Grupo de Pesquisa de Veterinária é parceiro em seleção para Olimpíada do Conhecimento
Evento nacional pretende despertar nos jovens o interesse pela ciência e tecnologia
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Diana Monteiro - jornalista
O Grupo de Extensão Pesquisa em Equídeos (Grupequi) do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Alagoas, foi um dos parceiros da equipe Atabótica (Ebep Atalaia), campeã no torneio local e representará o Estado na 9ª Olimpíada do Conhecimento, de 10 a 13 de novembro, em Brasília. A olimpíada é a maior competição de educação profissional das Américas e reúne a cada dois anos estudantes de cursos técnicos e de formação profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e dos Institutos Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (IF).
O torneio em Alagoas, realizado no último mês de setembro, contou com quatro equipes de robótica da rede Sesi/Senai e foi baseado na competição internacional First Lego League, sendo avaliados os pilares do projeto de pesquisa, com o tema da temporada 2016/2017 Animal Allies e Core Values. O objetivo do evento é despertar nos jovens o interesse pela ciência e tecnologia e aproximar os estudantes dos profissionais. Além da Abótica, disputaram a vaga em Alagoas as equipes RoboCamb (Sesi Cambona), TecMade (Ebep Marechal) e Wolfbots (Ebep).
“A equipe vencedora conta com o cavalo como seu animal aliado e desenvolve um projeto de pesquisa que apresenta uma ideia inovadora para o tratamento da Laminite, doença equina que afeta cavalos de todas as idades, podendo levá-los à eutanásia”, informou o professor Pierre Barnabé, coordenador do Grupequi da Ufal.
Avanço
Ao longo de 16 anos de realização, a Olimpíada do Conhecimento cresceu em estrutura e participação. Promovida pelo Senai desde 2001 iniciou avaliando 26 categorias profissionais, e em 2014 já contemplou 58 ocupações. Este ano apresenta novo formato com desafios que têm tudo a ver com o perfil criativo e inovador dos jovens profissionais. Estudantes serão desafiados a apresentar soluções e produtos para empresas e para a comunidade, além de participar de provas individuais que exigem precisão e raciocínio rápido.
Na competição são avaliados os conhecimentos teóricos e práticos, as habilidades intelectuais e as atitudes consideradas essenciais para o exercício profissional competente, além do resultado final: produtos de projetos-teste desenvolvidos em uma situação real de mercado nas diversas ocupações.
Além do Grupo de Pesquisa e Extensão da Ufal a etapa de seleção contou com outros parceiros que auxiliaram a equipe em todo o processo de pesquisa. Entre eles, os orientadores André Vigário, Gildenor Leite e Hyago Basilio, e também recebeu apoio da Indústria Glastec e da empresa Ortotec. “Com muita diversão e dedicação a Atabótica segue para a fase nacional, buscando melhores resultados e alavancar ainda mais o nome do estado de Alagoas”, disse Pierre.
A equipe Abótica, assim denominada pela junção das palavras Atalaia e Robótica, é formada por alunos da Unidade Integrada Sesi/Senai/Ebep Atalaia: Karla Muriele Pereira Lopes (3º ano Técnico em Informática); Jael Alves da Silva, Ana Carolina (3º ano Técnico em Segurança do Trabalho); Lorena Matos da Silva Melo, Mayara Elias dos Santos, Elaine dos Santos Cruz (2º ano Técnico e Informática) e Diego Ambrósio da Silva (2ºano Técnico em Segurança do Trabalho). “O nosso objetivo é sempre levar o nome da nossa cidade às competições que participamos”, frisou Gildenor Leite, que é líder da área de gestão e segurança do trabalho.
Patologia Laminite
O Grupequi do curso de Medicina Veterinária da Ufal trabalha com dor crônica há sete anos, sendo foco dos seus estudos a dor gerada pela laminite e seu controle multimodal. A patologia é popularmente chamada de "aguamento" e atinge o sistema locomotor de equinos, com ocorrência alta em cavalos atletas das mais diversas modalidades. É descrita como uma doença vascular periférica, com diminuição da perfusão capilar no interior do dígito, necrose isquêmica (falta de sangue) das lâminas, gerando inflamação e muita dor. “A laminite ocorre devido a manifestação local de um distúrbio metabólico mais sistêmico, que afeta o sistema cardiovascular, renal, endócrino, coagulação sanguínea e do equilíbrio ácido básico”, explica Pierre Barnabé.
Ele acrescenta que a falange distal do animal (osso que fica no interior do casco), é presa no interior da parede do casco por lâminas. “Na base da falange existem vasos sanguíneos que nutrem essas lâminas. O tendão flexor profundo se insere na superfície palmar (de trás) da falange distal (ele tem a função de flexionar esta região). No membro afetado com Laminite ocorre uma isquemia (diminui o suprimento de sangue) no interior do casco, as lâminas ficam inflamadas e podem necrosar, ocorrendo rotação da falange em direção ao solo, podendo perfurar a sola e causar osteomielite”, enfatiza Pierre, dizendo que em casos mais sérios o animal pode perder o estojo córneo.
Grupequi
Em atividade desde 2009, o Grupo de Pesquisa e Extensão em Equídeos da Ufal tem como filosofia fundamental alavancar a transformação do Estado pela cultura e educação promovendo atividades com focos na formação, responsabilidade social e geração de conhecimento de forma unificada, segundo Pierre Barnabé, sem segmentação e de maneira indissolúvel, mantendo suas atividades nos três alicerces da Universidade, sempre focando suas ações na inovação.
O coordenador informa que as pesquisas estão centradas nas seguintes linhas: Dor crônica, Equinos, Neurolíticos, Acupuntura e Própolis. A formação dos alunos nas áreas que envolvem as ações com equinos é maximizada por meio das atividades de extensão e pesquisa, além da implantação da disciplina eletiva de Empreendedorismo e Inovação Tecnológica, onde, durante o semestre, oferece duas tardes empreendedoras com participação de profissionais do mercado e de empresas trazendo suas experiências.
Na extensão, o Grupequi tem em desenvolvimento o projeto Carroceiro Vet Legal, que está no edital Proccaext da Pró-reitoria de Extensão (Proex), além das atividades ambulatoriais em equinos ligadas à inovação em parceria com a empresa pré-incubada TEC Animal. “A ação já resultou em 14 resumos em congressos e em dois anos a elaboração de seis artigos científicos, envolvendo relatos de casos de difícil resolução”, diz Pierre.
Sobre a participação na seleção estadual da Olimpíada do Conhecimento junto à equipe vencedora, o coordenador reforça: “Alavancar o ensino médio técnico faz parte desse processo, assim, para o Grupequi, esse reconhecimento da equipe do Sesi/Senai de Atalaia é como se fosse uma conquista nossa, visto o empenho de alunos de graduação da medicina veterinária nesse projeto”, afirma o coordenador. Participaram das atividades os alunos Taine Soares, Yane Moreira, Franklin Oliveira, Suzana Nobre e Yane Moreira, do curso de Medicina Veterinária.
Patente
O professor Pierre Barnabé informou que as terapias celulares também são temas de pesquisa do grupo, onde já há depositada patente de uma combinação farmacêutica neurolítica visando contemplar animais com dor crônica da laminite. Além desse, tem o estudo de um bolsista CNPq com projeto envolvendo neurolíticos e co-orientando no doutorado da Universidade Federal de Minas Gerais, com o tema de Leucoaféreses na Laminite aguda. O estudo científico conta com participação do professor Odael Spadetto, aluno da pós-graduação da Universidade de Vila Velha (ES) e o orientador Rafael Faleiros, uma referência mundial sobre o tema.