Ufal e Universidade Federal do Ceará são parceiras em pesquisa sobre Hanseníase
O estudo se desenvolve nos respectivos estados e tem como público-alvo jovens abaixo de 15 anos de idade
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Diana Monteiro – jornalista
Dados do Ministério da Saúde (MS) apontam que em Alagoas, a situação da hanseníase é considerada de alta endemicidade, e a falta ainda de detecção precoce da doença é tida como fator preocupante. Nos últimos 10 anos os casos diagnosticados têm apresentado sequelas numa variação de 6 a 12 por cento, atingindo dessa forma, o grau 2 de incapacidades físicas.
Desde 2009 a Escola de Enfermagem e Farmácia (Esenfar) da Universidade Federal de Alagoas desenvolve pesquisas e ações de extensão voltadas ao controle e detecção da hanseníase, sob a coordenação dos professores Luciano Meirelles Grillo e Clódis Maria Tavares. Além de parcerias, a exemplo do Núcleo de Saúde Pública (Nusp), Associação de Deficientes Físicos de Alagoas (Adefal), instituições de ensino superior, e secretarias de saúde locais, a iniciativa reforça o aprendizado dos alunos de graduação das respectivas áreas.
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa que se manifesta por acometimento do sistema nervoso periférico e pele. Apresenta alto potencial incapacitante devido ao dano neurológico que ocasiona, e ações programáticas de diagnóstico, tratamento, vigilância dos contatos, prevenção de incapacidades físicas e educação em saúde podem eliminar a doença. O mais recente estudo sobre a doença vem sendo realizado pela Ufal em parceria com a Universidade Federal do Ceará e contempla, em Alagoas, os municípios de Rio largo, Santana do Ipanema e Arapiraca. No Ceará, o alvo da pesquisa é o município de Itaitinga e está sob a coordenação da professora Aparecida Nagao Dias, da Faculdade de Farmácia da UFC.
Denominado Associação de parâmetros imunológicos e moleculares em sangue e secreções para detecção precoce de casos de hanseníase entre contatos abaixo de 15 anos de idade residentes em municípios de Alagoas e Itaitinga-CE, aprovado pelo CNPQ em 2012, a pesquisa conta com o apoio do poder público municipal dos respectivos municípios e visa fazer a detecção precoce de casos da doença em jovens que estão na citada faixa etária através do auxílio de marcadores imunológicos e moleculares.
A coordenação municipal de hanseníase e da atenção básica e profissionais do Programa Saúde da Família (PSF) dos municípios de Santana do Ipanema e Arapiraca participaram de um treinamento sob a responsabilidade da equipe do projeto, representada pela professora Clódis Tavares, a estudante bolsista de Enfermagem, Fernanda Goes e a enfermeira da Adefal, Carla Slowa Pereira. Já a instituição cearense fez-se representar pelo bioquímico Alexandre Casimiro.
Reforçando também a participação do núcleo local do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Clódis enfatiza a participação da equipe de enfermagem no engajamento e na organização da pesquisa. “A equipe tem auxiliado na avaliação clínica dos participantes, no que concerne ao exame dermatoneurológico; na suspeição dos casos de hanseníase (o que é fundamental para inclusão ou exclusão dos contatos na pesquisa), e também na coleta de material biológico (saliva e sangue) para os testes laboratoriais da pesquisa”, diz a coordenadora.
Ela informa que enfermeiros colaboradores e alunos estão dando suporte também na elaboração de relatórios, realização de treinamentos das equipes e consolidação dos dados. Segundo Clódis, como se trata de um projeto guarda-chuva, a intenção é expandir a pesquisa também como foco da detecção precoce da hanseníase em adultos, estudo já pleiteado por alunos e colaboradores visando futuros projetos de mestrado e doutorado.
Avanços
A realização de projetos de pesquisa e ações de extensão no âmbito da Ufal e em vários municípios alagoanos sob a coordenação da Escola de Enfermagem e Farmácia com parcerias locais, têm demonstrado avanços positivos no que se refere a busca ativa de casos, diagnósticos e início de tratamento, detecção de casos de recidivas da doença e reações hansênicas também em outros cenários como unidades de saúde, Complexo Penitenciário de Maceió e Adefal.
Um destaque para a implantação de grupos de autocuidado, como o da unidade de Saúde Dr. Hamilton Falcão, localizado no bairro do Benedito Bentes, coordenado pela assistente social Eloia Miranda visando a melhoria de qualidade de vida aos portadores de hanseníase. Além de receberem orientações sobre direitos e deveres do usuário dentro da proposta do Sistema Único de Saúde (SUS) e Previdência Social, o grupo proporciona aos portadores e ex-portadores da doença uma interação entre eles, oportunizando o conhecimento e a troca de experiência, considerada importante ferramenta de organização e incorporações de saberes e práticas.
Recentemente, a Esenfar criou a Liga De Doenças Negligenciadas com ênfase em hanseníase e tuberculose, Profª Noraci Pedrosa Moreira. A liga foi tem como missão contribuir para formação dos futuros profissionais da saúde, para atuarem nas políticas de controle das doenças negligenciadas, com prioridade na hanseníase. Suas atividades englobarão ensino, pesquisa e extensão e focarão na busca do diagnóstico precoce.