Pesquisadores debatem contribuição de Mestre Zumba para cultura alagoana

Participantes encerram o Fórum Mestre Zumba com performance artística


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Jeamerson dos Santos e Eduardo Passos participaram do debate dos Pensamentos Ameríndios
Jeamerson dos Santos e Eduardo Passos participaram do debate dos Pensamentos Ameríndios

Jhonathan Pino – jornalista 

Uma vez por ano, o Fórum Mestre Zumba se reúne para compartilhar as experiências que docentes e pesquisadores vem obtendo na disseminação da obra e vida do artista plástico alagoano, José Zumba. No domingo, 22, o encontro deles aconteceu no Auditório Massayok B, durante a realização da 7ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, com mesas-redondas e performance de dança instigando a discussão dos Pensamentos Afro-ameríndios. 

O Fórum nasceu do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do Jeamerson Santos, no curso de Licenciatura Ciências Socias. Incentivado pela professora Rachel Rocha, ele descobriu as pinturas e esculturas do artista de Santa Luzia do Norte e fez disso um um objeto de investigação, que acabou cativando também a professora do curso de Dança, Nadir Nobrega. Esta aproveitou sua experiência do Fórum de Performance Negra, para implantar algo que unisse a reflexão e a dança a partir das obras de Mestre Zumba. 

Por nós termos uma afinidade muito boa, Jeamerson sempre me falava do TCC dele e eu sempre cobrava a ele que me apresentasse. De tanto ouvi-lo, de tanto ficar maravilhada com a fala dele, aí um dia eu pedi que ele nos desse uma aula. Quando ele trouxe as obras, eu disse, pronto, essa vai ser a base do nosso Fórum”, recorda Nadir. 

Cenotécnico da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Jeamerson apresentou na Bienal a origem de seu trabalho. “Eu descobri o Mestre Zumba dentro da própria universidade. Como aluno cotista, eu sempre tive a oportunidade de discutir as questões raciais e também já dentro do movimento, eu tive a oportunidade de conhecer a professora Rachel Rocha. Ela tinha interesse de trabalhar esse tema, só que não tinha ainda um aluno dedicado. Aí eu disse, olha, é um tema importante, como eu sou das áreas das artes e ele é um artista, eu tenho o interesse de conhecê-lo”, lembra Jeamerson.

 

Em 2013 o pesquisador iniciou um resgate histórico da vida do artista. O trabalho acabou trazendo a tona a riqueza do artista plástico, na reprodução de paisagens, da religiosidade, dos ofícios e principalmente da pele negra de Alagoas. “A pesquisa se prolongou porque Zumba já estava falecido. Eu fiz entrevistas com familiares e colecionadores, fiz pesquisas na cidade natal, com documentos, também recortes de jornais para construir essas lacunas da biografia de Zumba e desconstruir a imagem que foi imposta ao Zumba, do artista popular, autodidata, no sentido pejorativo”, detalhou. 

Além da apresentação de trabalhos, o Fórum levou para a Bienal o professor Eduardo Passos que falou sobre o uso das obras de Zumba na disciplina de Artes em escolas públicas, o coordenador do Núcleo de Estudos Indigenistas, Aldir Santos, o professor de Artes Cênicas, José Acioli da Silva e a cineasta Carmem Luz, que debateram temáticas voltadas para questões raciais, a inclusão da cultura afro nas escolas e a construção de novos referenciais da negritude na cultura alagoana.

Durante todo o ano o Fórum realiza saraus para a divulgação do Mestre Zumba dentro e fora da academia, além de promover diálogos e seminários com professores de escolas públicas.