Canção No Mais é a vencedora do 6º Festival de Música da Ufal

Composição de Salomão Miranda levou a melhor em noite bastante competitiva


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Vencedores do Femufal 2015; resultado foi divulgado no sábado (20)
Vencedores do Femufal 2015; resultado foi divulgado no sábado (20)

Deriky Pereira – estudante de Jornalismo

A canção No Mais, escrita por Salomão Miranda e interpretada pela cantora Mel Nascimento, levou a melhor e se consagrou vencedora do 6º Festival de Música da Universidade Federal de Alagoas (Femufal). O resultado foi divulgado na noite do último sábado (20), no palco do Teatro Gustavo Leite, encerrando, assim, com chave de ouro a programação de mais um Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia (Caiite 2015). Salomão foi contemplado com o prêmio de R$ 3 mil.

Para compor, ele revelou uma curiosidade: estava em um consultório médico à espera de atendimento. A época era aquela dos protestos pelo Brasil, em 2013, “com toda aquela euforia do país”, complementou, ao revelar do sonho que sempre teve de participar do Femufal. “Temos um grupo, o Malacada e, em 2014, enviamos uma música, mas não fomos classificados. Sempre quis participar do Festival e, neste ano, fiquei bastante surpreso e feliz com o resultado”, vibrou, deixando dica para quem quiser seguir carreira. “Eu diria que se você realmente gosta, estude. Músico tem que ser profissional, ao máximo.”

Compositor desde os 19 anos, Salomão destacou ainda que o Femufal é uma excelente oportunidade para que o profissional possa mostrar seu talento. “Sempre quis ser mais compositor do que músico, quis que esse lado meu se sobressaísse e essa é minha relação com a música: eu sento, escrevo e entrego a canção para alguém interpretá-la. É um caminho difícil, mas toda carreira é assim. Em Alagoas, temos muitos bons compositores e o Femufal ajuda a movimentar isso, incentiva-os. Aquele compositor que não é intérprete é valorizado aqui”, salientou.

Primeiro Femufal, vitória dupla

A estudante de Canto Popular da Escola Técnica de Artes (ETA), Sirleide Silva, sempre recebeu bastante incentivo dos amigos para, um dia, participar do Femufal. Esse dia, enfim, chegou e veio com tudo. Participando pela primeira vez, ela conquistou dois prêmios: o segundo lugar e a vitória na categoria de Melhor Intérprete, pela canção Reféns da Sociedade, cuja inspiração surgiu dos clichês do dia a dia.

“A gente vê os clichês do brasileiro, mas a realidade é diferente. As coisas continuam acontecendo e sendo assim desde o início e fica por isso mesmo. Até no amor, hoje em dia alguns relacionamentos, mas não todos, são baseados no que a pessoa tem ou pode conseguir algo com o outro e, a maioria das vezes, não é o sentimento, estar, é algo como ‘se me faz bem, então eu vou investir’”, criticou Sirleide.

Por outro lado, enfrentar o palco foi também um grande desafio para ela, que disse ter recebido muitas dicas para se soltar mais. “Mas o Félix [Baygon, produtor cultural] me alertou, dizendo que eu precisava sair do lugar no palco, que eu estava muito travada nos ensaios”, lembra, entre risos. E complementa: “Aí, eu consegui e pra mim foi demais. Consegui graças à música, que nos leva a isso, a fazer a arte perfeitamente.”

Sirleide disse ainda que a música sempre foi a ferramenta que lhe impulsiona à viver. “É onde eu consigo colocar pra fora o que estou sentindo. Sempre quis estudar música, mas acabei adiando o sonho, me formei em outras duas áreas, mas agora estou voltando para a academia e vou estudar aquilo que, de fato, é o que eu mais gosto”, salientou, deixando uma dica aos que partilham do mesmo sonho. “Acredite! Sempre recebi grandes incentivos, mas não acreditava muito. Mas, a partir de agora, foi o pontapé. Quem tem o sonho, deve meter a cara e ir em frente!”, concluiu.

Me dê licença, por favor.

Uma canção que fala de vida, religião e sexualidade. Kissia Barros trouxe para o palco do 6º Femufal um pedido simples, que pode ser atendido por qualquer pessoa, transformou isso em música e faturou o terceiro lugar no evento: Dê Licença. Composta em parceria com Eric Cabral, aluno de Sistema da Informação do Campus Arapiraca, a recém-formada no curso de Teatro mandou seu recado: “A canção fala justamente isso, me dê licença pra eu viver da forma que eu achar melhor.”

Bem-humorada, Kissia também mandou um recado para aqueles que sonham em participar do Femufal. As pessoas, às vezes, se cobram demais e acabam omitindo grandes tesouros. Acho que a gente tem que colocar a cara a tapa mesmo. Mas, se acha que não vai conseguir ou falta um pouco de coragem, convida alguém que possa interpretar a canção. Você só vai saber se o trabalho será ou não reconhecido quando este for apresentado”, incentivou.

Participando pela quarta vez do Femufal, Kissia revelou ainda que este é uma iniciativa da qual ela sempre espera ansiosamente pela próxima. “Não só pela premiação ou reconhecimento, mas pelo festival em si, pela confraternização dos músicos, disseminação da música e pelo reconhecimento e carinho do público. Eu gosto demais daqui e a cada participação é um aprendizado e uma emoção diferente, além do amadurecimento pessoal também”, disse ela, que se sente em casa quando está no palco. “É onde eu realizo todos os meus desejos”, concluiu.

Samba, soul e muita dança

Mas a final do 6º Femufal não ficou apenas na apresentação dos estudantes. Além dos nove competidores que disputaram a preferência do juri, a noite de sábado contou ainda com o samba contagiante de Igbonan Rocha e da banda Samba de Nêgo para alegrar e abrilhantar ainda mais a programação. “Estou participando aqui pelo segundo ano consecutivo e gostaria de revelar o prazer que sinto. Agradeço pelo convite e que esse Festival continue a acontecer por muitos anos mais”, agradeceu o cantor.

Outra atração também bastante esperada foi a cantora Sandra de Sá. Enquanto seu show não se iniciava, logo que chegou ela quis acompanhar de perto e assistiu algumas das apresentações dos estudantes diretamente dos bastidores. Mas, logo em seguida, a rainha do soul entrou no palco e levou o público ao delírio, cantando grandes sucessos. Um dos melhores momentos foi a interpretação de Bye, Bye Tristeza, quando ela dividiu a plateia em duas e todos encerraram a canção em uma só voz. Veja vídeo na fanpage da Ufal.

Em quase uma hora de show, Sandra animou a todos e convidava o público para participar a cada música e perguntou ainda se o pessoal não poderia chegar mais perto, levando uma multidão à frente do palco. Feliz da vida, apresentou a banda e manifestou desejo de voltar. “Estão vendo como é? E aqui só tem a metade [da banda], viu? Mas, quem sabe a gente não volta aqui, na Ufal, com a banda completa pra fazer outro show maravilhoso?”, indagou a cantora que, na sequência de seu show, fez questão de entregar o prêmio de melhor intérprete.

“Eu já estive em palcos como esse, já participei de festivais também e sei o quanto são importantes para incentivar novos talentos. Lembro-me de um ano em que participei e não cheguei a ficar nem entre os dez primeiros colocados, mas hoje… estamos aqui, uma luta a cada dia. Então, parabéns aos participantes, a todos que participaram, sejam ganhadores ou não, parabéns a todos que também são vencedores! Parabéns ao Femufal!”, concluiu Sandra de Sá, arrancando aplausos da plateia.

O evento contou ainda com uma apresentação especial de alunos que integram a Companhia de Dança Experimental da Ufal.