Novo gestor da Proginst quer trazer comunidade para planejar recursos da Universidade

Júlio Gomes pretende sanar dívidas da gestão anterior ainda este ano


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Júlio Gomes já participou da Ufal como estudante, técnico e há 12 anos atua como professor da Feac
Júlio Gomes já participou da Ufal como estudante, técnico e há 12 anos atua como professor da Feac

Jhonathan Pino - jornalista 

Mesmo vivendo há mais de duas décadas em Maceió, basta apenas falar uma frase para que o sotaque do novo pró-reitor de Gestão Institucional (Proginst), Júlio Gomes, aponte suas origens. Apesar de brasiliense, foi em Alagoas que ele viveu a maior parte de sua vida, no entanto foi a sua cidade natal que o fez vir morar na terra dos caetés, quando foi transferido para Maceió para trabalhar no antigo Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), instituição de alfabetização de jovens e adultos. Hoje, prestes a completar 23 anos na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac), quer inserir a cultura do planejamento participativo na instituição. 

Uma dívida inicial de R$ 7,5 milhões será a primeira missão de Júlio neste ano. O professor alerta que esse saldo negativo nas contas da Universidade foi causado por uma administração de recursos sem planejamento. “A competência de planejar não foi executada pela Proginst, por muito tempo. Haja vista que nós tivemos uma expansão da Universidade muito criticada por falta de planejamento. A Proginst se limitou a administrar o orçamento e no último ano foi uma gestão orçamentária extremamente difícil pelo aumento do contingenciamento orçamentário oferecido pelo Governo. Houve um esforço muito grande para se adequar as necessidades da Universidade ao orçamento que tínhamos, o que associa a falta de planejamento da expansão da Universidade com esse último ano o contingenciamento de recursos. Essas duas coisas somadas resultaram numa carência muito grande de equipamentos e investimentos, associados a uma dívida bastante incômoda, que nós herdamos em 2015”, explica o gestor. 

O professor relata que antes que seja iniciado o planejamento orçamentário, serão reativadas atividades de coleta de indicadores e avaliação institucionais. “Que são competências regimentais da Proginst, das quais eu não posso abrir mão, porque é uma obrigação que o regimento me impõe, assim como impôs aos outros pró-reitores, mas que por alguma razão não foram feitas e que serão reativadas. Além, é claro, de dotar na medida do possível, as ações da Proginst ligadas ao orçamento, de uma maior transparência em relação à comunidade e também trazer a comunidade, através das unidades, para participar do planejamento e distribuição orçamentária da Universidade”, afirmou o pró-reitor.

 

Formação da equipe 

A restrição orçamentária também será um problema a ser solucionado por Júlio, desde o convite para fazer parte do grupo da atual gestão, mas isso não o desestimulou a ser o coordenador da campanha da Valéria Correia. Pelo contrário, a união da vontade pessoal com a possibilidade de promover mudanças na Ufal o fez encarar como bons desafios. 

“Quando eu voltei do Ministério dos Esportes, em 2013, depois de ver a situação em que a Ufal estava – esse grupo que deixou a gestão já havia ficado 12 anos e eu tinha uma série de observações em relação à conduta deles e a situação administrativa da Universidade – enfim, uma série de questões que eu não concordava e que imaginei que realmente precisava de uma mudança”, frisou o professor. 

Com uma experiência de 11 anos como técnico e outros 12 anos como docente da instituição, Júlio quis aproveitar suas passagens pela vida administrativa de diversos órgãos, como o Mobral, os ministérios da Educação e dos Esportes para interferir na nova rota da Ufal pelos próximos quatro anos. “Eu ofereci o meu apoio à candidatura de Valéria [Correia] e ela me convidou para participar das reuniões do grupo. Eu fui a três reuniões e na terceira eu fui convidado para ser coordenador da campanha e aí começamos a fazer um trabalho muito objetivo, com propostas pragmáticas e objetivas para a comunidade, no sentido de mostrar que não havia nada prolixo, abstrato, mas um compromisso com transformações concretas”, pontuou. 

O resultado dessa sua atuação já é conhecido com a vitória da atual reitora e como Júlio havia atuado no planejamento da Universidade em gestões anteriores, ele foi convidado para fazer parte da equipe de transição e posteriormente para gerir a Pró-reitoria. Agora pró-reitor, ele enfatiza que não teve problemas com a transição, manteve Jouber Lessa, na Coordenadoria de Programação Orçamentária e trouxe de volta para a professora Alexandra Rios, na Coordenadoria de Planejamento, Avaliação e Informação. 

“Aqui, na nossa Pró-reitoria, a transição foi muito tranquila. O pró-reitor que me antecedeu, professor Pedro Valentim, foi muito cordato e generoso, permitiu que eu trabalhasse aqui por muito tempo, dentro do gabinete dele, e nós nos demos muito bem. Um dos coordenadores, eu dei continuidade, assumindo uma outra coordenação, que é o Jouber. Trouxe para trabalhar comigo uma professora, colega minha, que eu já tenho uma grande admiração e que por acaso já havia trabalhado aqui. Isso facilitou bastante para a gente enxergar os problemas da Proginst”, pontuou.

 

Aluno, técnico e professor da Ufal

Quando foi transferido para trabalhar no Mobral, em Maceió, em 1988, Júlio Gomes era aluno de Economia da Universidade Católica de Brasília. À época, ele já trazia para a capital alagoana sua experiência no Ministério da Educação. No entanto, foi por pouco tempo que ele ficou por aqui. Em 1990, Júlio voltou à capital federal e começou a trabalhar na UNB. “Eu era técnico do Mobral e fui transferido para ser técnico da UNB. Da UNB, eu vim para a Ufal, em 93, como funcionário e estudante”, enfatiza. 

Na Ufal, Júlio atuou na Controladoria Interna, foi diretor de Serviços Gerais, do que seria a atual Superintendência de Infraestrutura (Sinfra) e depois atuou na antiga Pró-reitoria de Planejamento (Proplan), hoje Proginst. No ano seguinte, após terminar a graduação, em 1995, Júlio foi aprovado no Exame de Seleção da Associação Nacional dos Centros de Pós-graduação em Economia (Anpec) e escolheu a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo para fazer o Mestrado em Economia. 

“Aqui, eu pedi licença da Universidade, fui com bolsa estudar em São Paulo. Fiquei de licença de 96 a 2002, porque eu fiz meu mestrado e logo que terminei, iniciei o doutorado na USP [Universidade de São Paulo], em História Econômica”, detalha. 

Nesse mesmo tempo, ele também fez uma especialização em Integração Regional do Mercosul, também na USP. Ao voltar, em 2002, Júlio atuou como técnico no Departamento de Ciências Sociais e no ano seguinte foi aprovado para o concurso de docente do curso de Economia, onde atua até hoje. “Eu, na verdade, de vida pública, tenho algo em torno de 33 anos, com algumas passagens pela iniciativa privada, quando era permitido e não tinha dedicação exclusiva. Trabalhei em algumas faculdades privadas. No Mobral, eu comecei trabalhando no gabinete, com o ministro Marco Maciel, na época. Então, assim, eu conheço muito do Ministério da Educação, de seus setores, de como funcionam. Depois, eu trabalhei na área de transportes e de serviços gerais, como chefe de setor e encarregado de contratos e planejamento”, recorda-se. 

Em 2011, o docente se afastou novamente para fazer um pós-doutorado na Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), de Marília. “Eu passei um ano e meio fazendo o pós-doutorado e quando eu voltei, em 2012, fui convidado para ser gerente de Projetos no Ministério dos Esportes, no Departamento de Planejamento Estratégico, e retornei para a Ufal em 2013”, relatou.