Roberto Leher discute os desafios da universidade pública brasileira
Reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro falou sobre os acontecimentos políticos na educação do País
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Danielly Bezerra – estudante de Relações Públicas
Na noite dessa sexta-feira (9), o Caiite recebeu o professor e reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, para debater a problemática do ensino superior e discutir a interferência dos acontecimentos políticos na educação do País. A mesa-redonda, que foi antecedida pelo espetáculo Se tubarões fossem homens, aconteceu no Auditório Nabuco Lopes, localizado na Reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Campus A.C. Simões, em Maceió.
Além do professor Leher, compuseram a mesa para discussão a reitora da Ufal, Valéria Correia; o secretário geral da Associação dos Docentes da Ufal (Adufal), Jorge Oliveira; Davi Francisco, representante do Sindicato dos Trabalhadores da Ufal (Sintufal); e os estudantes Hermes Rodrigues e Thays Camila, convidados para representar o movimento das ocupações. Todos foram apresentados pela reitora e discutiram, em linhas gerais, as dificuldades enfrentadas pelas instituições de ensino do Estado atualmente.
‘A crise das Universidades brasileiras e o futuro da Educação Pública’
O professor Roberto Leher iniciou sua fala resgatando o histórico da política brasileira para contextualizar a constituição do ensino superior no país. Ele esclareceu que o texto da PEC 241 é diferente do que é proposto na PEC 55 e que se trata de um viés decrescente de investimento, no qual a discussão desenha uma mudança de estado para o padrão pré-1988.
Como apontado por demais economistas e pesquisadores do ensino, ele ressaltou que o Plano Nacional de Educação (PNE) não será contemplado com a nova parcela estimada para a educação, já que é esperada uma queda de cinco a oito pontos no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em produtos primários no período de 10 anos.
Em seguida, o professor foi enfático ao falar sobre a importância das universidades na pesquisa e desenvolvimento do país. “A universidade deve ser uma instituição que pensa os grandes debates da humanidade, e estamos constatando que a universidade não tem espaço no novo estado. A universidade tem que dar o melhor de si porque precisamos ter uma legitimidade maior do que já temos”, afirmou.
No momento do debate, a professora Maria Lúcia Fattorelli, que prestigiou Leher, ponderou sobre o desafio de tentar reconstruir tudo o que está sendo destruído com as mudanças propostas pelo atual governo. Além dela, o pesquisador argentino Osvaldo Coggiola comentou a fala do reitor Leher e afirmou que é preciso uma união latino-americana em busca dos direitos sociais e da democracia.O vice-reitor, José Vieira, contribuiu para o debate afirmando que “a comunidade universitária e a produção intelectual são trincheiras muito importantes e que têm sido colocadas em xeque. Há uma luta longa em defesa da autonomia universitária”, afirmou.
Leher reforçou que este é o momento pensar em projetos para o trabalhadores e finalizou com entusiasmo: “eu acho que temos desafios maravilhosos pela frente e devemos nos sentir orgulhosos de ter esses desafios pela frente”, disse.