Radar da Ufal fará previsão meteorológica para jogos da Copa do Mundo em Recife
Por ser referência na área, a Ufal é a única universidade do país contemplada com o equipamento que fortalecerá as ações de ensino, pesquisa e extensão do Instituto de Ciências Atmosféricas
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Diana Monteiro - jornalista e Pedro Barros - estudante de Jornalismo
O descerramento da placa inaugurou oficialmente, na manhã da quarta-feira, 4, o novo Radar Meteorológico da Universidade Federal de Alagoas e a equipe responsável já recebeu do representante do Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre, a incumbência de mais uma tarefa na área: fazer durante a Copa do Mundo a previsão meteorológica para jogos sediados em Recife, auxiliando assim a rotina do trabalho desempenhado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). "O radar é o único que vai cobrir Recife durante a Copa do Mundo e poderá fornecer informações úteis para esse evento", explicou Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisas e Desenvolvimento do MCTI.
As informações coletadas pelo radar são enviadas a cada dez minutos à sede do Cemaden, em Cachoeira Paulista (SP), e ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP). Os alertas de eventuais riscos de desastres naturais emitidos pelo Cemaden, em operação 24 horas, sete dias por semana, são remetidos ao Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenaden), em Brasília, responsável por repassar esses dados aos representantes da Defesa Civil de cada região.
O coordenador do Projeto Radares Meteorológicas do Cemaden, Carlos Frederico Angelis, apresentou as principais ações e tecnologias utilizadas pelo centro, que é vinculado à Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisas e Desenvolvimento (Seped) do MCTI e tem foco das ações para o alerta de enxurradas e deslizamentos com 2 a 6 horas de antecedência e para previsão de impacto da seca com até dois meses de antecedência.
Ele reconheceu o mérito da Ufal em receber o equipamento, tanto pela competência dos cientistas alagoanos quanto pela carência de recursos para proteger a população local. "Todos os nossos radares operam em conjunto e transmitem os dados simultaneamente, em tempo real, para o Cemaden. Eles fazem parte de uma rede de observação que inclui várias ferramentas, como estações pluviométricas, estações agrometeorológicos e sensores de umidade do solo", explicou Angelis.
O radar da Ufal integra o conjunto de nove equipamentos adquiridos pelo Cemaden para atender a metas do Plano Nacional de Gestão de Riscos e Alertas de Desastres Naturais. Pesando 12 toneladas e dotado de uma antena de 12 metros de diâmetro o radar de última geração (Selex ES GmbH, da Gematronik) cobre toda a área da Região Metropolitana de Maceió e permite a detecção da ocorrência e da intensidade de chuva em um raio de até 400 quilômetros, abrangendo os estados de Alagoas e Sergipe, o leste de Pernambuco e o nordeste da Bahia. O investimento, de cerca de 8 milhões de reais, tem como principal objetivo prevenir de forma mais eficaz a ocorrência de desastres naturais em Alagoas e diminuir ao máximo o número de vítimas.
Por ser referência em estudos na área das ciências atmosféricas e ter operacionalizado durante 10 anos um radar, a Ufal é a única universidade do Brasil a ser contemplada com o equipamento que integra o Projeto Radares Meteorológicos do Cemaden e Maceió é a sexta cidade brasileira a ser dotada do equipamento. Além de Maceió, Natal, Salvador, Petrolina (PE), Jaraguari (MS) e São Francisco (MG) também já receberam radar. Equipamento similar também será entregue ainda neste semestre em outros três municípios: Santa Teresa (ES), Três Marias (MG) e Almenara (MG).
A solenidade que antecedeu a inauguração oficial do novo radar teve como local o auditório do Laboratório de Computação Científica e Visualização (LCCV) e reuniu, além da comunidade acadêmica e representantes da gestão, autoridades dos governos municipal, estadual e federal. Integraram a mesa de honra presidida pelo reitor Eurico Lôbo, o secretário Estadual de Ciência e Tecnologia, Eduardo Setton; o diretor do Instituto de Ciências Atmosféricas (Icat), Marcos Antônio Moura; Ricardo Sarmento, coordenador do Sistema de Radares Meteorológicos de Alagoas (Sirmal); o secretário de Políticas e Programas de Pesquisas e Desenvolvimento do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre,representando o ministro Clélio Campolina Diniz; e Carlos Angelis, coordenador do Projeto Radares Meteorológicos.
Conhecimento e formação de recursos humanos
O reitor Eurico Lôbo destacou o papel da universidade. “Em função da base de conhecimento instalada a instituição consolida-se na área das ciências atmosféricas como indutora do conhecimento fortalecendo a formação acadêmica e a formação de recursos humanos”, disse. O secretário Eduardo Setton considerou a instalação do novo radar um ato histórico para Alagoas, mas vem da trajetória conduzida pela Ufal. Citou como parceiros importantes no processo a Defesa Civil e o engenheiro alagoano e estudioso da área, Marcos Carnaúba.
O secretário Carlos Nobre, ao agradecer a acolhida da Ufal, reforçou que além do fortalecimento das ações de ensino, pesquisa e extensão, há a necessidade urgente de formação de recursos humanos. "Por ser uma área ainda subdesenvolvida no Brasil é fundamental alavancar as pesquisas e este é um ambiente propício para essa ação. O Ministério agradece a esta instituição que gera o conhecimento e o projeto é instalado onde o conhecimento existir. Aqui, consiste no principal centro de capacitação e formação de recursos humanos também em nível técnico para o trabalho em conjunto com o Cemaden”, frisou.
Ainda segundo ele, a modernização dos equipamentos de monitoramento é fundamental para prevenir desastres. "Saber onde está ocorrendo chuva, se ela é muito intensa e o que pode ocorrer nas próximas horas são as informações mais importantes para prevenir a ocorrência de enxurradas, inundações e principalmente deslizamento de encostas, o fenômeno natural que mais causa mortes no Brasil", explicou.
O representante do MCTI aproveitou a oportunidade para destacar o empenho do professor Ricardo Sarmento, considerando-o um incansável batalhador para a concretização do projeto.Ricardo disse que o novo radar é a concretização de um sonho e que o projeto fortalecerá as atividades do Icat nas áreas de ensino, pesquisa e extensão. Agradeceu ainda o apoio público e privado recebido pelo Sirmal, desde a instalação do primeiro radar da Ufal em 2003.
“O novo radar é o que há de mais moderno atualmente em tecnologia meteorológica. O equipamento utiliza a tecnologia Klystron na transformação de energia elétrica em eletromagnética. Essa energia é lançada para o céu e através do seu retorno nós detectamos que objetos, como volume de chuva, estão se aproximando", explicou Ricardo Sarmento.
Disponibilização dos dados
Durante a visita ao radar, o analista de sistemas José André Silva dos Santos apresentou o funcionamento do software responsável em demonstrar os dados captados por ele. "São 14 produtos disponibilizados por esse sistema. E é possível fazer uma previsão das chuvas de duas a seis horas de antecedência", explicou o analista.
Segundo ele, para ter acesso a determinadas informações é preciso passar por um treinamento, mesmo que seja uma pessoa da Defesa Civil. "Não adianta disponibilizar essas informações para quem não as entende perfeitamente. Se alguém interpreta um dado desses de maneira errada pode mobilizar uma população inteira sem necessidade", concluiu José André.