Gestão se reúne com a consultora da Unesco para avaliar as condições de acessibilidade na Ufal
Reunião contou com a participação das pró-reitorias
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Lenilda Luna - jornalista
Uma ação prioritária da gestão, que deve envolver todos os setores da Universidade. Assim a reitoria Valéria Correia definiu o programa de acessibilidade, durante a reunião com Tânia Mara Serzanink de Oliveira, consultora da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), realizada na manhã desta quinta-feira, 3, na reitoria da Ufal.
Além da reitora Valéria Correia e do vice-reitor José Vieira, participaram da reunião os integrantes do Núcleo de Acessibilidade da Ufal, coordenado pela professora Neiza Fumes, e representantes das pró-reitorias de Gestão Institucional, Estudantil, de Graduação, de Extensão e da Superintendência de Infraestrutura.
Tânia Mara Serzanink de Oliveira desenvolve consultoria especializada para fazer um levantamento de dados que será utilizado pelo Ministério da Educação (MEC) no Programa Incluir, visando melhorar as condições de acessibilidade nas Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes). "Nós viemos dialogar com a equipe da gestão e com os integrantes do Núcleo de Acessibilidade para conhecer as boas práticas, saber das melhorias nesse aspecto da acessibilidade e saber dos planejamentos", destacou a consultora.
A consultora da Unesco destacou que acessibilidade vai muito além de eliminar as barreiras físicas para o acesso de cadeirantes e cegos. "Essas barreiras são inúmeras. Temos universidades antigas que não foram projetadas para quem tem alguma limitação, mas além de melhorar esses aspectos, temos que mudar comportamentos, porque a barreira atitudinal é que marginaliza as pessoas com deficiência", ressaltou Tânia Serzanink.
Acessibilidade na Ufal
A professora Neiza Fumes apresentou o trabalho realizado pelo Núcleo de Acessibilidade do Centro de Educação (Cedu) da Ufal e destacou os desafios que precisam ser enfrentados por uma equipe pequena, formada por um técnico e alguns bolsistas e ainda com poucos recursos. "O Núcleo existe desde 2013, mas ainda está em fase de implantação. Recentemente conseguimos uma nova sala, no Centro de Interesse Comunitário, que vai possibilitar um melhor atendimento aos estudantes com deficiência", explica a coordenadora do Núcleo.
O atendimento realizado pelo Núcleo de Acessibilidade é feito em conjunto com os alunos e professores com deficiência. "Na medida do possível, nós trabalhos com a produção de materiais, como textos em braille, fazemos avaliação dos espaços físicos e barreiras arquitetônicas. O Núcleo realiza um trabalho importante, mas a acessibilidade deve se tornar uma política da Universidade, que faça parte do planejamento de todos os setores", enfatizou Neiza Fumes.
Durante a reunião, a reitora Valéria Correia salientou que essa é a proposta da gestão. "A acessibilidade é uma ação intersetorial, que deve ser planejada com o engajamento de toda a equipe da gestão. Temos que pensar conjuntamente como melhorar a acessibilidade na Ufal, com campanhas educativas e melhorias físicas. Possibilitar que o Núcleo de Acessibilidade se instale numa sala com melhores condições de atendimento é um início deste trabalho", garantiu a reitora.
A coordenadora de Desenvolvimento Pedagógico da Prograd, Suzana Barrios, destacou que a acessibilidade é uma questão fundamental para os cursos de graduação. "Não apenas no sentido de acesso ao espaço físico, mas também na garantia de assistência aos estudantes com deficiência no dia a dia da formação deles. Hoje ainda temos que melhorar bastante nesse aspecto, que inclusive é um dos critérios de avaliação do MEC para o conceito de qualidade dos cursos", ressaltou Suzana.
Equipe técnica
O Núcleo de Acessibilidade ganhou o reforço do técnico Jean Bernardo da Silva Vieira, que foi empossado em novembro de 2014 na Faculdade de Letras, mas foi remanejado para a equipe. Por ser totalmente cego, Jean conhece bem os desafios enfrentados pelos estudantes com algum tipo de limitação. "Estudei na Universidade Federal do Pará e lá eu contei com a ajuda dos meus colegas e pedia ajuda aos professores, mas lá nem tinha Núcleo de Acessibilidade eu eu era o único aluno com deficiência. Era bem mais difícil", relata Jean.
Agora como integrante do Núcleo, ele pretende trabalhar para cooperar com os estudantes cegos e com outros tipos de deficiência. "A nossa missão é melhorar o acesso das pessoas com algum tipo de limitação à Ufal. Ainda falta muita coisa, como equipamentos e aumentar a equipe. Mas a situação vai melhorando. Hoje, mesmo com poucos recursos, vamos conseguindo fornecer material didático em braille para os estudantes cegos. Queremos ampliar esse trabalho, porque a demanda está crescendo", finalizou Jean Bernardo.