Espaço Cultural sedia 6ª Jornada Pedagógica para Músicos de Banda
Evento ocorreu na última semana e reuniu mais de 250 pessoas
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Natália Oliveira – estudante de Jornalismo
Quem anda pelos corredores do Espaço Cultural Universitário costuma ouvir notas musicais levadas pelo vento. Na última semana não foi diferente. De 12 e 14 deste mês, ocorreu a 6ª Jornada Pedagógica para Músicos de Banda, realizada pelo curso de Música da Universidade Federal de Alagoas, em parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e Prefeitura de Maceió.
Com o tema Filarmônicas: diálogos luso-brasileiros, o evento reuniu 253 pessoas, entre músicos inscritos para apresentações e participantes das atividades ofertadas, e buscou resgatar a história e a influência das bandas de Portugal no Brasil. Também avaliou o cenário atual e definiu estratégias de ação para fortalecer os trabalhos relacionados a bandas de música nos âmbitos artístico e acadêmico.
O evento também buscou reestruturar o repertório, além de manter a tradição das bandas de música. “Dobrado é o único estilo musical genuinamente brasileiro escrito para banda de música. A luta da jornada é manter viva a cultura do dobrado. A banda é uma cultura viva de mais de 200 anos”, declarou o coordenador do evento, Marcos Moreira.
A programação gratuita, dividida entre o Espaço Cultural e o Teatro Jofre Soares, contou com palestras, lançamentos de livros e seis oficinas: arranjo musical, flauta, clarineta, trombone, trompete e regência. Uma das palestras foi Memórias musicais da Banda Curica, ministrada por Cristian Silva e Edson Silva. Durante a atividade, Cristian Silva, diretora da Banda Curica, falou sobre os 167 anos de história do grupo, que é Patrimônio Vivo de Pernambuco.
Para Jorge Pereira, ex-aluno de Música da Ufal, a Jornada Pedagógica é importante, principalmente, para musicistas do interior de Alagoas. “A jornada pedagógica veio ajudar muito as bandas de música, porque no interior, não há professor qualificado para cada instrumento. O evento contribui bastante para o desenvolvimento técnico do musicista”, declarou.
Em 2006, Jorge fundou a Escola de Música Jorge Trompete, nome pelo qual é mais conhecido, em Traipu, cidade ribeirinha do Rio São Francisco. Dois anos depois, criou a banda Sociedade Musical Jorge Trompete no município, que carrega a cultura de banda de música há mais de 100 anos. “Além de tirar as crianças e adolescentes das ruas e do mundo das drogas, é uma forma de ajudar a cultura da cidade. Temos uma banda independente, sem fins lucrativos. A função da escola é incluir socialmente”, explicou Jorge.
Presença de convidados internacionais
Entre os convidados para participar das atividades, estavam o maestro português, Arnaldo Costa, que ministrou a palestra O Dobrado no Brasil e em Portugal; o italiano Paolo de Gaspari, com o workshop Preparação de grupos; e o também português, Alexandre Andrade, que participou de um concerto de flauta e alaúde na Igreja São Benedito, na última sexta-feira (13).
A participação de convidados de outras nacionalidades é um dos fatores que engrandece a Jornada Pedagógica, de acordo com Marcos Moreira. "Estamos tomando a dimensão de um evento de caráter internacional. A jornada começou com professores nacionais e hoje, temos convidados de outros países. A ideia é transformar a jornada em um festival internacional em breve", revelou.
Marcos Moreira, atual coordenador do curso de licenciatura em Música da Ufal, organiza a jornada desde a primeira edição, em 2009. O músico, que é pianista por formação, se interessou por bandas de música desde o ano de 2000, quando foi trabalhar no município Indiaroba-SE. De lá para cá, dedicou seus estudos de mestrado e doutorado nessa linha.
Os convites aos músicos internacionais foram possíveis também graças ao trabalho de pesquisa sobre bandas filarmônicas desenvolvido por Marcos Moreira e Alexandre Andrade, docente do Instituto Piaget, em Portugal.
Além dos convidados internacionais, a jornada pedagógica trouxe músicos brasileiros, como João Raone, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que acompanhou o flautista Alexandre Andrade no concerto na Igreja São Benedito. O evento teve ainda apresentações das bandas Bráulio Pimentel, de São Miguel dos Campos, e Manuel Alves, de Marechal Deodoro, que encerrou o evento.