Caiite 2016 termina com legado para a ciência em Alagoas

Evento abriu as portas da Universidade para a sociedade e reuniu estudantes e profissionais em debates de temas diversos


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Campus A.C. Simões recebeu uma ambientação especial para sediar o evento
Campus A.C. Simões recebeu uma ambientação especial para sediar o evento

Manuella Soares - jornalista

União de esforços e superação. Com essa fórmula o Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia (Caiite 2016) foi realizado no período 7 a 15 de dezembro com uma vasta programação distribuída pelos campi da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em Maceió e no interior. O evento também marcou o início do Fórum Permanente de Reitores, com a assinatura do termo de intenções que vai unir esforços das instituições públicas de ensino superior de Alagoas na defesa da educação pública, gratuita e socialmente referenciada.

Sob a coordenação do vice-reitor da Ufal, José Vieira Cruz, a 4ª edição do Caiite precisou de adaptações para manter o compromisso com a divulgação científica em Alagoas. “Estamos felizes com o resultado, apesar das dificuldades, foi um ano difícil, com orçamento curto. A Gestão tomou como decisão realizar o Caiite num formato mais enxuto, mas, ao mesmo tempo, valorizando e resgatando a tradição de ser um congresso acadêmico, integrado, com parcerias já consolidadas”, ressaltou Vieira.

O Campus A.C. Simões recebeu uma ambientação especial para sediar o evento em Maceió. O grupo Luminaturas, da Faculdade de Arquitetura de Urbanismo, trabalhou elementos que remetem à cultura alagoana e deixou o campus mais colorido para quatro dias intensos de troca de conhecimentos e experiências.

Os debates abordaram temas de todas as áreas. Teve público para discutir as competências do judiciário; para entender os rumos da Psicologia; interessados na extração mineral de Alagoas, em biodigestores ou no vírus Zika. Houve gente atenta ao debate sobre o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Informação; o Ensino a Distância, discussões sobre gênero, sexualidade, religiosidade, moda, saúde ou agricultura familiar. Em cada espaço da Universidade estava o universo que a ciência possibilita.

Os assuntos variaram, mas também tiveram muitos pontos em comum. Um deles foi o interesse em se informar sobre o atual contexto político e econômico do país, especialmente, os impactos gerados nas instituições de ensino superior com as medidas de contingenciamento impostas pelo atual governo.

“O grande legado que o Caiite 2016 deixa é um sentimento de pertencimento da comunidade universitária para com a Ufal. Estudantes, técnicos, professores e pesquisadores desfrutaram esses dias de um intenso e profundo intercâmbio. Isso que vamos deixar para a Ufal nesse tempo de tantas dificuldades, incertezas e indefinições. É uma forma de abraçar a Ufal e dizer que estamos defendendo um projeto de universidade pública para a sociedade”, destacou o vice-reitor.

Os convidados para as conferências magnas do Caiite 2016 evidenciaram o que está mais latente na realidade brasileira. Giovanni Alves (Unesp-Marília), Roberto Leher (UFRJ) e Ado Jorio (UFMG)  falaram sobre as ameaças da crise política e as perspectivas de futuro para o ensino superior. Eni Orlandi (Unicamp) fez uma discussão ampla sobre o modelo de ciência adotado no país, que é sustentado por regras de validação internacionais; Ruy Braga (USP) falou sobre a importância da Previdência na economia e a necessidade de incluir mais pessoas e recursos nela; e Áquilas Mendes (FSP/USP) debateu sobre a situação da saúde pública no capitalismo.

Programação diversificada

O Caiite 2016 recebeu mais de cinco mil inscrições, a maioria, para as oficinas e minicursos. Essas atividades encheram as salas dos prédios das faculdades de Economia, Administração e Contabilidade (Feac), Direito (FDA), Medicina (Famed), Nutrição (Fanut), Educação Física e Instituto de Ciências Biológicas e Saúde (ICBS). Nesses locais, estudantes dos ensinos superior e médio, além da sociedade em geral tiveram a oportunidade de aprender, de forma dinâmica, sobre diversas áreas.

Alguns levaram para casa as dicas de como falar bem em público ou de autocuidados no verão; outros aprenderam sobre segurança alimentar, metodologia de pesquisa científica, primeiros socorros, ou energia solar. Teve criança na Universidade aprendendo a fazer horta, jovens na oficina de quadrinhos e adultos extravasando na dança.

As atrações culturais abrilhantaram o evento com apresentações do Corufal, da Orquestra Sinfônica e de grupos de dança e teatro. Teve até show de química e do planetário. Os equipamentos culturais da Ufal abriram as portas durante o Caiite para rechear a programação nos museus Théo Brandão e de História Natural, no Espaço Cultural e na Usina Ciência. Mas teve também o palco aberto no Centro de Interesse Comunitário para quem quisesse mostrar algum talento.

O Caiite foi eclético e universal. O Movimento dos Sem Terra marcou presença com a doação de cerca de 400 kg de alimentos orgânicos para os participantes. Eventos paralelos ocorreram dentro da programação, como o Encontro do Pibic; Jornada de Relações Públicas e Café com Agroecologia. Mais de 1,7 mil trabalhos foram recebidos para apresentação em comunicações orais.  

A Editora Universitária (Edufal) também marcou presença no Congresso Acadêmico com a promoção de uma sessão de lançamentos de livros para divulgar o que está sendo produzido na Universidade.

Trabalho voluntário e investimento que retorna para a Ufal

 Os parceiros do Caiite colaboraram financeiramente para a realização desta edição, sendo os recursos empregados em serviços de manutenção. A Gestão realizou investimentos que ajudaram a “arrumar a casa” para sediar o Congresso Acadêmico. “Esse modelo nos permitiu uma otimização de recursos disponíveis. Tudo o que foi investido, materialmente, de alguma forma retornou para a Universidade, seja na jardinagem, iluminação, na sonorização ou na ocupação dos espaços. Foi um modelo, no nosso entender, bem sucedido e que poderá ser melhorado. A gente tem um norte, não só para a realização de outros Caiites, mas também eventos de maior envergadura como a 70ª Reunião Anual da SBPC, um dos maiores eventos acadêmicos do Brasil e da América latina”, frisou o vice-reitor José Vieira.

Toda a equipe que trabalhou no Caiite 2016 foi composta por servidores e estudantes voluntários. Foram 260 selecionados dos mais de 500 que se inscreveram para colaborar. “Ficamos felizes também porque esse Caiite resgata, dentro de uma perspectiva autoral, a construção do evento a partir do olhar e da expertise dos nossos servidores das áreas de comunicação, produção cultural, administração e infraestrutura logística, além da ação colaborativa dos estudantes que atuaram como monitores, que abraçaram o evento, vestiram a camisa e perceberam a potencialidade dos nossos espaços”, destacou Vieira.

Caiite no interior

Do Leste alagoano ao Sertão, o Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia percorreu o interior de Alagoas para promover a troca de conhecimentos e algumas atividades culturais. Pesquisadores de fora e da Universidade Federal de Alagoas se reuniram para debater temas de interesses locais. As cidades de Arapiraca, Santana do Ipanema, Penedo e Palmeira dos Índios receberam atividades.

Em Arapiraca a programação contou com mesas, oficinas e um feirão de livros da Edufal que vendia títulos com até 50% de desconto. Na conferência de abertura, na segunda-feira (12) o professor Estevan Barbosa de Lascasas, da UFMG, falou sobre a permeabilização das fronteiras disciplinares. Os debates durante o Caiite na sede do campus também contaram com oficinas e mesas promovidas por estudantes do curso de Medicina. A comissão organizadora do evento em Arapiraca disponibilizou um ônibus que ficou circulando pela cidade para levar os participantes aos locais das atividades na Ufal e Uneal.

Turismo, biodiversidade marinha e tecnologia da informação foram temas abordados na unidade educacional de Penedo. Uma das convidadas foi a professora Luiza Coriolano (UECE), que ministrou uma palestra sobre a relação entre trabalho, ócio e turismo. Já os estudantes de Viçosa tiveram a oportunidade de apresentar trabalhos científicos em comunicações orais durante os dois dias do Caiite na cidade. E o sertão do Estado também recebeu o evento na cidade de Santana do Ipanema, após dois anos sem atividades no local.

Entre os convidados, estiveram os professore Frederico Monteiro Neves, (UFSB) que falou sobre Mitigação e adaptação às mudanças climáticas nas políticas públicas do Brasil; Pedro Abelardo de Santana e Diogo Monteiro, UFS, que palestraram sobre Territórios Indígenas. “Há muito a comemorar. Estamos todos de parabéns, tanto os que realizaram o Caiite em Maceió quanto no interior, proporcionando integração, intercâmbio e esse sentimento de identidade, de pertencimento como uma Universidade que produz e socializa conhecimento com a sociedade alagoana”, finalizou José Vieira. 

 O evento foi promovido em parceria com o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e Universidade de Ciências da Saúde (Uncisal), e contou com o patrocínio de instituições como Fapeal, Sebrae e Algás. Fundepes, Banco do Nordeste, Imprensa Oficial Graciliano Ramos, Doity e IMG Relações Públicas foram instituições apoiadoras.