Pró-reitor de Pesquisa e pós-graduação estabelece trabalho integrado para alcançar metas de qualidade

Alejandro Frery é argentino, nacionalizado brasileiro, engenheiro de eletrônica e eletricidade e está na Ufal há mais de dez anos


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Alejandro Frery
Alejandro Frery

Lenilda Luna - jornalista

O novo pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação (Propep), Alejandro Frery, é uma pessoa acostumada a enfrentar desafios. Essa é a característica que ele pretende trazer para sua atuação na reitoria da Ufal, em tempos de contenção de despesas, sem abrir mão da qualidade da produtividade científica. Alejandro ressalta que está plenamente afinado com a missão, a visão e os valores definidos no planejamento estratégico da gestão da reitora Valéria Correia e do vice-reitor, José Vieira. 

O primeiro princípio dessa gestão, destacado pelo pró-reitor, é democracia participativa. "É uma gestão de portas abertas, que estimula a participação de todos e que estabelece o diálogo para construir as decisões. É claro que os atores participam de formas diferentes, de acordo com as atribuições de cada um. Como pró-reitor de pós-graduação nesse projeto maior que é a gestão Valéria Correia, temos uma grande responsabilidade", destaca Alejandro Frery.

Outras características que definem a gestão, destacadas pelo pró-reitor, são a transparência, a impessoalidade, ética e, sobretudo, a qualidade. "Essa é uma palavra-chave que eu venho trazendo desde que comecei a conversar com a professora Valéria sobre a candidatura dela. Temos um grande compromisso social em garantir qualidade, mesmo diante do contingenciamento de verbas", garante o pró-reitor. 

Uma das metas colocadas para a Propep é melhorar as taxas de sucesso na apresentação de projetos. "Queremos que as propostas de criação de cursos de pós-graduação submetidas ao Governo Federal alcancem o máximo possível de aprovação. Mas não é só uma questão numérica, de quantidade de cursos, e sim de qualidade. Só haverá impacto positivo com uma sólida e referenciada produção científica", ressalta Frery. 

Ao assumir a Propep, uma das primeiras ações da equipe de Alejandro Frery foi a de conhecer melhor os cursos em funcionamento. "Temos cerca de 40 cursos de pós-graduação na Ufal. Já fizemos algumas visitas e reuniões. Também estamos reorganizando as câmeras de pesquisa para garantir esse acompanhamento aos cursos", relatou o pró-reitor. 

Sobre o Congresso Acadêmico de Inovação e Tecnologia (Caiite), o pró-reitor garante que a organização já começou. "Vamos ter que reformular o Caiite, diante da contenção de recursos. Reduzir custos e aumentar a qualidade é uma equação difícil, mas vamos resolver com trabalho conjunto. Já comecei as reuniões com o pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação do Instituto Federal de Alagoas (Ifal)", explica Alejandro Frery. 

Outras ações dizem respeito à inovação e registro de patentes. "Estamos fazendo um levantamento das empresas incubadas e pós-incubadas para planejar como apoiá-las. Também ressaltamos que a inovação não é só tecnológica, como criação de aplicativos e máquinas. Existe uma inovação social e cultural que será apoiada por essa gestão pelos seus princípios de compromisso com a sociedade", ressalta o pró-reitor. 

Com relação à reserva de vagas para os técnico-administrativos nos cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), o pró-reitor garantiu que os planejamentos estão sendo feitos conjuntamente com a pró-reitoria de Gestão de Pessoas. "Pedimos paciência, porque vamos planejar a implantação dessa proposta. Mas não adianta abrir vagas sem demanda qualificada para elas, por isso vamos fazer cursos de capacitação para que os técnicos estejam em condições de disputar essas vagas", garantiu Alejandro Frery.

 

Sobre o pró-reitor 

Alejandro Frery é argentino, da província de Mendonza, no oeste da Argentina, próximo à cordilheira dos Andes. Na Universidade de Mendonza ele estudou Engenharia em Eletrônica e Eletricidade. "Mas sempre gostei dos aspectos matemáticos, teóricos, da Engenharia. Queria estudar Estatística Aplicada, mas não tinha muitas oportunidades na minha cidade. Então alguém me falou que tinha um bom curso de verão no Rio de Janeiro", conta Frery. 

Assim que se formou, em 1986, Alejandro Frery decidiu fazer o curso no Brasil. "Agora imagine eu com vinte e poucos anos, no verão, no Rio de Janeiro. Foi uma farra total", disse brincando o pró-reitor. Na verdade, Alejandro estava acostumado com a paisagem mais árida da sua cidade e ficou deslumbrando com as cores e formas do Rio. "Um dos primeiros lugares que conheci foi o Jardim Botânico, depois de viajar dois dias de ônibus. Foi um espanto para um rapaz provinciano. Eu enchi os olhos", relata o pró-reitor. 

O Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) também surpreendeu o jovem pesquisador. "Eu me deparei com aquele prédio fabuloso, na floresta da Tijuca, contornando a montanha, com vista para a Lagoa Rodrigo de Freitas, onde os macaquinhos e outros pequenos animais vinham nos visitar. Fiquei alucinado! Fiz o curso de verão e poderia ter ficado para fazer o mestrado, porém, por falta de condições familiares, resolvi voltar", relembra Frery. 

Mas o afastamento da paisagem que o conquistou não demorou muito. No ano seguinte, em 1987, Frery voltou para o Impa onde fez o mestrado, concluído em 1990. "Nesse mesmo ano, comecei o doutorado em Computação Aplicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos, São Paulo. Depois de concluir, em 1993, ainda fiquei no Inpe por mais três anos como pesquisador visitante. Depois fui para a Universidade Federal de Pernambuco, onde atuei no departamento de Informática até o início de 2003", relatou o professor.

 

A carreira na Ufal 

Em 2003, a Ufal publicou edital para contratação de professor titular. Foi a oportunidade para Alejandro Frery se estabelecer no Brasil. "Fiz o concurso e com muita honra sou o primeiro professor titular concursado da Ufal. A partir disso, entrei com o processo de nacionalização, porque era muito complicado antes do Mercosul. Eu precisava me apresentar à Polícia Federal três vezes por ano, e quando finalmente chegava meu documento de visto, já estava perto de vencer", recorda Frery. 

O argentino enfrentou uma burocracia cansativa, mas juntou a papelada necessária e agora é brasileiro. "A nacionalização foi uma alegria, eu sempre quis ficar aqui. Minha intenção, desde quando avistei aquela paisagem deslumbrante, sempre foi morar no Brasil. Hoje estou muito bem aqui em Alagoas, atuando na Ufal", relatou Frery, que, nesses pouco mais de dez anos na Ufal, já tem uma grande contribuição à produção científica na universidade e, pelos seus contatos internacionais, também colaborou para a projeção da instituição em grupos de pesquisa em rede com instituições nacionais e estrangeiras. 

Mas, para consolidar essa referência científica, foi preciso enfrentar dificuldades, como a limitação financeira de uma instituição de porte médio no nordeste do Brasil. "Eu vim para a Ufal com a ambição de construir um dos melhores grupos de computação quantitativa do país, nesse aspecto da computação que lida com grandes volumes de dados. Por diversos motivos esse projeto não foi para frente na escala que eu pretendia. Não faltaram candidatos nesse perfil de alto nível em pesquisa, mas não tivemos oportunidade de fazer as contratações", pondera Frery. 

Apesar das limitações, com muito empenho, Alejandro Frery contribuiu decisivamente para a formação do Laboratório de Computação Científica e Análise Numérica (LaCCAN) e a construção do prédio do Centro de Pesquisas em Matemática Computacional (CPMat). "Esse grupo, formado por seis pesquisadores, funciona muito bem. Tanto que todos tem publicações e produções reconhecidas e quase todos estão compondo agora a gestão da professora Valeria Correia", concluiu o pró-reitor.