Núcleo de Assistência Social faz mapeamento de população de rua em Maceió
O estudo aponta a existência de 197 pessoas que dormem nas ruas da capital e integra um projeto de extensão do Núcleo Temático de Assistência Social
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Diana Monteiro - jornalista
Dados do Ministério de Desenvolvimento Social (MDS), em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), contabilizaram que existem no Brasil cerca de 32 mil adultos em situação de rua, em 71 municípios pesquisados. O resultado desse levantamento somado as pesquisas realizadas em outras capitais como Recife, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, constatou haver aproximadamente no País 50 mil pessoas adultas em situação de rua. Contudo, embora esse contingente seja expressivo, não deve ser tomado como o número total de pessoas em situação de rua porque não foi feito na totalidade dos municípios brasileiros e não incluiu crianças.
A constatação dessa preocupante realidade brasileira motivou o Núcleo Temático de Assistência Social (Nutas), da Universidade Federal de Alagoas a desenvolver uma pesquisa denominada de “Mapeamento das localidades e contagem da população que dormem nas ruas na cidade de Maceió”, considerada expressão máxima da vulnerabilidade e exclusão social. A citada pesquisa contabilizou, durante uma noite, em diversos bairros da capital, haver 197 pessoas nessa condição.
O mapeamento, realizado na noite do dia 21 de novembro de 2013, corresponde a uma das etapas do projeto que trata sobre Diagnóstico da População de Rua de Maceió coordenado pela professora Maria Betânia Buarque Lins Costa, da Faculdade de Serviço Social (FSSO) e realizou-se nos seguintes bairros: Poço, Jaraguá, Pajuçara, Ponta Verde, Jatiúca, Cruz das Almas, Centro, Cambona, Barro Duro, Serraria, Benedito Bentes e Tabuleiro dos Martins. A coleta de dados se deu nas calçadas, pontos de ônibus, praças, lojas comerciais, entre outras localidades.
Betânia Buarque informa que há na capital apenas dois abrigos para acolher pessoas em situação de rua: um albergue público no bairro do Poço mantido pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) e outro espaço na Avenida Rotary (Farol), mantido por um frei, mas ambos acomodam apenas 90 pessoas. “Pelo mapeamento feito é necessário a Secretaria Municipal de Assistência Social instalar no mínimo mais quatro albergues, um em cada setor do estudo. As equipes do projeto identificaram pessoas de ambos os sexos dormindo na rua, incluindo crianças”, disse Betânia. O resultado do mapeamento foi apresentado no Caiite 2014 realizado em agosto.
A ação promovida pela Ufal além de envolver a Semas, contou com a participação da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social; Trabalho Social da Paróquia de São Pedro; e Centro de Referência Especial de Assistência Social-População de Rua (Creas/POP). “A pesquisa servirá de base para elaboração de um Plano de Intervenção para o enfrentamento e atendimento à população em situação de rua, demanda até então invisível ao serviço público e à sociedade em geral”, frisa a coordenadora.
A pesquisa, desenvolvida dentro do Programa de Ações Interdisciplinares (Painter), conta também com a colaboração das professoras da instituição Nadja Maria Vieira da Silva, do curso de Psicologia, Janne Alves Rocha, da FSSO e da assistente social e integrante do Nutas, Maria Lúcia Santos Moreira. Tem a participação das alunas bolsistas do curso de Serviço Social Rayara Rayssa Lopes, Érica Rafaela dos Santos, Gleizeane Santos Almeida, Ana Paula Lyra, Mickaelle Salvador Silva e Iris Ferreira Barros, do curso de Psicologia.
Etapas
O mapeamento obedeceu as seguintes etapas: organização das equipes de pesquisadores, cinco por áreas; reunião com a Polícia Militar para dar segurança às equipes; articulação com a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) e a Ufal para locação de transporte para a atividade; e saída para o trabalho para a investigação proposta.
“Ao chegarmos aos 55 locais, anteriormente identificados como estada de moradores de rua, no momento da passagem dos pesquisadores, em muitos deles não possuíam nenhuma pessoa dormindo. No entanto, identificamos muitas pessoas dormindo em pontos que chamamos de “Pontos extras”, até então não cadastrados como locais que abriguem moradores de rua”, frisou Betânia.
Ela informou que segundo os profissionais que atuam no Centro de Referência Especial de Assistência Social-População de Rua (Creas/POP), esta população não dorme no mesmo local. “Daí a proposta de realizarmos a pesquisa num único dia. Os objetivos da realidade investigada foram atingidos, bem como os seus pressupostos foram confirmados. Houve a constatação de que é expressivo o número de pessoas dormindo nas ruas de Maceió e a tão preocupante situação social necessita urgentemente de implementação de políticas públicas”, afirmou a professora Betânia Buarque.