Mestrado em Antropologia da Ufal realiza atividade na Bienal do Livro
Palestrante convidado, Michel Agier, é colaborador do Laboratório da Cidade e do Contemporâneo
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Jhonathan Pino - jornalista
Na próxima segunda-feira, 23, a partir das 10h, a 7ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas recebe Michel Agier para ministrar a palestra Por uma antropologia das fronteiras. Na ocasião, também haverá o lançamento de seu segundo livro, Migrações, descentramentos e cosmopolitismo, pela Editora Unesp. O pesquisador francês vem a Maceió a convite do Laboratório da Cidade e do Contemporâneo (Lacc), em mais uma atividade organizada pelo recém-criado mestrado em Antropologia Social, na Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Apesar de ser apenas o primeiro semestre do curso, há quase duas décadas, a Ufal vem produzindo pesquisas na área de Antropologia, de forma colaborativa com outras instituições. A exemplo do Lacc, ao longo da última década, pelo menos, outros três coletivos do Instituto de Ciências Sociais (ICS) contaram com a participação de membros externos na elaboração de suas pesquisas Antropologia Visual em Alagoas (Aval), o Mandacaru (Núcleo de Pesquisa em Gênero, Saúde e Direitos Humanos) e o Grupo de Pesquisa em Etnologia Indígena, o que contribuiu para o fortalecimento na área em Alagoas e a criação do mestrado na Ufal.
Nádia Meiners, coordenadora do mestrado, lembra que esses grupos cresceram com o apoio de professores, que, mesmo tendo deixado a universidade alagoana, continuaram a contribuir por meio de atividades pontuais, como orientação, realização de seminários e supervisionamento de estágios. Esse é o caso de Pedro Francisco, hoje na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e Wagner Neves, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Foram professores nossos que se transferiram para essas instituições, mas continuam colaborando. A ideia é não os deixar partir, no sentido de que a gente quer transformar o mestrado em uma forma de troca entre essas universidades, de modo que os alunos possam cursar disciplinas nesses locais e estar próximos de seus orientadores", disse.
A coordenadora lembra que há uma série de práticas culturais desenvolvidas em Alagoas que despertam o interesse de docentes de outras instituições em todo o país, mas que muitas dessas investigações não são aproveitadas localmente. Por isso, a cooperação de professores externos também é um modo de fomentar o diálogo em relação à produção local com as coisas que se faz lá fora.
Em dezembro, o mestrado também abrirá um período de credenciamento para professores de outros cursos e que sejam formados na área da Antropologia, para que possam colaborar com o curso.
Em andamento
Em seu primeiro ano de curso, foram abertas 12 vagas para a pós-graduação. Os candidatos eram provenientes de cursos de distintas áreas, como Direito, Serviço Social e Jornalismo. Nádia justifica que isso se dá porque a Antropologia é capaz de reunir pesquisas de praticamente todos os campos sociais e, na Ufal, as pesquisas ocorrem em temas variados, como as questões de gênero, etnologias indígenas e culturas populares.
“A Antropologia é uma área que dialoga com várias outras, coma a área da Saúde, da Comunicação Social, do Direito. Dos 61 inscritos para a seleção, a gente não teve muito mais que dez alunos do curso de Ciências Sociais, que é onde os alunos têm uma formação mais consistente do conteúdo de Antropologia. Nos outros cursos, ela está presente, mas numa proporção menor. Os nossos alunos são historiadores, enfermeira, assistente social, advogada, um formado em Letras, outro em Turismo. Dos 12 aprovados, apenas cinco são cientistas sociais”, detalhou a coordenadora.
O curso teve início em outubro passado e a aula inaugural ocorreu no dia 5 de novembro, com a presença da professora Cornélia Eckert, que integra o Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A docente é parceira dos grupos de pesquisas da Ufal há uma década e também foi responsável pela orientação de alguns professores do programa, como Siloé Amorim, Silvia Martins e Fernanda Rechenberg.
“Ela está estreitamente vinculada a uma de nossas linhas de pesquisas, que é das Práticas Culturais, Imagens e Memórias. Essa linha articula a produção de dois grupos mais antigos do programa, o Aval e o Lacc. O tema da fala dela foi a narrativa no sentido de construir uma abordagem metodológica para o trabalho de etnografar a duração e os modos de vida das pessoas nas cidades contemporâneas, tendo em vista essa perspectiva de como as pessoas constroem uma identidade narrativa em relação à cidade, ao andar e se situar na cidade”, acrescentou.
Em dezembro, o ICS publicará edital de oferta de vagas para alunos especiais. Eles poderão assistir às aulas a partir do início de janeiro, quando começa o segundo semestre do curso. “O número de vagas será proporcional ao número de alunos inscritos do curso. Se tiverem seis alunos inscritos, serão seis vagas para alunos especiais. A gente tem tido muita demanda e tem claro que não vai ser uma oferta tão grande”, frisou Nádia.
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