Lúcia Santaella discute transformações de leitura e aprendizagem com as mídias digitais

Semioticista encerrou 6º Edapeci, realizado pela primeira vez na Ufal


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Lúcia Santaella defende que é necessário deixar a cultura exclusiva de Gutemberg e partir para o ensaio e erro como método de ensino
Lúcia Santaella defende que é necessário deixar a cultura exclusiva de Gutemberg e partir para o ensaio e erro como método de ensino

Jhonathan Pino – jornalista 

A professora da Pontífice Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Lúcia Santaella, encerrou nesta quarta-feira (13), o 6º Seminário Nacional da Educação a Distância e Práticas Educativas Comunicacionais e Interculturais (Edapeci), no auditório da Reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Conhecida como maior difusora da Ciência da Semiótica no Brasil, ela trouxe para a conferência de encerramento parte dos resultados de suas últimas pesquisas na área da Educação. 

Com a temática Tecnologias de linguagem, transformações cognitivas e educação, Santaella provocou os professores para a necessidade de mudar seus hábitos de ensino e lidar com uma realidade em que a informação está difusa nos meios digitais. “Não existe uma essência imutável humana e agora com a disseminação das tecnologias de informação, as modificações no modo de se relacionar das pessoas estão mais visíveis”, defendeu a pesquisadora.

Para apontar as consequências dessas mudanças, Santaella demonstrou a passagem dos tipos de leitores, do Contemplativo, presente na cultura do livro, ao Movente, típico do surgimento dos grandes centros urbanos e da adesão progressiva da comunicação por meio de imagens, além do leitor Imersivo, surgido com a navegação na rede da internet. 

No momento atual o desafio torna-se ainda maior com a ubiquidade das informações por meio das mídias digitais, presentes nos dispositivos móveis. “O nosso pensamento é híbrido. Ele não é verbal e gradativamente estão aparecendo meios que fazem com que possamos registrar esse tipo de pensamento onde tudo é misturado”, aponta. 

A conferencista ressaltou que a aprendizagem é um processo contínuo e cada vez mais difundido pelos meios de comunicação, mas seria necessário atuar de forma planejada para que a aprendizagem seja efetiva. “Nós vivemos hoje enredados de informações e qual é o papel do professor nessa realidade? O professor não é mais de modo algum o centro das informações. Ele serve de estrategista”, defende Santaella. 

Também foi relatado como muitas instituições ainda se comportam de forma acanhada para essas mudanças, no entanto, a população adquire as tecnologias de forma espontânea e cada vez dão menos espaço para um pensamento sem ação. “O brasileiro é aberto às novidades e as novidades de comunicação, nem se fala! Trata-se de um povo expansivo que cultiva a cultura do olhar, do contato com o outro, do compartilhar”, e mais adiante ainda acrescentou, “o que é que está acontecendo nesse modo de pensar destas novas gerações é a conciliação entre o perceber, o pensar e o agir”, conclui Santaella. 

Sobre o Edapeci 

O evento foi realizado por meio de uma parceria entre a Ufal e a Universidade Federal de Sergipe (UFS), entretanto ele é tradicionalmente realizado a cada dois anos no estado vizinho. Essa foi a primeira vez em que foi realizada fora daquele estado e voltará para lá em 2017, com o Instituto Federal de Sergipe (IFS), de Itabaiana, como sede. Acesse a página do evento.

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