Argumentação oral é incentivada entre alunos de escolas do interior

Unidades de ensino médio de Arapiraca, Palmeira dos Índios e Penedo são alvo do projeto


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Professor Deywid  coordena pesquisa sobre gêneros orais argumentativos
Professor Deywid coordena pesquisa sobre gêneros orais argumentativos

Simoneide Araújo -  jornalista

Um projeto do Programa Pibip-Ação da Universidade Federal de Alagoas está sendo desenvolvido em escolas do ensino médio de Arapiraca, Palmeira dos Índios e Penedo. A proposta é estudar e desenvolver no aluno dessas unidades estaduais a habilidade de argumentar se utilizando de gêneros orais.

Trata-se do Estudo dos gêneros orais argumentativos em sala de aula. Segundo Deywid Wagner de Melo, doutor em Linguística pela Ufal e coordenador do Pibip-Ação do Campus Arapiraca, a escola não trata da argumentação e, quando faz isso, só trabalha com o texto escrito. “O que propomos é trabalhar o escrito e o oral, promovendo o debate em sala de aula e o gênero artigo de opinião, que, inclusive, já é privilegiado na Olimpíada da Língua Portuguesa”, explicou.

A proposta do projeto é conhecer o que o estudante entende por argumentação, discutir isso nas escolas para que ele passe a ter condições de produzir a escrita e, também, desenvolva a capacidade argumentativa oral. “Queremos saber desse aluno da escola média o que ele argumenta, se ele entende o que é argumentação. Queremos que ele entenda que argumentar é entrar no universo do outro; não é um debate, é um processo de co-negociação, numa perspectiva totalmente diferente do que o senso comum pensa”, justificou Deywid Melo.

A ideia do pesquisador é levar essa discussão para a escola. “A gente exige tanto que o aluno cresça e produza, mas que condições são dadas a ele? Queremos atingir mesmo o aluno, por isso, nossos bolsistas vão acompanhar o professor em sala de aula. Não vamos chegar na escola para dizer o que está sendo feito de errado. Nossa proposta é dar subsídio ao professor na questão teórica, lançar propostas para que ele possa atuar de modo a favorecer seu aluno, no sentido de desenvolver o argumentar na oralidade e, depois, na escrita”, ressaltou.

Para Deywid Melo, o projeto busca colaborar com o professor da escola do ensino médio, para que ela possa aperfeiçoar sua metodologia usada em sala de aula. “Vamos entrar com o suporte para esse professor – se ele quiser, é claro – que nem sempre tem tempo para preparar uma aula. Para isso, contamos quatro bolsistas do 4º período de Letras e mais dois alunos colaboradores”, disse.

Baseados nos ensinamentos de teóricos como Joaquim Dolz, Bernard Schneuwlk e Roseane Ribeiro, o grupo pretende levar o gênero debate para sala de aula. “Vamos acompanhar, gravar em áudio o que está sendo discutido e analisar, segundo a teoria que estamos adotando, para ver se realmente houve uma evolução; se os alunos conseguem argumentar e que tipo de argumentos são colocados; se eles conseguem construir de forma mais racional ou emocional. Vamos analisar o antes e o depois da nossa atuação em sala de aula”, descreveu.

Durante todo o processo de desenvolvimento do projeto, a equipe vai estar sempre acompanhando e dando o feedback para o docente. “Isso vai permitir que esse professor possa expor para os alunos a evolução deles em sala de aula sobre o que é argumentação”, exemplificou. 

O que é o Pibip-Ação

O Programa Pibip-Ação é formado por projetos de pesquisa-ação que concorrem ao edital das pró-reitorias de Extensão (Proex) e Pesquisa e Pós-graduação (Propep). Eles contemplam atividades relacionadas com as diversas formas de ação coletiva orientadas para a transformação social, desenvolvidas por professores, técnicos e alunos dos campi A.C. Simões, Arapiraca e do Sertão.

Os projetos propõem contribuir para o processo de formação profissional dos alunos, no tocante à prática de investigação científica aplicada. Caracteriza-se, efetivamente, como um processo educativo de formação, reafirmando o compromisso da Ufal com a sociedade.