Norte-americanas disseminam Língua Inglesa pelo Campus A.C. Simões

Elas ministram aulas, promovem eventos culturais e propõem conversações sem compromisso


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Christina, Michelle, Maggie e Stevie estão promovendo reuniões de conversação abertas aos alunos e servidores da Ufal
Christina, Michelle, Maggie e Stevie estão promovendo reuniões de conversação abertas aos alunos e servidores da Ufal

Jhonathan Pino - jornalista

Christina Jang e Maggie Hagan-Brayton atuam juntas nas aulas da Língua Inglesa da Faculdade de Letras (Fale). Enquanto uma escreve na lousa, a outra tira as dúvidas dos alunos de graduação. Entusiasmados com a oportunidade de falar com duas nativas, os questionamentos dos estudantes transpassam o idioma e as aulas ganham contextos culturais. Christina traz experiências de Nova Jérsei; Maggie, de Boston. A elas se somam Michelle Agunloye e Stevie Gildehaus, todas vindas dos Estados Unidos para a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), por meio de um convênio entre os programas Fulbright e o Inglês sem Fronteiras.

Elas atuam como professoras assistentes na graduação de Letras e no ensino do idioma na Casa de Cultura do Campus (CCC), mas vieram principalmente para ajudar na progressão dos interessados em participar do Ciências sem Fronteiras (CSF).

O dia é corrido para todas: trabalham pela manhã e à tarde, às terças, quartas e quintas-feiras. Enquanto atravessam a Ufal, vão encontrando conhecidos, ou mesmo desconhecidos, interessados em conhecer um pouco dessas “gringas”. Mas o cansaço parece que será deixado de lado até dezembro, quando voltarem para seu país de origem.

Após viver numa cidade cosmopolita por cinco anos, como Nova Iorque, ter estudado na universidade homônima e ter feito intercâmbio em Madri-Espanha, onde o inglês também é uma língua natural, Christina disse que seu interesse pelas evoluções sociais no Brasil a fez querer encarar o Nordeste brasileiro. “Queria viver algo mais local, diferente, onde as pessoas realmente falassem outro idioma e tivessem outros costumes”, disse a colaboradora.

Christina relata que enquanto grande parte dos americanos preferem ir para o Sul do Brasil, por ser mais desenvolvido economicamente e devido às dificuldades do idioma nas capitais nordestinas, ela ponderou esses problemas: “Diziam que os alunos daqui tinham pouco nível de inglês. Mas acredito que tudo é questão da pouca oportunidade que as pessoas têm de falar com estrangeiros. O esforço deles em aprender é muito grande e a animação das aulas me fazem gostar muito daqui”, acrescentou Christina.

Stevie relata que a diversidade natural do país a faz ter mais energia para conhecer novos locais. Após ter participado de uma experiência semelhante na cidade de Belém-Pará, no ano passado, Stevie agora se divide entre a Ufal e sua atuação como monitora pelas universidades federais de Sergipe (UFS) e do Recôncavo Baiano (UFRB). “No começo você entra na sala e os alunos ficam com um pouco de medo, mas depois de alguns minutos eles ficam relaxados e começam a falar muito. A gente está sempre trocando ideias sobre a cultura e acaba aprendendo também”.

Calor, mar e raízes africanas são estímulos para escolha de Maceió

As quatro colaboradoras são parte de um grupo de 120 norte-americanos graduados em diversas áreas, espalhados por cerca de 30 cidades do Brasil, com a missão de difundir a Língua Inglesa no Brasil. Maggie, por exemplo, chegou a Maceió em fevereiro passado, um mês antes de iniciar suas atividades na Ufal. Antes de vir aqui, ela estudou Sociologia e já havia dado aula de Inglês no México. Agora vem de sua cidade natal, Boston, para fugir do frio.

“Eu comecei o processo em agosto de 2013. Em setembro, mandaram uma lista de 30 ou 35 cidades para escolher. Tínhamos que escolher duas cidades que a gente queria, e duas que não, além de dar razões do porquê. Eu já conhecia uma menina de Fulbright que estava aqui (em Maceió) e ela adorou; escolhi também porque eu gosto das cidades medianas, não muito grandes”, disse Maggie.

Maggie relata que na capital alagoana as pessoas se demonstram bastante interessadas pelas suas atividades. “Como Maceió não tem muitos estrangeiros, todo mundo se sente curioso em conversar com a gente, conhecer coisas com nossa cultura. Porque todo mundo tem estereótipos, adquiridos com filmes e séries, mas nunca haviam tido experiências com americanos”, opinou.

Para ela, as dificuldades com os horários dos ônibus e a pobreza disseminada pela cidade são os principais pontos de estranhamento das estrangeiras. Por outro lado, morar perto da praia com águas quentes, é um aspecto que a faz gostar mais de Maceió.

Michelle veio de Chicago. Ela soube do programa Fulbright durante sua graduação em Sociologia e Antropologia, em Ohio, e, dado o interesse de trabalhar no Brasil e conhecer um pouco da cultura negra, já que é filha de nigerianos, ela escolheu a capital alagoana.

Outro fator que a fez optar por Maceió é a proximidade com Salvador, cidade em que viveu por seis meses, num intercâmbio. “Eu escolhi Maceió e Recife, as duas cidades ficam perto de Salvador. Mas ainda eu queria ficar no Nordeste, porque eu gosto da cultura negra e africana, que aqui é bem forte”, enfatizou Michelle.

Foi pensando em promover novas trocas culturais que as quatro pensaram em abrir novas turmas de conversação, workshops temáticos e exibições de filmes americanos, com entrada livre e sem compromisso. Os eventos acontecem em salas do Bloco 18 e do Bloco de Salas de Aula 1, da Fale, às terças, quartas e quintas-feiras em diversos horários. Para participar, entre em contato com ufaletras@gmail.com