Papa do empreendedorismo participa de evento apoiado pela Ufal

Professor Fernando Dolabela criou método de ensino utilizado em milhares de escolas


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Fernando Dolabela esteve na Ufal e falou de seu método implantado em escolas públicas
Fernando Dolabela esteve na Ufal e falou de seu método implantado em escolas públicas

Manuella Soares - jornalista 

O 3º Encontro Alagoano de Educação Empreendedora, sediado em Maceió e apoiado pela Universidade Federal de Alagoas, trouxe para a cidade um dos grandes nomes da área, o professor Fernando Dolabela, criador dos maiores programas de ensino de empreendedorismo do Brasil, aplicado na educação básica e universitária. O evento promovido pelo Sebrae está sendo realizado durante esta sexta-feira, 7, no Hotel Jatiúca.

O convidado especial veio debater com os educadores do Estado a importância do empreendedorismo em todos os níveis de ensino. Dolabela criou um método que ensina o termo como um valor. Para ele, não é preciso ter um perfil e características pré-determinadas para ser um empreendedor. “Eu trabalho o comportamento. Você tem que se conhecer para poder construir complementaridades. Se eu não sei vender, eu contrato alguém que saiba. Você não precisa ser um super-homem, basta ter uma autopercepção profunda para trazer para junto outras habilidades e competências”, destacou Dolabela.

Para disseminar esse conceito, o professor aplica o método nas escolas de forma coletiva. Segundo ele, o trabalho não pode ser feito isoladamente, por isso, já implementou a metodologia de ensino do empreendedorismo em todas as escolas públicas de 147 cidades, na sua maioria, no Sul e Sudeste do Brasil. Cerca de 10 mil professores já participaram de seminários realizados por Dolabela. O impacto disso está em duas mil escolas e mais de 400 mil alunos, que, de alguma forma, estão em contato com o conceito de empreendedorismo criado pelo professor.

Dolabela brinca que o espírito do empreendedor é como um vírus, que vai contagiando, por isso tem a pretensão de “contaminar” as pessoas desde cedo. Ele desenvolveu uma metodologia de educação para crianças a partir de 4 anos, porque é nesta idade que elas são inseridas no sistema educacional formal. Ele aplica o método estimulando as crianças a responderem duas perguntas: Qual é o seu sonho? e O que você vai fazer para tornar seu sonho uma realidade?. “Meu projeto visa a inserir nas escolas, em qualquer nível, o conteúdo empreendedor. Eu digo que empreendedor é alguém que sonha, no sentido de conceber o futuro e, não só isso, mas é também alguém capaz de transformar sonhos em realidade. Quando a gente questiona a criança para responder isso, ela é colocada do centro do processo educacional, o aluno passa a ser protagonista”, explicou.

Ufal adota método de Dalabela

O professor Josealdo Tonholo, do Instituto de Química e Biotecnologia da Ufal, que recepcionou o palestrante Fernando Dolabela, comentou sobre importância de todo o conteúdo desenvolvido pelo mestre. Tonholo se mostra orgulhoso ter de disciplinas na Universidade que utilizam o método do perfil comportamental do empreendedor.

“Praticamente todos os cursos da Ufal na graduação e na pós-graduação ou têm a disciplina de empreendedorismo ou a têm embutida na grade. Todos usam a metodologia que o professor Dolabela desenvolveu e vem disseminando aqui na Universidade há quase de 20 anos. Nós temos, inclusive, o primeiro curso de pós-graduação em Química que tem uma disciplina de empreendedorismo”, destacou Tonholo. 

O docente comenta ainda que a geração da Ufal que passou pelo aprendizado deste método em sala de aula está hoje se tornando, de fato, empreendedora. Prova disso são as empresas incubadas na Incubal. Alunos e professores da própria instituição têm se destacado em startups de sucesso.

Sobre Fernando Dolabela

Autor de vários livros publicados, entre eles O segredo de Luísa, considerado uma referência na área de Administração Empreendedora. Recentemente, Dolabela palestrou pela Organização das Nações Unidas (ONU) em Viena e Genebra e já levou a metodologia que criou para vários países de língua portuguesa.

Um dos últimos trabalhos publicados foi um livro de empreendedorismo para pessoas com deficiência, que surgiu depois de conhecer de perto os números impressionantes desse perfil no Brasil. O professor também criou softwares que são aplicados em empresas e atua de forma macro, disseminando o conceito de rede, de trabalho em produção horizontal, onde todos crescem juntos, seja grande ou pequeno empresário.  “As hierarquias só reproduzem, por isso não funcionam no empreendedorismo. É preciso formar redes, porque elas se propagam no contato social”, ressaltou.