Seminário sobre Segurança Alimentar mobiliza comunidade universitária e segmentos sociais

Atividade teve como foco central a Agricultura Familiar e faz alusão ao Dia Mundial da Alimentação comemorado no dia 16 de outubro


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Reitora Valéria Correia destaca as ações em andamento para aquisição de produtos agroecológicos (Fotos: Daniel Araújo)
Reitora Valéria Correia destaca as ações em andamento para aquisição de produtos agroecológicos (Fotos: Daniel Araújo)

Diana Monteiro - jornalista

Estreitar os laços da academia com movimentos sociais, órgãos governamentais e entidades que têm como finalidade proporcionar o bem-estar e qualidade de vida ao ser humano, pautou na manhã desta terça-feira (11), no auditório da Reitoria, a programação do Dia Mundial da Alimentação na Universidade Federal de Alagoas que transcorreu durante os dois horários com palestra, mesa-redonda, debates, oficinas, feira agroecológica e  plantio de árvores frutíferas no Campus A. C. Simões.

A atividade configurou-se como umas das ações dos projetos de extensão Segurança Alimentar e Nutricional no Espaço Universitário: Garantindo o Direito Humano à Alimentação Adequada, coordenado pela professora Wanda Griep Hirai, da Faculdade de Serviço Social (FSSo), e Colhendo Bons Frutos: Nutrição e Agroecologia, sob a coordenação da professora Maria Alice Araújo Oliveira,  da Faculdade de Nutrição (Fanut), tendo ainda a parceria, na instituição, do Centro de Ciências Agrárias (Ceca).

Para o Dia Mundial da Alimentação, comemorado em 16 de outubro, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) instituiu este ano como tema  "O clima está mudando. A alimentação e agricultura também". Na  Ufal, a palestra de abertura foi proferida pelo professor Flávio Sacco dos Anjos, da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), considerado uma referência no país em estudos e pesquisas na área de agricultura familiar. “A atividade, focada na alusão à data mundial, tem como objetivo promover as políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar e da reforma agrária responsáveis pela produção dos alimentos que chegam às nossas mesas”, frisam Wanda Hirai e Alice Araújo.

O evento na Ufal proporcionou a realização do 1º Seminário Estadual Segurança Alimentar e Nutricional, da Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades), e a segunda edição do evento com o citado foco de debates.  A mesa de abertura, presidida pela reitora Valéria Correia,  contou com participação dos seguintes representantes: Antônio Pinaud, secretário estadual da Assistência e Desenvolvimento Social;  Kaline Batista, gerente do Sesc-AL; Analice Dantas, pró-reitora Estudantil; e as coordenadoras do evento Wanda Hirai e Alice Araújo, representando, respectivamente, a Faculdade de Serviço Social e Faculdade de Nutrição.  

Na oportunidade, a reitora Valéria Correia destacou a importância do evento para a  discussão e ações em andamento na instituição visando a segurança alimentar e nutricional da comunidade universitária, especialmente, direcionadas aos três Restaurantes Universitários (Campus Maceió, Campus Arapiraca e Campus do Sertão). Os dois últimos ainda se encontram em fase de estruturação para abertura.

Valéria enalteceu a importância das parcerias resultadas do evento por fortalecerem as atividades promovidas pela atual gestão que tem em seu planejamento a transformação na forma de compra de produtos para adquirir alimentos agroecológicos e da agricultura familiar.

“Precisamos estreitar os nossos laços com os assentamentos produtores de Alagoas. Vamos inovar essa compra de alimentos para dotar de alimentação saudável os restaurantes universitários da instituição”, disse Valéria, tecendo críticas ao alto uso de agrotóxicos na agricultura de Alagoas. Na oportunidade, a reitora parabenizou as coordenadoras dos projetos em andamento e ações institucionais visando a segurança alimentar e nutricional da comunidade universitária.

A mesa-redonda Agricultura familiar: experiências e perspectivas fez parte da programação no período da manhã, tendo como moderadora Maria Alice Araújo. Contou com a participação de Anna Carla Luna, da Secretaria Municipal de Educação (Semed): Débora Nunes, do MST-Alagoas; Eunice de Jesus, do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea); e Ricardo Ramalho, do Instituto Terra Viva.

Desafios

O secretário Antônio Arnaud destacou a importância da Ufal no desafio para a segurança alimentar e nutricional: “É uma extraordinária iniciativa que vai impactar positivamente a sociedade alagoana. Temos que pensar uma nova geração e hoje estamos dando um grande passo para o desenvolvimento regional”, frisou. “Não existe alimentação saudável se não existir reforma agrária e a Pró-reitoria Estudantil tem interesse e compromisso com essa temática”, disse Analice Dantas.

Na oportunidade, Wanda Hirai enfatizou que o ponto forte do evento é por proporcionar a reflexão sobre alimentação saudável e de qualidade tendo como principal foco os restaurantes universitários com aquisição de alimentos da agricultura familiar, como ocorre em várias universidades brasileiras. Ao reforçar o objetivo do seminário, Alice Araújo ressaltou que o evento resulta de um esforço dos projetos de extensão e de pesquisa em desenvolvimento na instituição, tendo como importante suporte para a concretização, as parcerias.

O seminário contou com os seguintes parceiros: Mesa Brasil, Sesc/AL, Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades), Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Conselho Regional de Nutrição (CRN-AL), Universidade Tiradentes (Unit) e Instituto Terra Viva.

Agricultura familiar no Brasil

Ao discorrer sobre o tema Agricultura familiar, mercados institucionais e segurança alimentar o professor Flávio Sacco dos Anjos destacou fases desse segmento de produção no Brasil em suas duas décadas de existência. Ressaltou que a defesa da agricultura familiar não pode ser vista como um fim em si mesmo, ou como um fato desconectado da agenda de transformação social do país.

Considerando a fase de implantação como pioneira, Flávio citou a criação do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familair) que consiste numa linha de crédito agrícola diferenciada para o universo familiar da agropecuária brasileira. A afirmação e territorialização da Agricultura familiar, foram destacadas pelo professor como a segunda fase da AF onde enfatizou a expansão da cobertura dos programas de apoio, incluindo o Pronaf, para os estados setentrionais. 

Ao falar sobre a terceira fase, onde considera a da consolidação da agricultura familiar, por englobar as inovações sociotécnicas e institucionais, Flávio Sacco destacou: “Nessa fase há a ampliação da interlocução do Estado com as forças militantes no campo da agricultura familiar e cria-se a Lei 11.326, de 24  de julho de 2000 para a construção de uma agenda propositiva e diversificada mais além do crédito”, frisou.