Índias, quilombolas, negras e brancas se reuniram no Dia da Mulher
Programação na Ufal debate violência contra as mulheres de Alagoas
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Manuella Soares - Jornalista
O foco é a violência contra as mulheres alagoanas. Reunidos em torno dessa temática, estudantes e servidores da Ufal participam da programação em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, promovido pela Pró-reitoria de Gestão de Pessoas e do Trabalho (Progep) por meio da Gerência de Qualidade de Vida no Trabalho (GQVT). A reitora Valéria Correia abriu o evento na manhã desta terça-feira, 8, no auditório da Reitoria logo após a apresentação da orquestra de violão da Ufal.
A terceira mulher a ocupar o mais alto cargo da Ufal falou sobre a importância de lutar pelas desigualdades de gênero e parabenizou a equipe da GQVT pela iniciativa. “Parabenizo a equipe dor trazer essa temática para o debate aqui porque as desigualdades continuam até hoje e Alagoas é o segundo Estado onde as mulheres mais morrem. E 54% delas são negras, então a violência também tem endereço. Por isso, é importante que essa data seja de luta e reflexões”, ressaltou, dando início à mesa de debate.
Participaram das discussões com o tema Mulheres e Cultura: Violência em foco as representantes das mulheres quilombolas, Geovânia Santos, e do Movimento Religiosas de Matriz Africana, Mãe Maria, além da índia do povo de Xhucuru-Kariri, Graciliana Wakanã, e do Movimento Mulheres em Luta, Elita Morais.
“A gente tem grandes desafios a serem rompidos, quebrar preconceito, racismo e mostrar que mesmo pertencendo a uma cultura específica, não significa que temos que ser mantidas na submissão”, destacou Graciliana Wakanã, falando sobre a realidade das mulheres indígenas.
“Muitas vezes elas são as chefes na produção de renda, porque normalmente confeccionam, artesanatos que são utilizados pra manutenção da família mas, o homem se apropria dessa renda e ela continua submissa. É necessário uma conscientização, mas para que isso aconteça a gente precisa ter cuidados específicos na linguagem com esse público para trabalhar na universalização ao respeito do direito enquanto mulher, enquanto ser humano e pessoa que carece e precisa viver dentro de uma cultura de paz”, completou Wakanã.
A convidada que representou o Movimento Mulheres em Luta ressaltou que a violência contra mulher está associada a atual situação econômica do país. “Os últimos cortes para Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres implicam diretamente em redução do orçamento específico do combate a violência contra a mulher, então é um atraso pra construção de novas delegacias, de casas abrigos, etc. Esse é o tema geral que o movimento vem abordando: basta das mulheres trabalhadoras pagarem pela crise! Então, precisamos falar como essa crise econômica – que não foi provocada pelas mulheres trabalhadoras – está implicando no modo de viver delas”, disse Elita Morais.
Programação vai até quinta-feira
Depois de uma apresentação cultural de dança cigana, a programação continuou no auditório com uma mesa que debateu o tema A diversidade nossa de cada dia. Já na quarta-feira,9, a Maternidade do HU, localizada no 6º andar do Hospital, recebe, às 9h e às 14h uma roda de conversa sobre Violência Obstétrica. O evento encerra na quinta-feira, 10, com uma performance especial sobre Violência contra a Mulher a ser realizada no Restaurante Universitário (RU) no Campus A.C. Simões, em Maceió.
No primeiro dia do evento um stand da Editora Universitária da Ufal esteve no hall da Reitoria para vender os títulos publicados pela Edufal que resgatam a temática feminina. Entre eles estão: As Mulheres e a vivência pós-cárcere, de Elaine Pimentel; Entre lobos: feminicídio e violência de gênero em Alagoas, de Célia Nonata da Silva; Eduardo Apolo Duarte de Lucena e Denisson da Silva Santos; e As marcas do corpo contando a história: um estudo sobre a violência doméstica, de Belmira Magalhães.