Bosque em Defesa da Vida vai passar por manutenção
Preservação da área foi discutida junto a familiares de homenageados no Bosque
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Natália Oliveira – estudante de Jornalismo
O vice-reitor da Universidade Federal de Alagoas, José Vieira, se reuniu com a ex-coordenadora do programa Ufal em Defesa da Vida, Ruth Vasconcelos, na última segunda-feira (14), para discutir a atual situação do Bosque que leva o mesmo nome do programa. Instalado em uma área verde do Campus A.C. Simões, em Maceió, o local reúne mudas de plantas nativas da Mata Atlântica alagoana que representam a vida de vítimas da violência no Estado.
O Bosque em Defesa da Vida se tornou um espaço de visitação e orações de familiares e amigos das pessoas lá homenageadas. “Já tive a oportunidade de vivenciar momentos muito fortes de oração e expressão de saudade de familiares que lá chegam e fazem do Bosque um espaço de reencontro. Isso mostra que a Universidade acolheu familiares e os alagoanos, passando a ser uma referência dentro da conjuntura problemática da sociedade”, revelou Ruth Vasconcelos.
De acordo com a coordenadora, a área está sem manutenção desde novembro de 2015, quando o convênio com a Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris) acabou e não foi renovado. Com isso, as árvores não são regadas, muitas das placas que identificam os homenageados e contam suas respectivas histórias estão caídas e a altura do capim esconde as que ainda estão de pé.
Um dos apelos é preservar o Bosque por meio da manutenção. O outro é para o local seja institucionalizado como área verde permanente da Ufal. “Nossa preocupação é garantir a permanência do Bosque. Soubemos que há processos que solicitam a área para construção e a Universidade não pode dar prosseguimento a isso. Quando foi criado, consultamos o Plano Diretor da Ufal e lá não previa edificação alguma”, reforçou Ruth.
Ambiente simbólico
Na reunião, também estiveram presentes as professoras da Ufal, Regina Coeli e Elaine Pimentel, além de familiares das vítimas homenageadas no Bosque, que relataram o significado do local. Para Olga Miranda, cujo pai é desaparecido político desde 1979, a criação do local foi uma felicidade para a família. “Jaime Miranda, meu pai, não tem corpo para a gente velar, então o fato de ter uma árvore com o nome dele é muito simbólico e representativo para nós. Fiquei muito feliz pela Ufal se preocupar conosco e por Alagoas se lembrar de um alagoano”, destacou.
Para Simone Miranda, que perdeu o filho, Israel Miranda, vítima de uma bala perdida em 2005, é difícil ver o atual estado da área. “Os cemitérios são muito frios, muito dolorosos. A árvore é vida, meu filho está vivo dentro de mim. Foi tão bonito o ato de plantar um ipê, mas agora está lá, largado. Para mim, é triste ver como o bosque está hoje”, disse, emocionada.
Manutenção e preservação
Após ouvir os relatos e pedidos, o vice-reitor disse entender o significado do espaço para os familiares e assumiu o compromisso de encontrar uma solução para preservar o Bosque. Ele afirmou que enviará uma solicitação à Superintendência de Infraestrutura (Sinfra) para realizar a manutenção da área em caráter emergencial. “De fato, a manutenção foi comprometida com o fim do trabalho com os reeducandos na Ufal. A proposta de institucionalização é louvável, mas precisamos levá-la aos setores competentes”, explicou José Vieira.
Para tanto, ficou definido, neste encontro, que no dia 6 de abril, haverá outra reunião, desta vez com a Sinfra e a Pró-reitoria Estudantil (Proest), para definirem os futuros passos para manutenção e preservação do Bosque.