Museu de História Natural recebe visita de pesquisador da USP

Biólogo Francisco Dal Vechio veio conhecer a Coleção de Herpetologia do Museu


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Pesquisador Francisco Dal Vechio (à direita), Selma Torquato e Neto Araújo na Coleção de Herpetologia do MHN
Pesquisador Francisco Dal Vechio (à direita), Selma Torquato e Neto Araújo na Coleção de Herpetologia do MHN

Com informações de Ludmilla Nascimento, bióloga do MHN

O Museu de História Natural (MHN) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) recebeu no início deste mês a visita do biólogo Francisco Dal Vechio do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). Ele esteve visitando a Coleção de Herpetologia do Museu e analisou exemplares de cobras jararacas (Gênero Bothrops), colhendo informações para seus projetos de Mestrado e Doutorado na USP.

Meu objetivo principal aqui no MHN é analisar exemplares de duas espécies de jararaca, tanto geneticamente quanto morfologicamente” afirmou Francisco. As espécies em questão são a Bothrops bilineata, conhecida como cobra-papagaio e a Bothrops muriciensis. Esta última é uma espécie endêmica da Mata Atlântica do Estado de Alagoas e só foi encontrada, até hoje, na Estação Ecológica (ESEC) de Murici.

A pesquisa de Francisco pretende elucidar questões filogenéticas e também biogeográficas da cobra-papagaio e do grupo jararacuçu, ao qual pertence a endêmica B. muriciensis. “Tanto a espécie quanto o grupo ocorrem na Mata Atlântica e na Amazônia brasileiras, sendo separados pela Caatinga e Cerrado. Meus intuitos básicos são confirmar que as cobras-papagaios da Amazônia e da Mata Atlântica são a mesma espécie, buscar como e em que sentido ocorreu essa colonização; além de utilizar a B. Muriciensis como ferramenta para compreender a sistemática e a biogeografia do grupo jararacuçu” explica o pesquisador.

Para tal, Francisco utiliza características morfológicas e genéticas das espécies e, nesse ponto, ressalta a importância dos espécimes que encontrou na Coleção de Herpetologia do MHN. “Além de ser o único lugar que encontrei amostras de tecido [pedaços de órgãos para análise genética] de B. bilineata, ao norte do São Francisco, estou voltando para São Paulo com uma quantidade muito boa dessas amostras”. No caso da outra espécie, a B. muriciensis, o pesquisador foi mais enfático. “É a única coleção com exemplares e amostras biológicas desta espécie, afinal, ela só ocorre aqui em Alagoas”.

A coordenadora do Setor de Herpetologia e curadora desta Coleção, Selma Torquato, ressalta a importância da vinda do pesquisador da USP. “A visita de pesquisadores de outras instituições complementa os trabalhos realizados no setor, ao mesmo tempo que divulga o acervo e os potenciais usos do mesmo. Permite também a troca de informações e técnicas entre equipes de pesquisas”, disse a bióloga.

Selma reafirmou, ainda, a importância de se ter e preservar essas coleções científicas por elas serem “um registro da biodiversidade de uma região, permitindo várias abordagens de estudo sobre morfologia, comportamento, distribuição geográfica, dentre outras”. E o diretor técnico do Museu, professor Jorge Luiz Lopes, esclareceu que todas as Coleções Científicas do Museu estão abertas a pesquisadores. “Qualquer pesquisador do Brasil e do mundo pode visitar nossos acervos, bastando entrar em contato com os curadores da Coleção de interesse”.

A lista dos Setores e contato de seus coordenadores encontram-se aqui.