Seminário discute situação atual dos sistemas de bibliotecas públicas e escolares
Coordenadores apresentaram as principais conquistas e deficiências dessas entidades em Maceió e Alagoas
- Atualizado em
Pedro Barros - estudante de Jornalismo
"As pessoas pensam que bibliotecário não faz nada, mas isso é tudo o que a gente não faz", defendeu a professora Lívia Lenzi, do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Com o objetivo de fortalecer essa profissão foi realizado o Seminário Regional em Bibliotecas Escolares e Públicas, no Campus A.C. Simões. As atividades se encerraram nesta quinta-feira, mas amanhã, 8, acontece o Seminário de Ética Profissional.
Com o tema Da barbárie ao compromisso ético, social e político, o encontro que acontece associado ao Seminário de Ética Profissional dos Bibliotecários, teve como destaque o relato de experiências no âmbito das bibliotecas escolares e públicas. A falta de profissionais foi um dos problemas mais discutidos.
O Sistema de Bibliotecas Públicas do Estado de Alagoas, apresentado por sua coordenadora, Wilma Nóbrega, tem 117 bibliotecas públicas municipais, 79 bibliotecas comunitárias, 26 pontos de leitura e uma biblioteca estadual. No entanto, entre os 102 municípios alagoanos, apenas cinco têm profissionais formados essa área.
O atendimento adequado ao público foi outra preocupação apresentada. "Os estudantes representam o maior número de usuários de nossas bibliotecas, devido à falta delas nas escolas. Mas a biblioteca não é só de alunos, é de usuários. É necessário conseguir atrair os grupos marginalizados, evitando, ao mesmo tempo, que os usuários tradicionais sintam-se excluídos", explicou Nóbrega.
A situação do Sistema de Bibliotecas Escolares do Município de Maceió não é muito diferente. Das 133 escolas da rede, apenas quatro têm bibliotecários. "O principal desafio é o profissional. Precisamos de concursos públicos para colocar profissionais no lugar certo. Estamos dando início a um projeto de revitalização e implantação de bibliotecas que envolve, neste semestre, 40 escolas municipais; porém, para dar continuidade a isso, o profissional é fundamental", explicou a coordenadora do sistema, Cristina Rezende Moreira.
Em Alagoas, a Ufal é a única instituição que oferece ensino superior na área. Segundo a professora Rosaline Mota, a graduação em biblioteconomia, que funciona no turno da noite no Campus A. C. Simões, em Maceió, tem uma média de 30 a 45 profissionais formados por ano. "É extremamente importante que os governantes criem cargos de bibliotecários nos concursos públicos. Além disso, para atender à Lei 12.244 [obriga todas as escolas do País a terem uma biblioteca], precisaremos de mais de 180 mil bibliotecários", explicou a professora.
Um dos profissionais que irão desbravar esse mercado em expansão é Vera Paulino. "Este seminário é uma oportunidade de mostrar a importância da biblioteconomia, que não é muito conhecida, mas tem uma grande contribuição, por exemplo, para o incentivo à leitura. O bibliotecário é muito desvalorizado. Precisamos de mais fiscalização: tem muita gente trabalhando nessa função sem ter formação para isso", declarou ela, que já está concluindo o curso.
Para Cristina Rezende, vencer os estereótipos já é um passo. "Não somos organizadores de livros, somos organizadores de informação. Organizar livros qualquer um pode fazer; organizar informação, não", afirmou a bibliotecária.
Para mais informações sobre a programação do Seminário de Ética Profissional, acesse o site do evento.