Capes aprova doutorado da Ufal em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos

Modalidade foi aprovada após seis anos de existência do programa


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Vandick Batista lembra que programa está aberto para profissionais de quaisquer áreas
Vandick Batista lembra que programa está aberto para profissionais de quaisquer áreas

Jhonathan Pino - jornalista

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) recebeu a notícia da aprovação de seu novo doutorado em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos. Ofertado pelo programa do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), o curso deverá abrir, pelo menos, quatro vagas para a seleção, já no próximo semestre.

O coordenador do programa, Vandick Batista, relata que essa aprovação é fruto de um processo de ascensão contínua do ICBS. Desde que veio da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), há cerca de uma década, ele teve a tarefa de organizar uma pós-graduação na área ambiental no instituto. “O caminho, seguido pelo ICBS inicialmente, foi de incentivar os professores do quadro na produção científica e publicação em revistas de alto nível, até que conseguimos montar o projeto em 2008”, lembrou.

O professor relata que desde a primeira turma do mestrado foi construída uma mentalidade focada na produção científica, a partir da produção de artigos e patentes. “Montamos um esquema onde os alunos tinham que, a cada três ou quatro meses, gerar produtos: são planos, apresentações e relatórios. Essa periodicidade ajudou a que houvesse um sucesso logo de cara, com um grande número de alunos publicando em revistas de qualidade”. A lista dessas produções está disponível na página do programa.

Com a regularização das publicações, a coordenação aumentou as exigências do programa, visando ao doutorado. Para isso, ela estimulou a publicação de artigos científicos em revistas de maior conceito e em Língua Inglesa. “Isso ajudou a que as pessoas se cooperassem: os docentes foram muito motivados e cobrados para isso, até que em 2012 atingimos uma estabilidade”, explicou Vandick.

Ainda em 2012 o programa fez um projeto para o doutorado, mas só dois anos mais tarde o ICBS obteve êxito. “Ele não foi aprovado de imediato; a comissão achou que a gente estava andando muito rápido e quis vir aqui in locu para verificar se aquilo que a gente botou no papel correspondia à realidade. Naquele momento, entregamos as informações a respeito da produtividade discente e docente, com as publicações em revistas de conceito A”, relatou Vandick.

Em menos de uma década, ICBS tem dois doutorados e dois mestrados

O primeiro programa de pós-graduação com oferta de mestrado pelo ICBS foi criado em 2006. Hoje, Ciências da Saúde já oferta a modalidade doutorado, assim como o programa de Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos, que nasceu em 2008 e que agora teve seu doutorado aprovado com conceito 4. A nota do mestrado subirá só em 2016, quando fecha o ciclo quadrienal de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Atualmente 14 professores permanentes e cinco colaboradores participam do programa de Diversidade Biológica. Além do ICBS, eles são provenientes do Centro de Tecnologia (Ctec), da Unidade de Ensino de Penedo e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com uma colaboradora.

O curso de mestrado possui 19 discentes e outro vindo por meio de convênio internacional, com trabalhos em andamento. “O perfil do aluno é todo direcionado a quem deseja ter base técnica e científica que permita a ele fazer o uso e a conservação de recursos naturais. O profissional pode ser um biólogo, engenheiro florestal, ambiental, engenheiro de pesca, pode ser de qualquer área que queira estudar ecologia e biodiversidade”, salientou Vandick.

No programa, os pesquisadores utilizam os laboratórios próprios para desenvolver investigações na área de Ecologia e Conservação. Eles ficam localizados no ICBS, Ctec e no Curso de Engenharia de Pesca, em Penedo. As linhas de pesquisa são na área de zoologia, botânica, ecologia, conservação de recursos naturais, biogeografia, além de genética e microbiologia.

O que muda com a aprovação do doutorado

A criação do doutorado permite que as pesquisas tenham um impacto maior. “Porque, no mestrado, o aluno tem que entrar, fazer créditos, disciplinas, fazer coleta de trabalho de campo e publicar artigos em apenas dois anos. É uma velocidade monstruosa, uma exigência muito forte para publicar em alto nível. Com o doutorado, essas perguntas, que serão desenvolvidas, pensadas e respondidas, poderão ser muito mais profundas, com bases muito mais consistentes e com um número de produtos maior”, explicou o professor.

Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos se junta a outros 12 de pós-graduação com a oferta de doutorado. A Ufal continua sendo a única instituição de Alagoas a possuir cursos nessa modalidade de ensino. “O doutorado é um sinal de qualidade que Alagoas dá para o Brasil e para o mundo, qualidade que foi extremamente difícil de ser obtida em tão curto espaço de tempo. Mas que, com o apoio da direção do instituto e colaboração de diferentes parceiros foi possível ser atendida”, comemorou o coordenador.

O programa também planeja ofertar disciplinas em inglês e implementar as parcerias com instituições estrangeiras. Como forma de estimular a internacionalização, ele possui uma versão em inglês de sua página eletrônica, para que estrangeiros possam pesquisar suas áreas de investigação.