Cineastas participam de diálogos audiovisuais em Penedo
Diretores, roteiristas e professores universitários tiram tardes para refletir o cinema brasileiro
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Jhonathan Pino – jornalista, enviado especial
Penedo - Quando foram chamados para participar do Festival de Cinema Universitário de Alagoas, Carollini de Assis e Ninho Moraes já se conheciam. Eles tinham se encontrado em 2013 na Mostra Cinema Conquista, realizada na cidade de Vitória da Conquista, Bahia, e a partir de então começaram acompanhar à distância o trabalho do outro. Mas nesta quinta-feira (5) os dois se reviram para participar dos Diálogos Audiovisuais, ocorrido na Casa de Cultura e Extensão Universitária (CEU), na cidade de Penedo.
O tema, em comum, era a produção de documentários. Ninho foi provocativo ao perguntar porque produzir tantos filmes, quando ninguém assiste. Já Carollini foi mais conciliadora mostrando a possibilidade de produzi-los e exibi-los por meio de editais de incentivo, como o DocTV.
“Eu acho que o Ninho fez uma provocação bacana, que é muito pertinente, com relação ao porque nós produzimos vídeodocumentários, diante de todas essas dificuldades que a gente percebe de exibição, de distribuição, às vezes até da própria produção e desse escoamento, pra onde vai isso? De que forma a gente vai inserir isso no mercado? De que forma isso vai chegar ao público? É algo que a gente leva pra reflexão”, disse Carollini, que apesar de ter sido convidada anteriormente, teve esse ano a sua primeira participação no Festival, também como curadora da Mostra Competitiva.
O número de festivais de Cinema ocorridos em Penedo é o mesmo de participações de Ninho Moraes. Apesar de dividir seu tempo entre a docência na Faculdade Cásper Líbero, a produção de programas de TV e o cinema, ele fez parte de todas as edições anteriores do evento realizado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). “Eu participei um pouco da gestação do Festival. Acompanhei todos os filmes, até porque eu sou júri dois filmes todos os anos”, lembrou.
Durante sua apresentação, Ninho também questionou a relação do brasileiro com a produção audiovisual. “Se você pegar a nossa expressão cultural máxima, a Bossa Nova, não existe nada gravado sobre os músicos que, na década de 60, estavam tocando em Ipanema. Tudo o que temos são edições das redes de televisão em programas especiais produzidos anos depois. Pouco dos acontecimentos históricos são retratados pelo cinema brasileiro. O que você tem de representação do mundo político no audiovisual? Nada! E a gente continua com essa carência”, sugeriu o professor.
Som em debate
Para Tide Borges, tudo começa com o som e ele está presente em todos os momentos da nossa vida. Ela esteve no primeiro dia dos Diálogos Audiovisuais, na última quarta-feira (4), onde pôde compartilhar junto com o professor Cláudio Manoel Duarte, da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), o seu fascínio por esse meio de expressão.
Ao longo da tarde, Tide pode comentar sobre a carência de profissionais na área e as restrições financeiras para a produção adequada do áudio. “Eu acho assim: entre fazer e não fazer porque você não tem equipamento ideal, você tem que fazer. O som deve ser pensado e utilizado como o grande meio de expressão do audiovisual”, destacou a docente do Curso de Cinema, da Faculdade de Comunicação e Marketing da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).
Cláudio Manoel concordou com Tide e aproveitou o momento para expressar como pensa sobre o tema, apresentando videoclipes realizados por seus alunos na UFRB, num projeto de mapeamento de artistas da região do Recôncavo Baiano. O docente destacou que as novas tecnologias apresentam possibilidades enormes para a produção audiovisual e hoje são capazes de transformar os usuários em novos produtores midiáticos.
“Eu conhecia o trabalho da Tide pela atuação dela no cinema brasileiro, como referência distante. Pessoalmente é a primeira vez que eu encontro com ela e acredito que a gente tem um diálogo muito próximo. Eu foco no campo mais da música e Tide é mais da construção de trilhas de som para os filmes. Eu vejo sim que a gente tem possibilidade de continuar esse diálogo depois, de ter alguma atividade conjunta em outro campo”, disse Cláudio, alagoano erradicado na Bahia há 16 anos.
O festival continua até o sábado, 7, com as mostras Competitiva, Nacional e Sururu, além de workshop e apresentação de trabalhos acadêmicos.
Confira programação completa aqui.
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