda língua e sua relação com o português, analisar a Libras no âmbito literário e refleti-la em diversos aspectos (psicológico, educacional, social, histórico, cultural, político e ideológico).
Ensino de Libras
Segundo o coordenador do curso, Jair Barbosa, a diferença dessa formação para outras que já existem no Estado, é que estes visam basicamente a comunicação, enquanto a graduação da Ufal visa a formação de professores da Libras. "A intenção é formar pessoas, não somente para serem intérpretes, mas para ensinar a Libras. Há muita carência desses profissionais tanto em Alagoas, quanto no Brasil. Até agora, temos somente pessoas formadas em outros estados ou que fizeram outras formações, sem ser ensino superior", explicou.
O coordenador reforça que Libras é uma língua como qualquer outra, e deve ser ensina tão bem quanto se preza pelo bom ensino da Língua Portuguesa nas escolas. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) justificam a preocupação. "De acordo com o IBGE, 4,6 milhões de pessoas possuem deficiência auditiva e 1,1 milhão são surdas, totalizando aproximadamente 5,7 milhões de pessoas. Segundo o Censo Escolar realizado em 2012 pelo Inep, o total de alunos surdos na Escola Básica no Brasil é de 74.547", explicou o professor da Faculdade de Letras (Fale), Humberto Meira.
Uma das metas do Ministério da Educação e Cultura (MEC) é implementar 27 cursos de licenciatura em Letras-Libras nos próximos anos. Já existem três deles no país, em Goiás, Paraíba e Santa Catarina. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) é a pioneira: criada em 2006, ela ampliou seu alcance com 18 polos ao redor do Brasil na modalidade a distância.
"Tomamos como base a experiência da UFSC, referência mundial no assunto. Recentemente tivemos uma reunião, para discutirmos algumas questões pedagógicas e administrativas e a possibilidade de uma parceria interinstitucional. Mas não deixamos de inovar: essa experiência, por si só, é inovadora no nosso estado", declarou o professor Humberto. "Queremos acolher esse projeto à nossa realidade e demanda local, propondo iniciativas que visam atender as nossas necessidades".
Conforme a Lei n.º 10.436, de 24 de abril de 2002, e o Decreto n.º 5626, de 22 de dezembro de 2005, as instituições de educação superior devem incluir a Libras como objeto de ensino, pesquisa e extensão. Na Ufal, os alunos que tenham interesse podem matricular-se na disciplina eletiva de Libras. "Esse curso também contribuirá para melhor atender as pessoas surdas na universidade. Elas muitas vezes são discriminadas e não conseguem atingir seus objetivos, como ter um curso superior, por causa da barreira da comunicação", explicou Jair.
Estrutura
O curso envolverá uma estrutura e pessoal dedicados ao caráter visual da Libras. "Temos uma especificidade nessa oferta. Trata-se de um curso específico com particularidades que devem ser consideradas. Ele requer uma estrutura equipada com recursos tecnológicos que são essenciais para a qualidade da nossa formação, cuja maioria dos materiais são dispostos e produzidos em vídeo. O curso caminha lado a lado com essa área do conhecimento", explicou Humberto. Segundo ele, apesar do andamento dos projetos estruturais ainda não estarem concluídos, já há uma verba autorizada para contemplar essa necessidade.
Dez professores (cinco doutores, quatro especialistas e um mestre) mais quatro técnicos-administrativos já compõem o quadro profissional. Além deles, deverão atendar as demandas específicas do curso, tradutores-intérpretes, programadores visuais e bibliotecários-documentalistas. "No momento, estamos finalizando um concurso para o cargo de Tradutor Intérprete. No final do mês, teremos a segunda etapa da seleção que prevê seis profissionais para nossa demanda", informou Humberto.
Os alunos de Letras - Libras deverão passar por 37 disciplinas obrigatórias, incluindo estágio supervisionado, e 280 horas de realização de trabalho de conclusão de curso (TCC) e atividades acadêmico-científico-culturais.