Pesquisadora participará de seminário sobre relações econômicas entre China e América Latina

Evento está sendo organizado pela Comissão Econômica para América Latina e vai acontecer em Santiago de Chile


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Professora Milani vai apresentar suas teses em seminário internacional promovido pela Cepal
Professora Milani vai apresentar suas teses em seminário internacional promovido pela Cepal

Lenilda Luna - jornalista

A professora Ana Maria Rita Milani, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac) da Ufal, foi a única pesquisadora das universidades brasileiras convidada a participar do Primeiro Seminário Internacional China e América Latina: Enfoques de uma relação complexa, que será realizado no dia 5 de novembro, em Santiago do Chile. O encontro pretende promover a reflexão sobre a nova fase de relação entre China, América Latina e Caribe por meio de perspectivas multidisciplinares, proporcionadas por especialistas internacionais.

Para entender a importância deste seminário, é preciso saber que a Comissão Econômica para América Latina (Cepal) é um dos órgãos que compõem a Organização das Nações Unidas (ONU), criada em 1948.

O evento é uma reunião de debates e reflexões, para os quais foram convidados representantes de 27 instituições, entre pesquisadores da área econômica e de planejamento e representantes dos governos responsáveis pelo planejamento sócio-econômico de longo prazo. "Uma das grandes referências na construção do pensamento da Cepal foi o economista brasileiro Celso Furtado, considerado um intelectual destacado na América Latina pela grande contribuição no campo do desenvolvimento econômico", ressaltou a professora Milani.

A pesquisadora que é argentina, mas está atuando na Universidade Federal de Alagoas há sete anos, considera que o convite para apresentar as pesquisas dela no seminário da Cepal é um reconhecimento importante para a Ufal. "No Brasil, fomos a única universidade convidada a enviar um palestrante. Isso significa um reconhecimento da relevância das teses que apresentamos em nosso trabalho. É uma oportunidade para a Feac apresentar a produção científica em um debate internacional", destacou Milani.

Ana María Milani é doutora em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre em Economia pela Universidade Federal da Bahia e professora adjunta da Universidade Federal de Alagoas, com pesquisas em macroeconomia, desenvolvimento econômico e economia solidaria.  O tema da palestra que será apresentada por ela será A Dependência Revisitada: inserção internacional comparada entre América Latina e China na década de 2000-2010. "Acredito que o meu trabalho foi escolhido por mostrar uma visão atualizada e diferente do conceito teórico da dependência e dos problemas atuais nas relações comerciais entre a China e a América Latina, nesse novo contexto internacional. É um convite a repensar as políticas de desenvolvimento", relatou a pesquisadora.

Segundo Milani, a Teoria da Dependência foi construída por intelectuais ligados ao estruturalismo latino-americano.  "Este conceito, que foi muito importante para entender o subdesenvolvimento dos países da América Latina, agora está sendo repensado para entender melhor os conflitos dos tempos atuais, nos quais continuamos tendo uma relação de dependência, mas hoje com matizes diferentes do que no período de construção da teoria que teve grande repercussão nas décadas de 1960 e 1970, porque agora temos novas correlações, com a China surgindo no mercado externo, que ainda não alteram a hegemonia norte-americana, mas 'balançam' a ordem internacional e exigem novas reflexões", refletiu a pesquisadora.

O trabalho da professora foi apresentado na Universidade de Berlim, em setembro do ano passado. Ana Maria Milani também foi convidada a expor suas teses no Vietnã e no Chile. "O importante desse convite da Cepal é o fato de ser uma organização de referência para todos os economistas da América Latina. Estaremos representando a Ufal neste debate ao lado de pesquisadores da Europa, Ásia e América Latina e certamente será uma produtiva reflexão para dirigentes políticos e intelectuais de vários países", concluiu a professora.