Reitor deixa gestão da Ufal com contas em dia
Eurico Lôbo se despede da comunidade universitária e faz um balanço dos quatro anos que passou à frente da Reitoria
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Simoneide Araújo - jornalista
O reitor Eurico Lôbo está deixando a Reitoria com todos os processos empenhados até dezembro quitados, no que diz respeito a compras e às construtoras responsáveis pelas obras, incluindo a maioria dos serviços. Segundo ele, isso é fruto de intensa articulação junto ao governo federal e ao Ministério da Educação (MEC) que proporcionou à Ufal, na transição de dezembro e janeiro, o recebimento de um montante significativo de recursos.
Essas ações colocam para a próxima gestão um cenário melhor que em 2015, sobretudo porque a presidente Dilma Rousseff (PT) já sancionou a Lei Orçamentária Anual (LOA). "A expectativa é que ainda esse mês de janeiro nós tenhamos as cotas referentes a custeio e capital já liberadas. Isso vai dar uma tranquilidade maior para a nova gestão”, previu.
O mandato de Eurico Lôbo terminou em 1º de dezembro, mas o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, o nomeou reitor pro tempore até a posse de Valéria Correia, no próximo dia 21. O processo de transição foi bastante tranquilo e em todas as conversas, o reitor tem colocado a nova gestora a par da situação real da Ufal.
Ele se despede da Universidade, após quase quatro décadas de dedicação como docente e gestor com uma mensagem para a comunidade acadêmica e para a sociedade. “Desejo à próxima gestão todo o sucesso. Acredito que o crescimento da nossa Ufal significa o crescimento da sociedade alagoana e o sucesso de todos nós que militamos ao longo desses anos aqui na Ufal. Eu deixo a Universidade, após 37 anos de serviços prestados, com o sentimento de dever cumprido e, mais do que isso, com o sentimento de que a Ufal está acima de todos os nossos interesses pessoais, filosóficos e ideológicos. É necessário que todos que aqui passam, que administram essa instituição tenham a convicção que devemos trabalhar em prol de uma sociedade melhor, mais justa, mais inclusiva... a sociedade do conhecimento, porque é o conhecimento que transforma e que eleva o homem”, declarou.
Crescimento institucional
Ao concluir sua gestão, o reitor Eurico Lôbo também aproveita para fazer um balanço sobre os últimos quatro anos em que esteve à frente da Reitoria da Ufal, junto com a vice-reitora Rachel Rocha. Nesse período foram investidos R$ 133,2 milhões em 80 obras distribuídas nos três campi e unidades de ensino da capital e do interior. "Quando assumimos em 2011, estávamos com 13 obras em andamento e 23 paralisadas. Ao longo de nossa gestão, conseguimos manter o que estava em construção, reativar o que estava parado, reformar alguns prédios e iniciar 44 novas obras para ampliação das nossas instalações", declarou.
Esse investimento representa uma ampliação em mais de 50% da área construída. A Ufal tinha 244 mil m² e, hoje, tem mais 133 mil m² com as novas obras. "Esses números são bastante positivos porque tivemos - e ainda estamos vivenciando - momentos muito difíceis com contingenciamentos e cortes no orçamento, mas, mesmo assim, conseguimos concretizar a ampliação de nossa área construída na capital e nas unidades do interior", reforçou.
Segundo Eurico Lôbo, nos últimos anos, a equipe trabalhou no sentido de preparar a estrutura da Universidade para comportar a expansão que foi iniciada desde 2005, projeto à época liderado pela reitora Ana Dayse e ele como vice-reitor, com a criação de várias unidades pelo interior e em Maceió. “Vimos que naquele momento nossa estrutura física estava aquém da nossa ampliação. Uma das principais ações nossas foi priorizar as obras estruturantes, a exemplo do Centro de Interesse Comunitário, da subestação de energia elétrica, wi-fi em todos os campi, ampliação da frota de veículos, estruturamos cada uma das unidades do interior e de capital, do ponto de vista da assistência estudantil, com a criação dos NAEs [Núcleo de Assistência Estudantil], com psicólogos e assistentes sociais”, disse.
Assistência estudantil
Para garantir o funcionamento dos projetos e a permanência dos alunos, a Ufal ampliou o número de bolsas de assistência estudantil. De 1.780, em 2012, para 3.105 bolsas, em 2015, envolvendo as próprias bolsas, os auxílios moradia e alimentação, além de projetos culturais e acadêmicos. Do ponto de vista da assistência estudantil, houve um gigantesco crescimento.
Hoje, a Universidade, nas mais diferentes ações das pró-reitorias, tem em torno de seis mil estudantes atendidos por algum programa, seja bolsa, auxílio, restaurante e residência. “Construímos cinco restaurantes universitários, um novo em Maceió e quatro no interior; três já estão em pleno funcionamento e o de Arapiraca e Delmiro Gouveia inauguramos a estrutura física e estamos finalizando o processo licitatório para compra dos equipamentos e mobiliário”, declarou o reitor.
Também foram construídas cinco casas da nova residência universitária. “Entregamos três e vamos inaugurar mais duas, nesta terça, 19, proporcionando um ambiente mais digno e mais acolhedor para os estudantes, sobretudo os mais carentes”, justificou Eurico Lôbo.
Ampliação de servidores
A Universidade teve um fluxo de pessoas gigantesco nos últimos quatro anos, analisando isso sob dois aspectos: as novas vagas e a substituição de quadro. Os dados levantados informam que o universo de novos professores e técnicos ultrapassa mais de mil cargos preenchidos.
“Isso proporcionou uma maior estabilidade na Universidade como um todo, mas ainda precisamos de mais pessoas, sobretudo nas unidades do interior. É importante lembrar que fizemos mais contratações de profissionais com mestrado ou doutorado. Hoje são quase 900 doutores, docentes mais bem qualificados, que demandam projetos junto às agências de fomento, agregam recursos financeiros, fortalecem os laboratórios, criam novos núcleos de pós-graduação e pesquisa e uma dinâmica muito grande na Universidade”, destacou o reitor.
Formação plena
Para Eurico Lôbo, o aumento no número de mestres e doutores se reflete na ampliação dos programas de pós-graduação stricto sensu. “Nos últimos quatro anos, tivemos aumento da ordem de 50% nos cursos de doutorado e 30% nos de mestrado”. Atualmente, há 32 Programas de Pós-graduação próprios e nove em rede ou associação. Nesses programas estão abrigados 39 cursos de mestrado e 12 de doutorado, todos recomendados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
“Acreditamos que o desenvolvimento é resultado de capacidade técnica e inovação tecnológica. E isso só se consegue com investimento na pós-graduação, que promove a formação plena dos nossos alunos. Para manter os alunos nos cursos de mestrado e doutorado com bolsas, a Ufal investiu quase R$ 3,5 milhões de 2013 a 2015, com recursos oriundos do Proap [Programa de Apoio a Pós-graduação] da Capes”, reforçou Eurico Lôbo.
Para o reitor, outra ação da gestão foi fomentar as ações que visam a valorização dos profissionais na área de pesquisa, como o fortalecimento dos programas de iniciação científica, por meio do atendimento a todas as demandas qualificadas. “Iniciamos a gestão com 100 bolsas do Pibic [Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica], com recursos próprios da Universidade, e, hoje, estamos entregando em torno de 300 bolsas, ou seja, triplicamos as bolsas com recursos próprios. Se contabilizarmos o total do Pibic, temos em torno de 750 bolsistas”, completou.
A Ufal também implantou um programa de inovação e empreendedorismo. “Hoje somos uma Universidade que tem se fortalecido com novas patentes e registros de marcas. Praticamente triplicamos, nos últimos quatro anos, o número de patentes e marcas registradas, inclusive com patentes internacionais, o que, cada vez mais, qualifica a Ufal como uma instituição que cresce e se fortalece do ponto de vista qualitativo”, confirmou.
Além de investir na infraestrutura, a gestão atual também promoveu a abertura de oito novos cursos de graduação presencias, incluindo licenciatura em Letras-Libras, para atender à política de acessibilidade do governo federal, prevista no Programa Viver sem Limites; Medicina, no Campus Arapiraca; e a ampliação de 20 vagas no curso de Medicina, ofertado no Campus A.C. Simões, em Maceió. “Saímos de 5.168 vagas, em 2011, para 5.593, em 2015, ou seja, contabilizamos a criação de 425 novas vagas em quatro anos”, disse.
De acordo com Eurico Lôbo, no último quadriênio, a Ufal saiu da oferta inicial de cinco cursos de graduação na modalidade de Educação a Distância (EaD) para 11, com mais de três mil novas vagas entre os anos de 2012 e 2014, articulados e ofertados pelo sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). Os cursos são nos polos de Santana do Ipanema, Delmiro Gouveia, Arapiraca, Palmeira dos Índios, São José da Laje, Matriz do Camaragibe, Maceió, Penedo e Olho d'Água das Flores.
Com indicadores elevados, esses cursos reforçam a seriedade da modalidade a distância na instituição. O reconhecimento acadêmico vem do próprio Ministério da Educação (MEC): todos os cursos da EaD são conceituados com nota 4 ou 5, nas avaliações realizadas pelo Instituto Nacional Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Dialogando com a sociedade
A cada ano, a Ufal abre mais espaços para chegar junto da sociedade e um dos caminhos para se chegar a essa interação é por meio do desenvolvimento de projetos de extensão. A Ufal está presente e desenvolve ações nas comunidades que vivem no entorno dos campi e da população de 90% dos municípios alagoanos, com extensão, pesquisa e atividades culturais e esportivas.
“Estamos levando conhecimento científico para perto das pessoas, fora da sala de aula. Nos últimos quatro anos, ampliamos em 32% o número de bolsas e isso significa a oferta de mais de duas mil bolsas. Desenvolvemos mais de três mil ações de extensão nos quatro últimos anos, envolvendo alunos, servidores técnicos e professores de diversas áreas; promovemos mais de 130 cursos de verão e inverno durante as férias acadêmicas. Também estimulamos a criação de Programas Institucionais de Extensão e ampliamos a participação da comunidade universitária, assegurando maior visibilidade da extensão na Ufal como instância de formação acadêmica”, revelou Eurico Lôbo.
Investimento em TI
A Ufal teve ampliação da rede lógica para todas as unidades, incluindo o interior, e aumentou a velocidade da internet. A unidade do interior menos servida tem 100 Mb/s de velocidade. "A nossa intenção é facilitar o trabalho e professores, pesquisadores e estudantes. Na unidade de Rio Largo, por exemplo, o serviço era muito limitado e, agora, o Centro de Ciências Agrárias está com 1 Gb/s", disse Eurico Lôbo.
Associado a isso, foi feita uma reestruturação organizacional com a aquisição de um Sistema Integrado de Gestão, o SIG, que tem uma plataforma que se comunica com diversos sistemas do governo federal, como Sigepe e Siafi. "Toda a Universidade vai poder ser gerenciada de forma muito mais ágil. Já implantamos os módulos de recursos humanos, compras, patrimônio e estamos finalizando o de gestão de atividades acadêmicas", complementou o reitor.
Independência energética
Uma das metas da gestão de Eurico Lôbo foi a melhoria do fornecimento de energia elétrica no Campus A.C. Simões, em Maceió. Em quatro anos, com apoio do MEC, foram investidos R$ 7 milhões na construção de uma subestação de 69KV, uma obra importantíssima porque vai livrar a Universidade de um problema que afeta todas as áreas da instituição. "Teremos eficiência energética, com o dobro da capacidade atual, que vai garantir energia elétrica de qualidade para atender às demandas de hoje e às dos próximos dez anos", comemorou.
A subestação vai melhorar o fornecimento e a Ufal passará a consumir uma energia 20% mais barata. Além de reduzir gastos no orçamento, não haverá mais interrupção de fornecimento e nem teremos oscilação na voltagem, o que vai reduzir os danos aos aparelhos elétricos, especialmente nos laboratórios. "Esse é mais um passo para a Ufal passar a ter energia de melhor qualidade, mais estável e com menor custo. Hoje, temos uma potência de 2,7 MW e passaremos a 10 MW", confirmou.