Há 30 anos, Ufal forma engenheiros químicos que se destacam em várias áreas de atuação
Coordenador e vice ressaltam a versatilidade da atuação profissional
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Thâmara Gonzaga – jornalista
O curso de Engenharia Química da Universidade Federal de Alagoas completa 30 anos no próximo sábado. Criado em 3 de setembro de 1986, ao longo dessas décadas, a graduação ofertada pela Ufal forma profissionais que se destacam no mercado de trabalho, na realização de pesquisas e também no empreendedorismo.
O coordenador, professor Jorge Brito, ressalta a importância do curso na qualificação de recursos humanos na área. “Na Braskem, por exemplo, muitos dos engenheiros lá presentes foram nossos alunos. Nas indústrias ao nosso redor, sempre há alunos da Ufal trabalhando, pessoas que estão bem destacadas não só em Alagoas como também em outros estados”, afirmou. “Nossos alunos vão estagiar e acabam ficando. Infelizmente, o mercado de trabalho alagoano não é tão amplo e não consegue abarcar todos os profissionais, mas os nossos alunos têm conquistado espaço e alguns voltam para Universidade para trabalhar como professor”, completou a vice-coordenadora, Lindaurea Dantas.
Diante da realidade de poucas indústrias no Estado, o coordenador ressalta que muitos estudantes seguem para o empreendedorismo. “Temos aluno que montou uma empresa de cerveja artesanal, outro que tem uma de vinagre e uma que lida com a parte de cosmético. Enquanto aluno, eles já empreendem”, relatou.
Ao pontuar algumas das atribuições do engenheiro químico, Jorge Brito e Lindaurea Dantas ressaltam a versatilidade da profissão. O coordenador enfatiza que o profissional pode atuar em várias áreas, desde os processos industriais até o papel de gerir uma unidade de produção. “É uma área de atuação muito versátil, com possibilidades nas áreas ambiental, petróleo e mecânica, só para citar alguns exemplos”, acrescentou a professora.
Sobre a distinção da atuação do engenheiro químico e do químico, o professor Jorge Brito afirma que, além dos procedimentos laboratoriais, o profissional atua nos processos, estruturas e parte administrativa. “Ele pode desenhar e dimensionar a parte estrutural da indústria. Mas não é um jogo solitário, os demais profissionais colaboram muito nesse processo”, disse.
“Esse é um dos problemas que a gente enfrenta. Os alunos chegam e falam 'eu amo química'. Nós temos muita química, mas temos também parte de processos e operações industriais. O profissional está apto para elaboração de projetos para indústrias, participar da fabricação, desde a parte de matéria prima até o produto final. Por exemplo, o projeto de uma destilaria, seu processo de fabricação, isso deve passar pela visão do engenheiro químico”, ressaltou a vice-coordenadora.
30 anos da Engenharia Química na Ufal
Ao fazer um balanço dessas três décadas, a professora Lindaurea relembra também de sua própria história. “Entrei em 29 de dezembro de 1989. Quando cheguei, eram muitas dificuldades. Hoje, o curso está muito mais estruturado. Com o estabelecimento das unidades acadêmicas, criou a ideia de pertencimento e ajudou a uniformizar competências”, afirmou. “Tenho orgulho de fazer parte dessa história. Quando olho para trás, vejo o quanto evoluímos. Quem chega depois traz o desejo de mudar, e tudo pode mesmo melhorar”, refletiu.
Para o professor Jorge Brito, que faz parte da Ufal desde 2010, “a Engenharia Química é um curso em crescimento”. “Não paramos no tempo, muito pelo contrário, estamos crescendo cada vez mais, apesar das dificuldades. Estamos nos tornando cada vez mais profissionais”, destacou.
Segundo o coordenador, a Semana de Engenharia, organizada pelos próprios alunos, é um exemplo de profissionalismo. “É tudo feito pelos estudantes. Eles têm uma capacidade muito grande de se reunir, de promover e organizar os eventos. E isso é muito importante e é o que a gente passa pra eles. Tenho a preocupação muito grande de fazer com que aluno se sinta um profissional, antes de se tornar um, antes de ganhar pelo que faz. Que ele saiba que ser profissional não é o fato de ganhar um dinheiro, mas saber suas responsabilidades e deveres, o que deve fazer e onde ir”, concluiu.
A graduação
Com mais de 300 estudantes, o curso de Engenharia Química, vinculado ao Centro de Tecnologia (Ctec), é uma das engenharias da Ufal que apresenta o maior número de alunos. Desde 2008, a oferta passou a ser apenas diurna, com entrada de 80 discentes por ano, sendo 40 em cada semestre. Se seguir o fluxo padrão de disciplinas ofertadas, o graduando se forma em cinco anos.
O curso oferta mestrado e aguarda o trâmite da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para implantar o doutorado. “Os procedimentos a serem feitos na Ufal já foram finalizados, estamos no aguardo do posicionamento da Coordenação”, detalhou Jorge Brito. “A área de pesquisa é bastante dinâmica. Muitas áreas sendo contempladas pelo trabalho dos docentes, como as de álcool de segunda geração, biodiesel, catálise, simulação, petróleo, sucroalcooleiro”, completou.
Para quem deseja cursar Engenharia Química, os professores dão algumas dicas: “É importante gostar de matemática, física e química, ou seja, ter uma boa base de ciências exatas. Entrar sabendo da necessidade de estudar, de dedicar horas de estudo, pois o curso requer dedicação”, relatou a professora Lindaurea. “Muitas vezes, o estudante não traz habilidade, por exemplo, para matemática, mas não é culpa dele, e sim do ensino médio que é defasado, e isso é uma grande dificuldade. Mas se tem aptidão, consegue passar por tudo isso e ir em frente”, afirmou o coordenador.
Outro ponto destacado pelo docente é a importância de se informar sobre a profissão antes de fazer a escolha. “Muitas vezes, os alunos têm uma visão errada, pois pensam o engenheiro químico como se fosse apenas operador de fábrica. O profissional elabora projetos e gere processos. Por isso, é bom conhecer para não se decepcionar”, alertou.