Semana do estudante: conheça a alegria de um projeto que envolve alunos de Palmeira dos Índios

Estudantes de Psicologia levam alegria e descontração para os internados no setor de pediatria, acompanhantes e profissionais de saúde


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Crianças retribuem carinho dos membros do projeto
Crianças retribuem carinho dos membros do projeto

Thâmara Gonzaga - jornalista

A realidade da dor e da doença exige bastante do ser humano. E quando essa situação é vivida por crianças, parece que a motivação para superar precisa ser ainda maior, tanto por parte delas como também dos pais, pois numa fase na qual o esperado seria a brincadeira, a descoberta prazerosa, a família precisa enfrentar uma difícil rotina de medicamentos e internações hospitalares.

Por meio do projeto de extensão Psico risos: uma proposta de humanização no setor pediátrico, estudantes de Psicologia da Ufal em Palmeira dos Índios encontraram uma forma de auxiliar na recuperação de crianças hospitalizadas, além de conquistar conhecimento para formação profissional.

“O Psico Risos nos traz uma grande experiência de exercer a escuta e a empatia, duas das ferramentas que são indispensáveis para a formação do profissional psicólogo. Durante as visitas, buscamos resgatar o que a criança tem em casa e aliviamos um pouco do seu sofrimento psicológico”, relata a estudante e integrante do projeto, Isabela Lopes.

Sob a coordenação da professora Fernanda Simião, os graduandos visitam as crianças que estão internadas, os acompanhantes e profissionais que trabalham no setor de Pediatria. As unidades de saúde visitadas são o Hospital Regional Santa Rita, em Palmeira dos Índios, Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora de Fátima, em Arapiraca, com encontros semanais, realizados às quintas-feiras à tarde; e o Hospital Regional Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo, em Santana do Ipanema, que recebe visitas quinzenalmente, nas tardes de sexta-feira.

“A internação as retira não só da sua rotina, do aconchego do lar, das brincadeiras, amigos e escola, ou seja, do ambiente ao qual estão acostumadas, como também os seus acompanhantes, que mudam sua rotina diária, inclusive trabalho, para ficar internados com elas, o que se torna mais complicado quando são de outra cidade”, ressalta a estudante.

Durante as ações do projeto, são feitas intervenções com desenhos, pinturas, brincadeiras, jogos, contação de histórias, dramatizações, músicas e datas comemorativas. “São atividades rotineiras da infância e que poderão contribuir para amenizar o estresse do ambiente hospitalar, tornando-o mais espontâneo e divertido. Além disso, trabalhamos temáticas relacionadas ao desenvolvimento infantil, noções de higiene, hábitos saudáveis de alimentação, a importância da relação afetiva estabelecida, dentre outras temáticas que são identificadas ao longo da realização do projeto”, destaca a coordenadora.

Iniciado em 2012, o projeto surgiu a partir da proposta da ex-aluna do curso de psicologia da Ufal em Palmeira dos Índios, Tamires Barbosa da Silva. “Da ideia inicial, reunimos os interessados, cerca de 14 alunos que compuseram o primeiro grupo, e fomos dando o formato para a iniciativa”, explica a docente. Segundo a coordenadora, o objetivo do Psico Risos é levar alegria e descontração às crianças hospitalizadas, contribuindo para o bem-estar delas, dos acompanhantes e também dos profissionais de saúde que trabalham na pediatria.

“Considero o Psico Risos um projeto muito importante. Levar essa proposta para o hospital nos faz refletir sobre a grande importância da humanização nos setores de saúde e como a falta dela pode ser um dos fatores contribuintes para o adoecimento do paciente, visto que é muito comum nas visitas percebermos o humor baixo das crianças e dos acompanhantes por conta da internação”, argumenta Isabela.

Sobre os benefícios para as crianças atendidas, Fernanda Simião destaca a amenização do medo e da aversão ao ambiente hospitalar, o que facilita o processo de tratamento e recuperação. “No momento em que ela 'volta a ser criança' por meio do lúdico, entra num mundo encantado, resgatando a sua imaginação e criatividade, e, muitas vezes, ao brincar, 'se esquece' da dor ou do incômodo que estava sentindo anteriormente”, argumenta a coordenadora ao lembrar que os acompanhantes também são beneficiados.

“Percebemos a alegria estampada nos rostos dos familiares por verem suas crianças rindo e se divertindo, isso gera um alívio também para elas, as quais também são acolhidas e ouvidas pelos psico doutores no momento da visita, além de participarem também das brincadeiras”, conclui Fernanda.

A integrante do projeto, Isabela Lopes, reforça a importância do acolhimento aos familiares. “Muitas vezes, são eles que estão em maior sofrimento psíquico, seja por ver sua criança debilitada, por estarem longe dos outros filhos, de casa ou pelo simples cansaço há dias no hospital. Só o fato de escutarmos o que eles têm a dizer e sermos empáticos proporciona um alívio que só quem é psico doutor tem o privilégio de presenciar”, conta.

Como participar

Apenas estudantes de Psicologia da Unidade de Ensino da Ufal em Palmeira dos Índios podem fazer parte do projeto Psico Risos. De acordo com a proposta submetida à Pró-reitoria de Extensão (Proex) da Ufal, as disciplinas ofertadas pelo curso que estão vinculadas ao projeto são Ética Profissional, Aconselhamento em Psicologia, Psicologia do Desenvolvimento e Psicologia Hospitalar.

A cada início de semestre, é publicado um edital que orienta o processo seletivo, com a especificação dos requisitos e descrição de todas as etapas.

Os aprovados participam de um curso, com discussões teóricas, debates sobre a postura ética do “psico doutor”, noções de biossegurança, trocas de experiências e oficinas para o desenvolvimento de habilidades necessárias para a realização das intervenções no hospital.

“Nos estudantes que participam do projeto, é possível perceber o amadurecimento a partir do contato com o contexto hospitalar, mas, sobretudo, do contato com o outro, momento em que eles podem exercitar as habilidades de escuta e acolhimento tão importantes na nossa profissão, além de perceberem as limitações da atuação do profissional para que possam problematizar essas questões durante a formação”, ressalta a professora Fernanda.