Pesquisadora do Instituto de Física supera a marca de mil citações no Web of Science

A quantidade de citações indica a produtividade e a qualidade do trabalho da pesquisadora


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Maria Tereza de Araújo superou a marca de mil citações em artigos científicos
Maria Tereza de Araújo superou a marca de mil citações em artigos científicos

Lenilda Luna - jornalista 

Os cientistas e pesquisadores brasileiros, até dos maiores centros de pesquisa, localizados em universidades como a USP, sabem bem que publicar um artigo em revista científica internacional, com qualificação de excelência, não é nada fácil. Os critérios são rigorosos, para atestar a originalidade da pesquisa e sua relevância para a comunidade científica. Se publicar artigo em revistas de referência já é uma conquista, então dá para imaginar o quanto é importante ter o trabalho citado mais de mil vezes na produção de outros cientistas. Essa marca foi alcançada por três cientistas do Instituto de Física (IF) da Universidade Federal de Alagoas. A mais recente a entrar nessa lista de excelente produção é a professora Maria Tereza de Araújo. 

A cientista, que trabalha há mais de duas décadas em pesquisas na área de ótica, com várias vertentes, nem sabia desse amplo alcance do seu trabalho. "Descobrimos por acaso, quando estávamos fazendo um levantamento da produção do nosso instituto para pleitear uma das três vagas de professor titular-livre destinadas à Ufal", contou a pesquisadora. O "Web of Science" é uma das mais utilizadas ferramentas de busca para atestar a quantidade de vezes que um cientista é citado em trabalhos científicas internacionais. "Se você quiser quantificar a produção científica de um pesquisador, um grupo ou um instituto, usa essa ferramenta", explica Maria Tereza. 

Ter esse tipo de classificação do trabalho, além de outros como o fator H, que também é uma medida para quantificar a média de citações, é importante para o pesquisador e para o instituto onde ele trabalha. "Quanto mais referências positivas do seu trabalho, mas reconhecimento você alcança na comunidade científica e isso conta na avaliação de um programa de pós-graduação, para conseguir bolsas de estudo e financiamentos para infraestrutura dos laboratórios e para a própria pesquisa. A Ufal como um todo é beneficiada com a produtividade de um grupo de pesquisa", ressalta Maria Tereza. 

A professora explica ainda que para um físico experimental, como é o caso dela, a publicação é mais demorada, porque são necessárias muitas etapas de trabalho. "É preciso pensar no problema, montar os arranjos experimentais, fazer as medidas, obter os resultados e analisá-los, antes de escrever o artigo para publicação. Vários fatores interferem na nessa produção, como falta de energia, poucos alunos colaboradores, pouco tempo para ir para o laboratório, já que os desdobramos em várias atividades, tem ainda o problema da demora de manutenção quando quebra um equipamento", explica a professora sobre o desafio cotidiano de fazer ciência. 

Mas a professora Maria Tereza é entusiasmada pelo trabalho que realiza, e por isso, as dificuldades são superadas com determinação. "Eu acredito que a Ufal, apesar das dificuldades, tem uma produção importante. Nossos índices elevam a reconhecimento de toda a Ufal como instituição de pesquisa. Apesar das dificuldades para angariar recursos, nossos laboratórios são muito bem equipados. Trabalhamos com pesquisa em física experimental desde 1983. O primeiro laser de nitrogênio feito em Alagoas foi projetado aqui no nosso laboratório, na década de 80", relata a professora. 

Maria Tereza de Araújo começou a pesquisar na linha de ótica quando ainda era aluna da graduação em Física da Ufal e bolsista de iniciação científica. "Trabalhei com ótica, na montagem de cavidades óticas para laser, ótica não linear, com gases, vapores de sódio. Então veio o 'bum' da fibra ótica e montamos laser de fibras especiais, não exatamente as fibras que são utilizadas em comunicação. Depois fui fazer doutorado no Instituto de Física da USP de São Carlos e comecei a trabalhar com condensado de Bose-Einstein, no resfriamento e aprisionamento de átomos. Esse tipo de pesquisa rendeu o prêmio Nobel de Física em 1995 e 1997, para pesquisadores que trabalhavam com essa vertente", conta a pesquisadora. 

Quando voltou para Maceió, a pesquisadora teve que se adaptar aos recursos que existiam no laboratório do IF e voltou a trabalhar com Ótica não linear. "Mas, em 2010, um aluno que eu orientava no doutorado começou a trabalhar na interface entre a Física e a Odontologia, com biofotônica, e começamos a desenvolver análises de fotossensibilizador para trabalhar com terapia fotodinâmica antimicrobiana. Nesse período também desenvolvemos um led, em parceria com a Universidade de São Carlos, em um projeto de terapia fotodinâmica para o tratamento de câncer de pele, além de outras técnicas óticas não invasivas", narrou a pesquisadora.

 Bastante eclética, além do trabalho de tratamento de câncer de pele, que atendeu mais de 80 pacientes em parceria com o grupo de dermatologia do HU, a professora também desenvolveu uma investigação de inativação de micro-organismos em queijo coalho, para melhorar a qualidade do produto no mercado local. Maria Tereza ainda se dedica a organizar todos os anos a Expofísica, uma oportunidade para que alunos do ensino médio conheçam as aplicações dessa área científica e se encantem com a disciplina. Nas horas vagas, a pesquisadora ainda encontra tempo para pintar quadros. 

Leia também sobre o professor Francisco Fidelis, outro cientista do IF que superou a marca de mil citações: 

http://www.ufal.edu.br/noticias/2014/01/pesquisador-do-instituto-de-fisica-supera-a-marca-de-mais-de-mil-citacoes-em-trabalhos-cientificos