Mestrado leva pesquisa e formação de qualidade para o interior

Pesquisador fala sobre experiência de participar do 1º programa de pós-graduação stricto sensu


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Após concluir o mestrado em Arapiraca, Jhonathan inicia o doutorado no Ceca
Após concluir o mestrado em Arapiraca, Jhonathan inicia o doutorado no Ceca

Pedro Barros - estudante de Jornalismo 

A interiorização da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que completa 10 anos em 2015, tem facilitado o acesso ao ensino superior para as populações distantes da área metropolitana do estado. E esse processo já deu seus primeiros passos para algo além: a pós-graduação. 

Em 2012, no Campus Arapiraca, o Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Ambiente (PPGAA), o primeiro stricto sensu do interior de Alagoas, iniciava suas atividades letivas. O curso foi reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em 2011 e tem contribuído para a formação de pesquisadores, professores acadêmicos e profissionais qualificados no interior. 

Um dos beneficiados por essa implantação é o arapiraquense Jhonatan David Santos das Neves. Ele ficou em primeiro lugar na seleção do mestrado no semestre 2012.2. "Na época que terminei minha graduação, não podia me deslocar para fazer meu mestrado", contou. 

Jhonatan é formado em biologia pela Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), campus Arapiraca. Seu trabalho de conclusão de curso tratou de plantas medicinais e ele acabou tomando gosto pela pesquisa. Nessa fase, já tinha escrito para a revista científica Ambientale, do Programa de Pós-graduação em Gestão Ambiental da Uneal.

 Depois de concluir sua dissertação sobre controle alternativo de pragas, ele está escrevendo um artigo para uma revista internacional e iniciando seu doutorado - também aprovado em primeiro lugar - em Proteção de Plantas, no Centro de Ciências Agrárias da Ufal (Ceca), em Rio Largo. 

Pesquisa 

O trabalho de mestrado de Jhonatan foi a criação de um selante feito com material acessível para controlar pragas de coqueiros. Intitulada "Utilização de selantes para o controle alternativo de coleobrocas do coqueiro (Cocos nucifera L.)", a dissertação foi orientada pelo professor Aldomario Santo Negrisoli Junior e parte dela foi realizada na unidade de execução de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Ceca. Também colaboraram os professores Elio Guzzo e Adenir Teodoro, ambos da instituição parceira. 

Coleobroca é um tipo de inseto designado com esse nome pela forma que ele perfura o coqueiro. "Eles fazem orifícios na planta, reduzindo sua produtividade e, com o tempo, causando sua morte", explicou. 

"Testamos várias misturas de cimento, cal e cola para formar um selante que pode substituir o inseticida. Ele é aplicado no estipe - como é chamado o caule do coqueiro - para o controle de coleobrocas. É algo simples e de baixo custo, pois pensamos no homem do campo", explicou. Essa espécie de massa funciona como uma camada colante que impede que o inseto fuja e ataque outras plantas. 

Desafios e conquistas 

Jhonatan já deu um retorno educacional para a sociedade arapiraquense. Ele colaborou com o Programa de Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Interculturais Indígenas (Prolind) e o Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campo (Procampo), ligados ao campus Arapiraca e Palmeira dos Índios da Uneal.

 

Durante o mestrado, a luta foi para consolidar o curso recém-criado. "Eu vi o esforço dos professores e dos alunos para transformar o mestrado num programa de excelência. Nós nos sentimos na responsabilidade de mostrar que o interior também produz ciência de qualidade", disse. "Toda a minha história é no interior. Minha graduação, as pesquisas que realizei foram no interior". 

Hoje, sua tese de doutorado concentra-se na ecologia química de insetos e sua meta é voltar para Arapiraca e ser professor universitário. O objetivo é concentrar-se nas suas áreas de pesquisa: controle biológico, ecologia e entomologia (estudo dos insetos). 

"O primeiro passo é acreditar no seu sonho. O segundo é acreditar que você é o protagonista dele. Não é a universidade que vai fazer algo por você, ela está lá para ajudar, mas é você que tem que escrever sua história. Foi o que eu fiz e agora estou aqui", concluiu. 

Saiba mais sobre o Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Ambiente .